Foi um dia inesquecível para o pequeno grupo de dirigentes voluntários que, ao longo da vida, fizeram das tripas coração para manter e ampliar os serviços prestados pela Apae Campinas
Graças à doação feita pela Sanasa, a entidade está investindo em qualificação profissional dos jovens (Dominique Torquato)
Muita gente sorriu, orgulhosa. Outros se emocionaram. Foi um dia inesquecível para o pequeno grupo de dirigentes voluntários que, ao longo da vida, fizeram das tripas coração para manter e ampliar os serviços prestados pela Apae Campinas. A velha "Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais" mudou muito em 52 anos de história. A inauguração do segundo Centro de Iniciação e Qualificação Profissional (CIQP II) — em 28 de fevereiro — comprovou que a entidade se moderniza sem parar. Hoje, além da assistência especializada a quem precisa de cuidados especiais, a entidade coloca os alunos no mercado de trabalho. Qualquer que seja a limitação física ou intelectual, o aluno consegue ganhar seu dinheirinho e até contribuir com o orçamento doméstico. A inclusão social acontece de fato. A nova oficina foi erguida em um terreno de 4 mil metros quadrados, na Rua Padre Francisco de Abreu Sampaio, bem nos fundos da concessionária de veículos Germânica, da Amoreiras. Além do novo prédio, a gleba imensa — doada pela Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa Campinas) — é tomada por plantas e pomares. Mas a ajuda à associação não vem apenas do poder público. Para construir o moderno centro de qualificação, de 480 metros quadrados, a Apae Campinas gastou cerca de R$ 1 milhão, arrecadados junto a velhos e fiéis colaboradores. Pessoas físicas e jurídicas que contribuem como podem, e com quanto podem, para manter a entidade. De acordo com o diretor executivo Saulo Monte Serrat, de respeitáveis 93 anos — a comunidade investiu na construção porque entendeu, como sempre, a seriedade da proposta da Apae Campinas. "Todo o dinheiro que entra no caixa passa pelo conselho fiscal e por auditores especializados. Cada centavo tem a destinação certa", fala. No imóvel, foram instalados equipamentos para as aulas de informática, cozinha experimental, jardinagem, cultivo de ervas aromáticas, higienização de ambientes. Os adolescentes também aprendem noções básicas para trabalhar como repositores de mercadorias ou empacotadores, nos supermercados e varejões. A Apae Campinas conta com os serviços especializados de psicólogo, pedagogo, terapeuta ocupacional, assistente social, fisioterapeuta, professor de educação física e monitores. Alguns deles voluntários, por sinal. O segundo Centro de Iniciação e Qualificação Profissional (CIQP II) substitui a primeira unidade onde os serviços eram oferecidos, que funcionava desde 2004 no Jardim Aeroporto. A nova unidade foi batizada com o nome de Lúcio Hakim, já falecido, voluntário da associação e entusiasta da causa laboral. Ele não apenas doou o terreno onde a oficina funcionou por 14 anos, como também conseguiu com que sua filha, a arquiteta Luciana, elaborasse gratuitamente o projeto arquitetônico do centro. "Na primeira unidade, qualificamos 350 profissionais, que conseguiram vagas com carteira assinada no mercado de trabalho", fala a gerente-geral da Apae Campinas, Lucília Pádua Pereira.