RODOVIA

Obras das marginais da Santos Dumont terão atraso

Moradores do entorno reclamaram pela exclusão da construção de passarela

Luiz Felipe Leite/luiz.leite@rac.com.br
13/03/2025 às 11:06.
Atualizado em 13/03/2025 às 12:41

Atualmente, o trajeto entre os jardins São José e São João é feito por debaixo da via, pela Avenida Ana Beatriz Bierrembach, nos dois sentidos (Rodrigo Zanotto)

O começo das obras de implantação das marginais da Rodovia Santos Dumont (SP-075) vai atrasar. A nova previsão é que as intervenções sejam iniciadas no 2˚ semestre de 2025. A estimativa até então é que as intervenções começariam ainda durante o 1˚ semestre deste ano. A afirmação foi do CEO da Via Appia Concessões, Brendon Azevedo Ramos. O grupo controla a Via Colinas, que possui a concessão da rodovia. As declarações foram feitas ontem pela manhã em reunião da Comissão de Mobilidade Urbana e Planejamento Viário da Câmara Municipal de Campinas, onde aconteceu uma apresentação do projeto de implantação das marginais da estrada. As obras estão previstas para acontecer entre os quilômetros 70,5 a 77,6 e entre os acessos das rodovias Anhanguera (SP-330) e dos Bandeirantes (SP-348), no valor estimado de R$ 400 milhões. As futuras intervenções são uma demanda esperada há muitos anos para aliviar o tráfego de veículos na região e evitar acidentes e mortes na via.

Segundo o executivo, a mudança no prazo deve-se ao fato do projeto protocolado na Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), responsável por regular as concessões das rodovias paulistas, em 18 de outubro do ano passado, ainda não ter sido aprovado. A proposta original, no entanto, sofreu algumas alterações providenciadas pela Via Appia considerando as apresentações feitas hoje e a anterior na Câmara de Campinas, em 31 de outubro do ano passado. 

Sem entrar em detalhes sobre todas as mudanças realizadas, Ramos afirmou que foram revistas algumas 'agulhas' em debates com a Prefeitura de Campinas. Agulhas são as entradas e saídas entre as pistas marginais e expressas de uma rodovia. "Tivemos algumas revisões nesse sentido (sobre as agulhas). Isso melhorou o projeto em termos de mobilidade e acessibilidade. Também modificamos algumas questões técnicas em termos de pavimento e aumentamos um pouco o número de faixas adicionais na rodovia. Um projeto como esse é vivo. Então conforme recebermos feedbacks, naturalmente iremos atualizar a proposta", comentou.

Representantes da Artesp foram convidados para participar da reunião, mas não compareceram e nem enviaram justificativas. A reportagem entrou em contato com a agência reguladora para comentar o assunto. A Artesp informou que devolveu o projeto protocolado para a Via Colinas providenciar alguns esclarecimentos. No entanto, a assessoria de imprensa do órgão não especificou quais seriam esses esclarecimentos, nem o prazo para receber a devolutiva da concessionária responsável pela Rodovia Santos Dumont.

RECLAMAÇÕES

Moradores dos bairros do entorno da Rodovia Santos Dumont participaram do encontro e não ficaram satisfeitos com o conteúdo do projeto apresentado. Uma das principais demandas é a construção de um viaduto que passe por cima da estrada e que ligue as regiões dos bairros São José e São João. Atualmente, o trajeto é feito por debaixo da via, pela Avenida Ana Beatriz Bierrembach, em dois sentidos. Existem semáforos no local, que ajudam a controlar o nível do tráfego.

Lúcio Rodrigues, habitante da região e integrante da Comissão de Moradores da Margem da Rodovia Santos Dumont (CMMRSD), afirmou que a não inclusão da proposta no projeto que está na Artesp é muito ruim para os moradores do entorno. "O fato é que não fomos ouvidos durante todo o processo. Nos disseram que os técnicos fariam os ajustes e depois atentariam para as nossas observações, mas não foi isso o que aconteceu. No caso do acesso do São José ao São João, o trânsito atualmente está infernal", disse.

O CEO da Via Appia Concessões respondeu que a implantação desse viaduto pela concessionária poderia ser questionada no ponto de vista de responsabilidade jurídica. "A responsabilidade jurídica da concessionária é com a rodovia. Então temos de trabalhar com os fluxos da rodovia, veículos e pedestres na estrada. No caso da implantação desse viaduto, ele abordaria o fluxo de veículos de fora da rodovia. Isso poderia ser questionado pelo Tribunal de Contas do Estado e pela Artesp".

Presente na reunião, o presidente da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), Vinicius Riverete, foi perguntado se algo poderia ser feito pela Administração Municipal para resolver a pendência. Ele afirmou que um estudo será realizado para propor mudanças. O objetivo é acelerar o fluxo dos veículos na Avenida Ana Beatriz Bierrembach, no trecho que passa por debaixo da Rodovia Santos Dumont. "Nós podemos retirar os semáforos existentes debaixo do viaduto e aplicar a mão inglesa, ou seja, os veículos fariam o retorno automaticamente pela avenida. É um conceito que já existe no Campus II da PUC-Campinas, na altura da Avenida John Boyd Dunlop", detalhou. 

Em nota divulgada após o encerramento da audiência, a Prefeitura ressalta que informou a concessionária de que a análise técnica final do projeto estava condicionada à apresentação pública do projeto detalhado das marginais da Rodovia Santos Dumont para a população, como foi realizado nesta quarta-feira (ontem). Assim que as sugestões de moradores e vereadores apresentadas na Câmara forem encaminhadas à Prefeitura, a Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento Urbano e a Emdec avaliarão a anuência ao projeto.

Outra dúvida sobre o projeto é sobre a retirada de uma passarela de pedestres próxima ao entroncamento com a Rodovia dos Bandeirantes. Isso, na visão dos vereadores que integram a Comissão de Mobilidade Urbana e Planejamento Viário da Câmara Municipal de Campinas, atrasaria o deslocamento das pessoas aos pontos de ônibus existentes nas marginais da Rodovia Santos Dumont. De acordo com o executivo Brendon Azevedo Ramos, seria criado um viaduto no local com uma estrutura que permitirá a travessia de pedestres entre os dois lados da estrada, sem prejudicar quem depende da atual passarela.

Alguns parlamentares presentes no encontro, como Filipe Marchesi (PSB), Otto Alejandro (PL), Rodrigo da Farmadic (União Brasil) e Carmo Luiz (Republicanos), também pediram ao representante da concessionária para reforçar a iluminação e a sinalização de alguns pontos da estrada. E questionaram o executivo sobre a situação dos moradores do Residencial Novo Capivari e dos frequentadores do Sesi Campinas Santos Dumont.

Com as obras na estrada, o sentido da Rua Doutor Gustavo Orsolini (que atualmente é de duas mãos) ficaria apenas na direção do Centro da cidade. "Isso obrigaria os moradores a acessarem a estrada e voltar por debaixo dela, na Avenida Ana Beatriz Bierrembach ou mais adiante, no Campinas Shopping, para acessar bairros com algumas estruturas importantes, como centros de saúde. A criação de um acesso local por trás do Sesi poderia ser uma opção, onde hoje não existe nenhuma via", questionou Marchesi, que também preside a Comissão de Mobilidade.

Como resposta, o CEO da Via Appia Concessões afirmou que o projeto prevê a instalação de iluminação e de sinalização em todos os trechos que vão sofrer alterações. E que no caso do acesso aos moradores do Residencial Novo Capivari e frequentadores do Sesi, alguma mudança poderia ser feita pela Administração Municipal.

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