EDUCAÇÃO

O som cidadão que sai do lixo

Projeto ensina música a alunos da rede pública com instrumentos feitos de material reciclável

Rogério Verzignasse
26/04/2018 às 07:52.
Atualizado em 28/04/2022 às 06:50
Imagens do lançamento do projeto "Construindo Música" no último dia 18 no Theatro Municipal de Paulínia, que contou com pequenas apresentações e participação dos músicos-educadores: diversidade de sons e timbres alcançada por meio de múltiplos instrumentosr
 (Danilo Koshimizu)

Imagens do lançamento do projeto "Construindo Música" no último dia 18 no Theatro Municipal de Paulínia, que contou com pequenas apresentações e participação dos músicos-educadores: diversidade de sons e timbres alcançada por meio de múltiplos instrumentosr (Danilo Koshimizu)

Os canos de PVC se transformam em flautas. As pecinhas de madeira dispostas lado a lado viram um xilofone. A garrafinha pet cheia de areia é usada como chocalho. A “fábrica de instrumentos” não custa um tostão, mas promete fazer a alegria de 2,4 mil crianças e pré-adolescentes, que estudam em escolas públicas mantidas pelas prefeituras de Campinas e Paulínia. O projeto “Construindo Música” promove a iniciação musical ao mesmo tempo em que oferece educação ambiental, com o aproveitamento de materiais e embalagens que estavam condenados ao lixo. O programa foi idealizado e é executado por monitores da Evoluir, instituição voltada à educação transformadora e interativa. E, no caso do que ocorre nas escolas da região, o grupo teve o patrocínio estratégico da multinacional Rhodia. “Educamos a criançada trabalhando os conceitos de sustentabilidade, meio ambiente, coletivismo e responsabilidade social”, explica Odete Duarte, diretora de comunicação do Grupo Solvay, mantenedora do gigantesco conglomerado do setor químico. O projeto, lançado no último dia 18 em evento no Theatro Municipal “Paulo Gracindo”, em Paulínia, contou também com pocket shows de lançamento, apresentados por músicos-educadores. Eles vão “formar” os professores de cada escola. O curso, com 16 aulas teórico-práticas, vai capacitar novos educadores, para a difusão do trabalho em outras cidades ou instituições. “O trabalho se replica, não tem fim”, diz Odete. O público que tomou as poltronas do teatro se divertiu com a diversidade dos sons e timbres, com as variadas possibilidades dos instrumentos musicais feitos com materiais recicláveis. E o resultado não se limita a música. As crianças vão conhecer as possibilidades musicais do próprio corpo e dos objetos do dia-a-dia, reaproveitados e com novos signos. “Pesquisas comprovam que a musicalização é importante para o estudante assimilar conteúdos de disciplinas que exigem raciocínio lógico e concentração”, afirma a diretora. A razão disso, diz, é que as atividades lúdicas estimulam regiões do cérebro. Os estudos científicos, no caso, indicam uma correspondência significativa entre a instrução musical nos primeiros anos de vida e o desenvolvimento da inteligência espacial: a divisão de ritmos e a contagem de tempo, por exemplo, são habilidades matemáticas. Formação integral Os idealizadores do projeto “Construindo Música” acreditam que a escola deve ser um espaço para reflexão sobre valores, hábitos e, sobretudo, exercício para a construção de uma sociedade que respeita a natureza, se apodera de práticas públicas que promovem uma cultura saudável e responsável. As crianças também têm a oportunidade de desenvolver habilidades socioemocionais como autonomia, autoconsciência, habilidades de relacionamento e consciência social. O projeto, enfim, apoia o desenvolvimento dos alunos de forma integral (social, emocional e cognitivo). Desde a sua criação, em 2014, o projeto já beneficiou estudantes de 200 escolas. 

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