Quem confirma a informação é o tenente-coronel Kleber Moura de Oliveira; criação de unidades no Campo Grande e Ouro Verde está em discussão
Considerando apenas Campinas, foram 2.398 ocorrências de incêndio em 2024, média de mais de seis por dia; uma delas, de grande proporção, aconteceu no Centro da cidade, em uma loja localizada na Rua Dr. Costa Aguiar (Alessandro Torres)
A construção de um novo quartel do Corpo de Bombeiros em uma área cedida pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que vai atender a para atender àquela região da região norte de Campinas, terá início neste ano. Ao mesmo tempo, estudos estão sendo realizados para verificar a possibilidade de novas unidades nos distritos do Ouro Verde e Campo Grande, na região sul. As novidades foram divulgadas pelo comandante da corporação em Campinas, tenente-coronel Kleber Moura de Oliveira, em entrevista concedida a convite do presidente-executivo do Correio Popular, Ítalo Hamilton Barioni.
De acordo com ele, a expansão é necessária para reduzir o tempo de resposta das ocorrências e aumentar as chances de vida das vítimas. “Qual é o segredo do bom atendimento? Não é só ter técnica do atendimento, mas conseguir fazer um atendimento célere com segurança. Se as viaturas estiverem próximas do local do acidente ou do evento emergencial, a chance de ter sucesso é maior”, afirmou. Em 2024, os bombeiros atenderem, em Campinas, 2.398 ocorrências de incêndio, média de quase 6,6 por dia, fez 1.497 operações de salvamento e 6.138 de resgate. O tenente-coronel Moura disse ainda conversar com o prefeito Dário Saadi (Republicanos) para a criação do Fundo Especial dos Bombeiros (Febom), uma forma de conseguir mais verbas, por meio de emendas parlamentares e Termos de Ajustamento de Conduta (TACs), para investimentos em novos equipamentos e material para a corporação na cidade. Acompanhe a seguir os principais trechos da entrevista.
O senhor é de que cidade?
Nasci em São Paulo, sou paulistano, mas sou rioclarense por adoção. Meu pai é militar, já aposentado há uns bons anos. Ele escolheu Rio Claro e nós fomos para lá, onde moro hoje. Eu estou aqui em Campinas há um bom tempo, onde fico alojado durante a semana. Na verdade, nós, militares, acabamos nos moldando. Eu já trabalhei na capital, no interior, no litoral, inclusive. A nossa carreira nos proporciona um leque de experiência interessante e importante para a gente chegar ao posto de comandante e poder usufruir toda essa experiência durante a carreira. Mas, hoje, se fosse para escolher, escolho o ar do interior. Eu gosto desse ar do interior, esse approach interiorano diferenciado. Rio Claro é um cenário ótimo, tranquilo.
O senhor já tem quanto tempo de carreira?
São 31 anos de carreira. São 4 anos de academia militar (Barro Branco), que também contam. Nós nos formamos em Administração de Segurança Pública, depois tem mais um ano de aspirantado. Para o Corpo de Bombeiros de São Paulo, hoje o único Corpo de Bombeiros que faz parte da Polícia Militar no Brasil, é necessário prestar uma prova interna e cursar mais um ano de especialização dentro da instituição. Hoje, para formar o oficial do Corpo de Bombeiros são seis anos. O bombeiro tem algumas especificidades, tanto técnicas quanto físicas, quer seja para a parte lacustre ou aquática. Algumas especializações à parte são o curso de mergulho, salvamento terrestre e salvamento de altura. Eu costumo dizer que em toda ocorrência de bombeiro a gente tende a trazer o risco a zero, mas jamais numa ocorrência de bombeiro o risco é zero. As pessoas quando ligam o 193, nunca é numa situação tranquila. Sempre é uma emergência.
Como um bombeiro atua em um atendimento?
O nosso trabalho se baseia em um tripé, que é o homem, o treinamento e o equipamento. O homem tem que estar bem, não só fisicamente, mas tecnicamente. Ter um treinamento adequado e ter os equipamentos mais adequados e tecnológicos possíveis para fazer um bom atendimento. E, claro, sempre contar com Deus. Em última análise, é Ele que decide quem vai e quem fica.
