Esqueleto acumula lixo, mato alto e moradores em situação de rua, no bairro Rosamélia 1; construção sofre embargo e de acordo com a Prefeitura não há prazo para o seu término
Prédio que serviria para abrigar um Centro de Referência Especializador de Assistência Social em Cosmópolis virou um grande elefante branco. (Gustavo Abdel)
Um prédio que serviria para abrigar um Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) se transformou em uma enorme dor de cabeça para a população e símbolo de desperdício de dinheiro público em Cosmópolis. A obra, avaliada em mais de R$ 550 mil e erguida com recursos federais e municipais está parada há três anos, e o esqueleto do centro acumula lixo, mato alto e moradores em situação de rua, no bairro Rosamélia 1. A obra sofre um embargo e de acordo com a Prefeitura não há prazo para o seu término.Dessa forma, o “elefante branco” na Rua Leflock é sinônimo de risco para os moradores do bairro que passam à pé em frente a obra. Relatos de pessoas assaltadas são frequentes naquele ponto, pelo lugar ter virado esconderijo de craqueiros que vivem no imóvel. “A gente evita passar à noite nesse ponto. Roubaram o celular da minha vizinha recentemente. Os ‘nóias’ ficam entocados o dia todo aí”, disse o casal Milene e José Carlos Bruno, que passavam em frente ao Creas na manhã da última quinta-feira. “É muito dinheiro público desperdiçado”, criticaram.A placa do governo federal anunciando a obra ainda permanece no terreno, e indica que o custo para a construção foi de R$ 553.880,20. A vizinhança relata que ela começou no início de 2012, ano eleitoral. “Em época de campanha eles começaram a obra, mas as eleições passaram e tudo parou. Agora, durante à noite, quem mora aqui perto escuta gritaria e barulho a madrugada inteira”, reclamou o aposentado Laudelino da Silva, de 73 anos, morador do bairro há 32 anos.O Creas é uma unidade pública que oferece serviço especializado e continuado a famílias e indivíduos (crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos, mulheres), em situação de ameaça ou violação de direitos, tais como: violência física, psicológica, sexual, tráfico de pessoas, cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto, situação de risco pessoal e social associados ao uso de drogas, etc.Curiosamente, o local que deveria atender o casal de moradores em situação de rua Denílson dos Santos, de 31 anos, e Elizabeth Aparecida, de 22, transformou-se, desde o abandono das obras, em moradia para eles. Nas salas frias e de concreto eles dormem e se alimentam diariamente sem qualquer higiene ou estrutura. “Eu varro todos os dias nosso espaço. Eu e meu marido somos limpos e montamos até um banheiro nos fundos”, disse Elizabeth, mostrando a lata de água que esquenta colocando fogo em troncos de madeira. Os demais sete cômodos são usados por usuários de crack, disse o casal.De acordo com dados de 2014 da Prefeitura de Cosmópolis de 2014, são atendidos aproximadamente 3 mil pessoas por ano pela Secretaria de Promoção Social. No início do ano passado, em material publicitário, a Prefeitura informou que estava investindo na construção do Creas “para melhorar a qualidade do atendimento e estar mais próxima da comunidade”. Entretanto, a obra, segundo vizinhos do esqueleto, não é tocada desde 2012. Outro ladoEm nota, a Secretaria de negócio jurídicos de Cosmópolis informou que a obra está paralisada em virtude de uma “determinação de embargo judicial da obra, proferida em ação de nunciação de obra nova, em trâmite perante o fórum da cidade Cosmópolis”. A Administração não deu previsão de término do Creas.