ONG acolhe mulher com câncer que pedia ajuda

Juraci Maria Silva, a aposentada de 71 anos, não vai mais pedir dinheiro sob o Sol escaldante em semáforos nas ruas de Campinas para tratar do tumor em seu cérebro. Todos os exames, medicamentos, consultas, internações, cirurgias que forem necessárias e até uma cesta básica vão ser custeados pelos integrantes da Organização Não Governamental (ONG) Campinas Contra o Câncer de Mama, que sensibilizaram-se com sua história de vida, publicada em reportagem do Correio Popular no último sábado passado. Ontem, Juraci encontrou-se com o presidente da ONG, Wesley Álvaro Monteiro Aguiar, em frente à Catedral Metropolitana de Campinas para receber a notícia de que seria agraciada com o atendimento médico e acompanhamento completo de seu estado de saúde na Clínica Campinas, do Parque D. Pedro Shopping, parceira da ONG. Muito emocionada, Juraci agradeceu. “Sinto-me abençoada”, afirmou. “Nunca imaginei que isto fosse acontecer. Vou guardar no coração a bondade de todos, desde as pessoas da entidade e da reportagem até as pessoas que deram dinheiro nos semáforos. Vou guardar também este cartaz que eu utilizei nos últimos cinco meses como lembrança”, afirmou. A ONG que abraçou a causa existe há 12 anos e não recebe aporte financeiro da Prefeitura ou do Estado. Por meio da iniciativa voluntária de médicos e profissionais, já foram realizados aproximadamente 8 mil exames e 10 mil consultas em todas as especialidades médicas de graça todos os exames de imagem. “O objetivo é de cuidar da saúde de pessoas necessitadas oferecendo todos os procedimentos para ter um diagnóstico completo, incluindo consultas e exames ginecológicos, odontológicos, dermatológicos entre outras especialidades”, comentou Aguiar, que é investigador da Polícia Civil e já foi até homenageado algumas vezes por suas ações de voluntariado na cidade. Juraci chamou a atenção da reportagem do Correio na sexta-feira passada. Vestida com um bonezinho na cabeça, ela pedia dinheiro nos semáforos da Avenida José de Souza Campos (Via Norte-Sul), próxima ao Viaduto Laurão, no Cambuí. Em suas mãos ela segurava um cartaz com os dizeres: “Há muitas razões para duvidar e uma só para crer.” Ao ser indagada, Juraci contou que luta contra um tumor no cérebro e que reside sozinha na Vila Mimosa e não tem que a ajude. Ela explicou que em abril deste ano passou a sentir muitas dores e foi atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em um hospital particular da cidade. Quando foi atendida, os médicos indicaram um exame de ressonância magnética, mas foi avisada que seria possível apenas fazer o exame em 2020. Foi aconselhada a fazer o exame em outros locais que atendem via SUS. Porém, ela ficou muito abalada com a notícia e desistiu de entrar em novas filas. Decidiu buscar ajuda nos semáforos com um cartaz e foi para a região do Taquaral. Em três meses conseguiu parte dos gastos para uma consulta e um exame de ressonância. Dois rapazes sensibilizaram-se com ela e pagaram o restante. Juraci foi diagnosticada com um tumor benigno no cérebro e que teria que fazer avaliação e exame de ressonância a cada três meses, um gasto de pelo menos R$ 1,6 mil.