Aproveitando o seu comentário, a imagem do bombeiro está ligada ao combate ao incêndio, mas vocês atuam em várias situações diferentes. São acidentes de trânsito, casos que envolvem tentativa de suicídio, situações emergenciais provocadas por desastres naturais, como uma enchente, fogo na mata... Como é o trabalho no dia a dia?
O Corpo de Bombeiros acabou ficando conhecido por essa parte emergencial, principalmente em relação a incêndio. Na década de 90, nós tivemos um upgrade em relação a socorro de vítimas em via pública com o advento do sistema resgate, mas o leque de atuação é muito maior que esse. Tem uma parte que não aparece tanto, mas que é extremamente importante, inclusive evita a emergência, que é a parte educacional, a parte preventiva, que nós realizamos. Eu tenho um ditado que diz que a prevenção é mais barata e menos traumática. A prevenção pode evitar o acontecimento emergencial ou minimizar os seus danos. Por exemplo, nós temos hoje aqui na cidade de Campinas e no Estado todo um programa chamado Bombeiro na Escola. Embora não sejamos oriundos da área de educação, a gente atua com bombeiros na parte educacional, principalmente voltada para crianças. Nós aproveitamos o apelo, até emocional, que o bombeiro tem, principalmente em relação às crianças, para atuar e fixar melhor o conhecimento. Por exemplo, o conhecimento de usar cinto de segurança, cuidados domésticos. Cabo da panela para fora do fogão, uso de gás de cozinha, cuidados em relação à tomada, produtos de limpeza, químicos. Tudo isso a gente passa nesse programa Bombeiro na Escola, e já tivemos retorno de crianças que conseguiram fazer salvamentos dos seus familiares através desses ensinamentos. Isso é feito há mais de 30 anos. Temos também uma mascote, o Faísca, um cachorrinho dálmata que alegra a criançada na formatura desse minicurso. Nós temos a parte preventiva também de vistorias em edificações, seja comercial, pluriresidencial, industrial. Através do decreto estadual, a gente confere os equipamentos de combate a incêndio das edificações, passivos e ativos. Aqueles que evitam a propagação e aqueles que atuam diretamente quando há uma emergência.
Como a legislação evoluiu para dar mais segurança em edificações?
Os casos de incêndio do (edifício) Joelma, que ocorreu na década de 1970, depois do Grande Avenida, Andraus, que foram grandes incêndios, acabaram fazendo com que o sistema de combate a incêndio e a legislação preventiva fosse melhorada. Muitos usuários dessas edificações, pessoas que ali trabalhavam, trombavam com os extintores sem saber fazer o uso daquele equipamento. Um dos incêndios foi causado por uma bituca de cigarro na lixeira, outro foi um curto-circuito no ar-condicionado. As pessoas, às vezes, não sabem a diferença de incêndio e fogo, muita gente acha que a diferença é o tamanho. Na verdade, a diferença do incêndio e do fogo é justamente o controle humano que há sobre ele. Se a gente pegar a queima controlada de espalhamento de cana-de-açúcar nos canaviais, que antigamente era autorizado, aquilo é fogo, porque ele advém de um controle humano. Foi uma ação humana, antrópica, que colocou fogo naquele canavial. Independente do tamanho, foi aquilo que desejava. Uma bituca de cigarro na lixeira é incêndio, porque ele não queria aquele resultado. Todo incêndio começa pequeno, e as pessoas precisam saber utilizar os equipamentos de prevenção para evitar que se torne grande.
Para atuar, o bombeiro muitas vezes coloca a própria vida em risco. Como esse profissional lida com isso?
Tem todas essas especialidades de atendimento. Por exemplo, uma batida veicular. O cidadão que bateu (o carro) num poste, há fiação elétrica que caiu, o combustível do veículo, situações que podem gerar uma explosão veicular. O salvamento envolve várias ações para diminuir o risco daquela ocorrência. Nós temos que estar preparados, tanto que a gente vai atender a ocorrência com o chamado trem de socorro. O que isso quer dizer? Quer dizer que a gente tem uma árvore de decisões. O atendente do 193 é informado que tem alguém preso nas ferragens. Ele precisa liberar, o que a gente chama de soltar, a viatura de incêndio, a viatura de salvamento e a viatura de resgate para aquela única ocorrência. Se os conhecimentos daqueles bombeiros não forem necessários naquela ocorrência, ótimo. Melhor ainda. Mas caso seja necessário, as equipes estão prontas para fazer o atendimento.
