ÁGUA

Oferta hídrica encolhe na Bacia PCJ

Diagnóstico, divulgado ontem, está presente no Relatório de Situação dos Recursos Hídricos 2018

Maria Teresa Costa
29/06/2018 às 07:30.
Atualizado em 28/04/2022 às 14:16
Trecho do Rio Atibaia, em Campinas, expõe pedras e galhos: perdas na Bacia PCJ chegam a 35%, ou seja, de cada 100 litros captados nos rios, 35 litros se perdem nos vazamentos (Matheus Pereira/Especial para AAN)

Trecho do Rio Atibaia, em Campinas, expõe pedras e galhos: perdas na Bacia PCJ chegam a 35%, ou seja, de cada 100 litros captados nos rios, 35 litros se perdem nos vazamentos (Matheus Pereira/Especial para AAN)

A disponibilidade hídrica nas Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), onde vivem 5,52 milhões de pessoas em 72 cidades, caiu 4,5% nos últimos quatro anos, segundo o Relatório de Situação dos Recursos Hídricos 2018, aprovado ontem pelos Comitês das Bacias PCJ, em Extrema. De acordo com o documento, a oferta anual de água de 1.027,83 metros cúbicoS (m3) por habitante em 2013 caiu para 980 m3 no ano passado, tornando mais grave as condições já críticas em que vive essa bacia hidrográfica. Sem novas fontes de água, o crescimento populacional está levando ao decréscimo da disponibilidade que, desde 2013, vem sendo agravado pela crise hídrica. A tendência é de contínua redução, afirmou Eduardo Leo, coordenador do sistema de informação da Fundação Agência de Bacias PCJ. “Nossa situação é desconfortável porque a oferta de água se mantém constante e a demanda não para de crescer”, disse. Há, no entanto, duas vias de ação para lidar com a situação. A primeira, segundo ele, é atuar na gestão da demanda de água, com ações para a redução das perdas que ocorrem desde a captação no rio até a água chegar nas torneiras dos consumidores. Nas Bacias PCJ, as perdas hoje estão em cerca de 35% – ou seja, de cada 100 litros captados nos rios, 35 litros se perdem nos vazamentos antes de chegar ao consumidor. Reservatórios A segunda ação, segundo Leo, é atuar na gestão de oferta, garantindo uma infraestrutura para isso, com a construção de reservatórios, de forma a guardar água além da vazão natural dos rios, para garantir disponibilidade nos períodos de seca. Algumas cidades da região de Campinas já possuem barragens e a construção de dois grandes reservatórios estão planejados pelo Estado para serem construídos no Rio Jaguari, no limite de Campinas e Pedreira, e no Rio Camanducaia, em Amparo. A construção da represa no Rio Jaguari, entre Pedreira e Campinas, deve ter a licença ambiental de instalação liberada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) até o final de julho, para que as obras possam começar. Mas a represa no Rio Camanducaia, em Amparo, vai esperar. O Daee ainda não conseguiu a outorga da Agência Nacional de Água (ANA) porque a qualidade do rio, com alta concentração de fósforo, impede seu uso para o abastecimento. Além dessas ações, informou o coordenador do relatório, há necessidade de proteção dos mananciais, com a plantação de matas ciliares e medidas de conservação do solo, para garantir o fluxo de água nos rios e a infiltração no solo. Avaliação Para o especialista em recursos hídricos, Carlos Alberto de Souza, a região de Campinas vive sob estresse hídrico e qualquer alteração no ciclo de chuvas pode levar riscos ao abastecimento. “A estiagem prolongada de 2013/2014 reduziu nossa disponibilidade em 60%, as nascentes praticamente secaram e nossa bacia só não entrou em colapso por conta do bom gerenciamento hídrico que temos na região”, disse. Foi esse gerenciamento, afirmou, que conseguiu sensibilizar a população a economizar água, as áreas rurais a implantarem bacias de retenção para garantir água às propriedades e ao mesmo tempo aumentar a infiltração no lençol freático e a instalação de cisternas em grande parte das residências.

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