O sofá velho ganha uma cara nova

Espalhados pela cidade, dezenas de tapeceiros se esmeram no ofício de recuperar estofados condenados à substituição. Prestam um importante serviço não só aos consumidores mas ao meio ambiente, evitando o descarte de mobílias que ainda têm a estrutura reforçada e que só precisam trocar a espuma, manta e o tecido. Introduzido no ofício quando tinha apenas 11 anos, o tapeceiro Dorivaldo Talzzia, da Tapeçaria Brasil, lida com reforma de jogos de estofados, cadeiras e poltronas há 50 anos e conta que a tendência nos últimos dois anos aponta para o suede, tecido de poliéster com alta resistência à fricção, e a camurça, também preferida ao gobelin. O couríssimo, material sintético conhecido como couro ecológico, também tem clientela garantida. As tonalidades marrom, bege e opaco são as mais pedidas.Peças de outras épocas, com babados e detalhes em madeira, são modernizadas. A pedida agora é por modelos retos e preferencialmente com almofadas soltas. Transformar um assento fixo em solto requer habilidade do tapeceiro partindo da mudança da estrutura da base. A reforma de um sofá de dois metros com assentos de 55 centímetros para três lugares e outro de 1,6 metro para dois lugares, ambos com encosto de 40 centímetros, demora uma semana e custa entre R$ 2 mil e R$ 3 mil.Bazar tem boas opçõesVale à pena reformar estofados antigos, pesados e resistentes. São os campeões de pedidos entre os conjuntos de estofados reformados pelo tapeceiro do Bazar da Sociedade Brasileira de Pesquisa e Assistência para Reabilitação Craniofacial (Sobrapar) e colocados à venda no showroom da entidade. De acordo com o coordenador do bazar, Adalberto Balhe, os sofás que compensam ser restaurados são aqueles construídos há mais de dez anos e com estrutura de cerejeira ou imbuia. No momento, nove jogos de estofados estão à venda no local a preços que variam de R$ 1,2 mil a R$ 3 mil. "Tem de tudo. Veludo vermelho, couro e chenille", conta Balhe. Por ano, o Bazar Sobrapar comercializa 80 sofás e poltronas restauradas pelo tapeceiro da entidade, que capricha nas costuras nos braços e nos acabamentos. Peças com pés antigos redondos ganham versões modernas de pés quadrados.A personalização de peças também é possível, bastando que o interessado veja qual sofá deseja e depois traga o tecido escolhido ou opte por alguma amostra nos catálogos de tecidos disponível no local. Sofá parado na oficina é prejuízo para a entidade, que precisa fazer girar o estoque para movimentar o caixa, e isso exige rapidez nas reformas. Uma peça é restaurada em até dois dias.Para fazer sucesso no mercado, observa Balhe, o sofá precisa ter personalidade, ser pesado e com modelo atemporal. Sofás da linha clean, com braços levemente arredondados e tecido de uma cor só ou com estampas delicadas são os mais procurados. Não é uma linha de produtos muito lucrativa. Em alguns casos, compara o coordenador, o custo da reforma chega a R$ 600,00 e o preço final para venda não ultrapassa R$ 800,00.  TecidosA diversidade nos tecidos para tapeçaria é uma das tendências, aponta Angélica Giovannini, designer da Paranatex, que fornece tecidos para decoração. Variam desde o natural em algodão, linho e sedas até os tecidos mais sintéticos que recebem as estampas digitais. Os acabamentos estão em alta, proporcionando aspectos customizados aos tecidos. A tendência hoje para estofados são tecidos estampados, jacquards e falsos lisos. As misturas de estampas, cores e texturas seguem com força, principalmente quando o ambiente é mais descontraído.