O treinamento da equipe é contínuo?
Esse treinamento é contínuo. Nós temos o treinamento de formação da especialidade e depois o treinamento de reciclagem, porque os bombeiros não podem perder o que aprenderam, precisam atualizar aquilo que aprenderam. O mundo é dinâmico, existem novos equipamentos, novas ocorrências, a tecnologia aumenta e nós temos que acompanhar tudo isso. A gente não pode ser pego de surpresa, até porque a gente pode incorrer em perdas de vidas humanas, do bombeiro e da vítima. Isso é extremamente técnico, mas nós bombeiro somos seres humanos, não tem como a gente se furtar disso. Inclusive, nas minhas instruções eu falo que nós nunca podemos perder a humanidade. A gente sempre tem que ter a humanidade enraizada, porque a gente tem que saber o valor daquela vida que está salvando. É necessário, em primeiro lugar, a segurança do socorrista. Pode parecer uma dualidade: se o bombeiro vai socorrer a vítima, ele é preocupado com a segurança dele? Em primeiro lugar, a segurança dele. Se ele não estiver seguro, não consegue fazer o salvamento da vítima. O bombeiro que está fazendo o atendimento não pode se tornar parte da ocorrência. Ele não pode ser mais uma vítima.
Duas situações envolvendo bombeiros que se destacaram na virada de ano. Em Ubatuba, na Praia das Toninhas, um bombeiro teve que saltar do helicóptero para salvar quatro adolescentes que estavam se afogando. Apenas uma chegou a ser levada para o hospital, as outras três resgatadas estavam em condições mais tranquilas. Outro caso foi um vídeo que ficou famoso de dois bombeiros, na Baixada Santista, que salvaram uma pessoa presa numa pedra por causa das fortes ondas. O risco existe o tempo todo?
Esse salvamento nas pedras envolveu um bombeiro nosso, que foi destacado para lá na Operação Verão. Ocorrências como essa são de salvamento, que são as ocorrências mais arriscadas para o Corpo de Bombeiro. São aquelas em que normalmente o bombeiro corre risco de perder a vida. Uma vítima em situação de afogamento, por exemplo, se o bombeiro não estiver preparado, ela se afoga e afoga o bombeiro que está fazendo o salvamento dela. Existem algumas técnicas que a gente utiliza, inclusive, o chamado judô aquático, para tentar fazer o salvamento dessa vítima. A situação é mais crítica porque, vamos dizer assim, aquela pessoa já perdeu a calma e ela realmente acha que vai morrer. Não adianta a gente pedir calma para aquela vítima, a gente tem que fazer o possível para se manter salvo e poder ajudar essa pessoa.
Quantas ocorrências por ano o Corpo de Bombeiros atende em Campinas?
Só para ter uma ideia, de incêndio, em 2024, foram 2.398. E poucas pessoas ficam sabendo. Há muitos casos envolvendo GLP (gás de cozinha), vela... e ocorreram também muitos incêndios florestais. Eles aparentemente parecem simples, mas não são. O problema é que a gente depende do fator climático e às vezes o vento muda de direção e nós acabamos tendo fogo que vem por trás. Nós já perdemos viaturas em incêndios dessa natureza e magnitude. Às vezes, pode estar ocorrendo os três tipos de incêndio e a gente combatendo um. Pode haver o incêndio subterrâneo, que atinge as raízes das árvores, o rasteiro e o que atinge as copas das árvores. Além do descontrole pelas causas climáticas, houve a questão dos multifocos. São os que a suspeita é de serem intencionais, com uma pessoa colocando fogo em vários pontos, fazendo uma trilha de fogo. Só aí foram, em média, quase 6,6 casos por dia. No ano passado, também tivemos 1.497 ocorrências de salvamento só na cidade de Campinas e mais 6.138 resgates. Foram 6.100 vítimas atendidas pelo Corpo de Bombeiros, e 361 óbitos.
Aproveitando essa questão da grande demanda de serviço que vocês têm, a estrutura do Corpo de Bombeiros hoje está apta para atender uma cidade do porte de Campinas? Precisa ser melhorada? Como está a estrutura dos bombeiros hoje, tanto em termos humanos quanto de equipamento?
