SAÚDE

Obra de UPA está parada há 5 anos

Prédio no Jardim Carlos Lourenço se tornou abrigo e motel para moradores de rua e usuários de drogas

Gustavo Abdel
14/06/2015 às 10:08.
Atualizado em 23/04/2022 às 10:45
As mais de 30 salas do que deveria ser a UPA são usadas por andarilhos: degradação já atinge a construção ( Janaína Rbineiro/Especial a AAN )

As mais de 30 salas do que deveria ser a UPA são usadas por andarilhos: degradação já atinge a construção ( Janaína Rbineiro/Especial a AAN )

As obras da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Carlos Lourenço, na região Suleste de Campinas, estão paradas há cinco anos e ainda não há previsão de continuidade. A expectativa era de atender 10 mil pacientes por mês, mas a contínua degradação do prédio e a morosidade nos trâmites dentro da Prefeitura fazem moradores da região desacreditarem que um dia receberão atendimento na unidade. A facilidade de entrada no prédio fez das mais de 30 salas-dormitórios de moradores de rua, usuários de droga e motel dentro do espaço público. Já foram investidos mais de R$ 1,2 milhão no prédio, e a obra foi paralisada e reiniciada pelo menos três vezes, principalmente para adequações no projeto original e acertos financeiros com a construtora. Em 2013, quando parou em definitivo, a Administração apontou problema com a licitação. Agora, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o projeto remanescente (para readequar as novas intervenções ao que já foi construído) está em fase final de conclusão, e a obra é uma das prioridades do governo Jonas Donizette (PSB). Entretanto, ainda não há previsão para a retomada da construção. Enquanto isso, a aposentada Maria Aparecida Serafim, de 74 anos, espera sentada em sua varanda o dia em que verá a UPA em pleno funcionamento. “Para mim seria muito bom, porque tenho que atravessar a cidade para ir ao hospital”, disse. “Até parece uma brincadeira, né, pois temos uma estrutura tão boa na porta de casa e não podemos usar, não é verdade?”, completou.Já a vizinha Aureluce Augusta, de 79 anos, não aguenta mais abrir o portão de sua casa e se deparar com o matagal que se formou na fachada do prédio. “É um total descaso com os moradores. Esse é um bairro tranquilo, mas faz tempo que as pessoas começaram a frequentar esse lugar abandonado e a gente fica com medo”, expôs. Segundo ela, a Prefeitura esteve no local há pouco mais de dois meses e retirou três famílias que moram nas salas-consultório. A construção foi habilitada no Ministério da Saúde como uma UPA III 24 horas. Essa classificação é para unidades que atendem mais de 450 pessoas por dia, com mais de 20 consultórios e serviços como ultrassom e raios X. A obra da UPA Suleste começou em 2010. Em maio do ano passado moradores fizeram um protesto em frente a unidade, munidos de faixas e cartazes. A reportagem entrou nas dependências do prédio pelo fácil acesso proporcionado e verificou que pedaços de ferro foram furtados, tampas de concreto de bueiros e azulejos de banheiros quebradas, e uma centena de fezes humana, pedaços de roupas, preservativos e latas que são usadas para consumo de droga. As entradas estão todas danificadas e o mato também invadiu a área interna. “Uma senhora passava em frente à entrada do prédio e um mendigo saltou lá de dentro e roubou a bolsa dela. Esse lugar está esquecido”, reclamou uma comerciante que preferiu não se identificar. O Departamento Administrativo (DA) da Secretaria de Saúde de Campinas informou pela assessoria de imprensa que fará vistoria no local e verificará quais as providências precisam ser tomadas.

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