Projeto ensina música a alunos da rede pública com instrumentos feitos de material reciclável
Imagens do lançamento do projeto "Construindo Música" no último dia 18 no Theatro Municipal de Paulínia, que contou com pequenas apresentações e participação dos músicos-educadores: diversidade de sons e timbres alcançada por meio de múltiplos instrumentosr (Danilo Koshimizu)
Os canos de PVC se transformam em flautas. As pecinhas de madeira dispostas lado a lado viram um xilofone. A garrafinha pet cheia de areia é usada como chocalho. A “fábrica de instrumentos” não custa um tostão, mas promete fazer a alegria de 2,4 mil crianças e pré-adolescentes, que estudam em escolas públicas mantidas pelas prefeituras de Campinas e Paulínia. O projeto “Construindo Música” promove a iniciação musical ao mesmo tempo em que oferece educação ambiental, com o aproveitamento de materiais e embalagens que estavam condenados ao lixo. O programa foi idealizado e é executado por monitores da Evoluir, instituição voltada à educação transformadora e interativa. E, no caso do que ocorre nas escolas da região, o grupo teve o patrocínio estratégico da multinacional Rhodia. “Educamos a criançada trabalhando os conceitos de sustentabilidade, meio ambiente, coletivismo e responsabilidade social”, explica Odete Duarte, diretora de comunicação do Grupo Solvay, mantenedora do gigantesco conglomerado do setor químico. O projeto, lançado no último dia 18 em evento no Theatro Municipal “Paulo Gracindo”, em Paulínia, contou também com pocket shows de lançamento, apresentados por músicos-educadores. Eles vão “formar” os professores de cada escola. O curso, com 16 aulas teórico-práticas, vai capacitar novos educadores, para a difusão do trabalho em outras cidades ou instituições. “O trabalho se replica, não tem fim”, diz Odete. O público que tomou as poltronas do teatro se divertiu com a diversidade dos sons e timbres, com as variadas possibilidades dos instrumentos musicais feitos com materiais recicláveis. E o resultado não se limita a música. As crianças vão conhecer as possibilidades musicais do próprio corpo e dos objetos do dia-a-dia, reaproveitados e com novos signos. “Pesquisas comprovam que a musicalização é importante para o estudante assimilar conteúdos de disciplinas que exigem raciocínio lógico e concentração”, afirma a diretora. A razão disso, diz, é que as atividades lúdicas estimulam regiões do cérebro. Os estudos científicos, no caso, indicam uma correspondência significativa entre a instrução musical nos primeiros anos de vida e o desenvolvimento da inteligência espacial: a divisão de ritmos e a contagem de tempo, por exemplo, são habilidades matemáticas. Formação integral Os idealizadores do projeto “Construindo Música” acreditam que a escola deve ser um espaço para reflexão sobre valores, hábitos e, sobretudo, exercício para a construção de uma sociedade que respeita a natureza, se apodera de práticas públicas que promovem uma cultura saudável e responsável. As crianças também têm a oportunidade de desenvolver habilidades socioemocionais como autonomia, autoconsciência, habilidades de relacionamento e consciência social. O projeto, enfim, apoia o desenvolvimento dos alunos de forma integral (social, emocional e cognitivo). Desde a sua criação, em 2014, o projeto já beneficiou estudantes de 200 escolas.