Na verdade, a estrutura do Corpo de Bombeiros de Campinas é bastante antiga, a cidade cresceu demais. Nós estamos com seis quartéis hoje em Campinas. Eles foram construídos e bem dimensionados para aquela época. A cidade cresceu principalmente na região sul, onde ficam o Campo Grande e Ouro Verde. Lá, o tempo de reposta de uma ocorrência, que é o tempo do acionamento do 193 até a chegada da viatura no local de ocorrência, acaba tendo um prejuízo. São mais de 400 mil pessoas que moram nessa região. E o que nós fizemos? Nós colocamos em determinados horários, das 11h às 19h, quando ocorre o maior número de ocorrências, isso é baseado em número, em estatísticas, equipes apartadas nos quartéis de policiamento para diminuir esse tempo de resposta. Qual é o segredo do bom atendimento? Não é só ter técnica do atendimento, mas conseguir fazer um atendimento célere com segurança. Se as viaturas estiverem próximas do local do acidente ou do evento emergencial, a chance de ter sucesso é maior. Quanto mais tempo passa, menor a chance de ter sucesso.
Como está a questão da construção do quartel em uma área cedida pela Unicamp? Há planos para novas unidades na região sul para melhorar esse atendimento?
Nós estamos conversando com o reitor da Unicamp, o Tom Zé (Antonio José de Almeida Meirelles) e já está definido que na rotatória de entrada da universidade vai ter uma base do Corpo de Bombeiros. Inclusive, o Estado já destinou uma verba para a construção do quartel ali, que vai atender aquela parte da região norte da cidade também. Isso já está definido pelo governador (Tarcísio de Freitas), e as obras vão começar neste ano. Nós vamos fazer o lançamento da pedra fundamental. Além disso, nós já estamos em tratativas, o Corpo de Bombeiros tem um Plano de Expansão para outros locais. Nem todos os 645 municípios do Estado têm uma unidade do Corpo de Bombeiros. Hoje, mais de 200 municípios têm, pelo menos, uma unidade, uma instalação física do Corpo de Bombeiros, cobrindo mais de 85% da população. São nas grandes cidades. Esses 15% restantes são atendidos pelas cidades vizinhas. Nesse planejamento de expansão, o Estado está vendo a possibilidade de construção de quartel na região sul. Diferentemente das outras instituições, o Corpo de Bombeiros, funciona através de convênio. O município demonstra interesse em ter uma instalação física, assina um convênio com o Estado. Aí o Estado dá o efetivo e a viatura, e o município dá a instalação física, o óleo combustível e a alimentação. É assim que funciona o convênio do Corpo de Bombeiro. Nós estamos vendo a possibilidade de fazer a expansão para o Ouro Verde e Campo Grande, que hoje são atendidas por unidades apartadas.
Como o bombeiro vê a ação dos grupos voluntários? Eles são importantes? Eles estão devidamente treinados para fazer esse trabalho?
Toda ajuda é bem-vinda. Humanamente é impossível, principalmente na época de estiagem, o bombeiro conseguir atuar em todas as frentes emergenciais. Essa ajuda precisa de alguns requisitos. A instituição do bombeiro voluntário já é regulada por lei estadual. Inclusive, com algumas portarias. Diz lá que qualquer cidadão pode ser bombeiro voluntário, mas ele tem que se credenciar no Corpo de Bombeiros e fazer parte do sistema estadual de atendimento. Ele vai ser acionado caso seja necessário. O voluntário passa por uma avaliação física, psicológica, apresenta um atestado médico e são verificados os antecedentes. Aí ele passa por um treinamento para aquisição de conhecimento e para conhecer as equipes de atendimento, a emergência do Corpo de Bombeiros.
O senhor falou dos convênios para a instalação de unidade dos bombeiros, mas também defende a criação de fundos municipais voltados para a corporação. Como eles funcionam?
Em algumas cidades eles já existem. Aqui na nossa região, na nossa área de atendimento emergencial, são 10 municípios. Existe em Jaguariúna, Holambra, Itapira e Mogi Guaçu. O que é esse fundo? Na verdade, ele não envolve a parte monetária, financeira, não tem dinheiro envolvido. É um CNPJ aberto em nome do bombeiro local e, assim, a gente pode conseguir verbas através de emendas parlamentares, TACs para o Corpo de Bombeiros local. O Fundo Especial de Bombeiros (Febom) é gerenciado pelo Corpo de Bombeiros e pela Prefeitura local. Nós fizemos essa proposta aqui em Campinas e estamos conversando com o prefeito (Dário Saadi) para ele ver se é viável apresentar esse projeto na Câmara para criar o fundo municipal. Os recursos são usados para compra de equipamentos novos, materiais novos, para usufruto do Corpo de Bombeiros local. Isso é muito interessante, eu vejo com bons olhos.
Há várias séries de TV sobre os bombeiros. Elas se aproximam da vida real ou têm uma visão romanceada?
Eu acompanho algumas. Na maioria das vezes, eu posso afirmar com convicção e com tranquilidade, que a gente convive mais com nossos companheiros de farda do que com nossos familiares. O que acontece é que a gente acaba se familiarizando. Então, existem, de fato, brincadeiras, camaradagem, dividimos bons e maus momentos. Mas as séries têm uma visão romantizada. Nós já tivemos ocorrências em que perdemos companheiros no atendimento. No dia a dia, as equipes de serviço fazem uma oração antes do início do serviço. A gente nunca sabe quando pode acontecer o pior. Em Campinas, nós temos uma das unidades mais antigas do Corpo de Bombeiros, ela é de 1900. Nós temos um memorial do herói tombado na frente do quartel. Nós temos sete bombeiros que tombaram durante o serviço. Em toda a data do aniversário da ocorrência do falecimento do bombeiro, nós fazemos uma homenagem póstuma, tocamos o sino, fazemos a leitura do boletim de como foi a ocorrência. Se tiver algum familiar, convidamos ele para fazer essa homenagem. É para nunca esquecer a memória do nosso herói que tombou durante o serviço. Uma instituição sem história é uma instituição sem futuro.
Pessoalmente, senhor viveu algum episódio, uma ocorrência que marcou mais?
Eu tive ocorrências que me marcaram, que aparentemente são simples. Estava na época em São Paulo voltando de uma vistoria no Edifício Andraus, que hoje está tecnológico, bonito, e passando pela Praça da Sé um policial apontou para um homem em uma passarela. Eu e dois sargentos paramos e prestamos os primeiros socorros. Era um homem que estava em parada cardiorrespiratória. Começamos a fazer o procedimento de reanimação cardiopulmonar. Se formou uma roda em torno da gente e nem percebi. Ele restabeleceu os sinais vitais e a consciência, o que é muito difícil tão prontamente. Ele foi salvo, depois levado para um hospital, e a multidão acabou aplaudindo. Foi a mão de Deus que intercedeu através de nós para que a estivéssemos no local certo, na hora certa. A vítima e eu acabamos depois participando do programa Bem Estar, da Globo, para falar sobre essa situação. Uma segunda ocorrência foi quando eu estava indo de Rio Claro para trabalhar em Piracicaba e vi um bombeiro parado no acostamento. Parei o carro e perguntei o que estava acontecendo. Ele mostrou um caminhão que havia caído no declive ali existente e ficando todo envolvido pela cerca viva de uma empresa. No meu veículo eu tinha algumas luvas, algumas coisas e fui ajudar. Havia um homem já sem os sinais vitais e uma moça com dificuldade tremenda para respirar porque o caule da cerca viva estava em cima pescoço. Ela estava gaspeando, mas consciente. Começamos a serrar a cerca viva e senti uma mão na minha perna. Comecei a procurar de onde vinha a mão e no meio das folhagens uma criança de uns 5, 6 anos que a gente não tinha visto. Quando cheguei no rostinho dela, a menininha falou: ‘Bombeiro, não deixa minha mãe morrer. Salva a minha mãe’. Ela estava com as duas pernas fraturadas, mas não sentia dores. Estava preocupada com a mãe. Aquilo me pegou de um jeito, me tocou bastante, me arrepia só de lembrar. Eu respondi que faria tudo o que fosse possível para tentar salvá-la. Conseguimos salvar a mulher e a criança.
O que senhor faz para relaxar, descontrair? Qual o seu hobby?
É bom estar na presença da família e dos amigos. Gosto de ver um bom filme. Isso remova as energias e a bateria, com certeza.
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