PERSONALIDADE

O passeio de um gênio a Campinas

Livro resgata em detalhes visita de Santos Dumont à cidade; recepção teve direito a champanhe

Rogério Verzignasse
rogerio.verzignasse@rac.com.br
07/07/2018 às 18:13.
Atualizado em 28/04/2022 às 15:06

Imagens que integram o livro As lutas, a glória e o martírio de Santos Dumont, do jornalista e biógrafo Fernando Jorge, mostra o inventor brasileiro em várias situações cotidianas, como em jantares refinados, sendo fotografado em ambientes sociais e fazendo seus experimentos revolucionários em Paris; uma das fotos é simbólica, no fim da vida, abatido, deprimido, e com rugas, em rara cena pública (Divulgação)

Os campineiros falam orgulhosos, aos quatro cantos, que Santos Dumont fez o 3º ano primário no tradicionalíssimo Colégio Culto à Ciência. Ele tinha 12 anos de idade. O garoto mirradinho aparece no canto da foto posada da classe, lá em 1886. Em 1903, no entanto, ele voltou à cidade consagrado. Já era famoso no mundo inteiro, por ter construído um balão dirigível com motor a gasolina, que dois anos antes tinha dado a volta na Torre Eiffel, sob o testemunho de cientistas e jornalistas. Quando visitou à cidade, ele já tinha 30 anos de idade. E a causa era nobre, Ele participou do lançamento da pedra fundamental do monumento-túmulo de Carlos Gomes, que até hoje é ponto turístico. E o escritor Fernando Jorge — famoso biógrafo de celebridades históricas — discorre, com uma impressionante riqueza de detalhes, cada acontecimento daquele inesquecível 18 de setembro.  Campinas ganhou três páginas da obra As lutas, a glória e o martírio de Santos Dumont. O autor demorou 14 anos para elaborar uma pesquisa paciente e rigorosa. E o resultado é uma preciosidade. Há um compêndio de fotos incríveis. Que não se limitam às consagradas imagens do inventor a bordo do 14 Bis, ou às clássicas poses com o chapelão de abas moles. Santos Dumont aparece fotografado ao lado de outros inventos, em jantares requintados, ao lado de mulheres lindas. Há também tomadas raras do inventor no fim da vida, com rugas e um semblante deprimido. Trajetória O livro é uma viagem pela trajetória do brasileiro consagrado. Desde seu nascimento em 1873 (na mineira Palmira, atual Santos Dumont) até sua morte em 1932 (no Guarujá). O próprio editor da obra, Luiz Fernando Imediato, ressalta a respeitosa discrição usada pelo escritor nos relatos sobre os dias finais do gênio. O texto trata com elegância ímpar, por exemplo, o episódio doloroso em que Santos Dumont, atormentado, cometeu suicídio. A pesquisa rica mescla aspectos técnicos a nuances humanistas. Mostra que o inventor — um dos mais importantes da história aeronáutica — também frequentava boates e era mulherengo. Campinas Quando Santos Dumont visitou Campinas, ele ainda não tinha feito o famoso voo com o 14 Bis no Campo de Bagatelle, reconhecido pela comunidade científica como a primeira vez, na história, em que um aparelho decolava por seus próprios meios, sem ajuda de uma rampa de lançamento. Ainda assim, a presença do homem por aqui parou a cidade. Ele chegou de trem na Estação da Paulista e foi saudado por locomotivas que apitavam simultaneamente. Quatro bandas de música o recepcionaram. E, ao descer a 13 de Maio, o inventor foi saudado por estudantes, ordenados em alas em cada calçada. As casas estavam ornamentadas e os moradores jogavam flores das janelas. O texto detalha o almoço refinado de recepção, sua ida ao Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA), o concorrido evento no monumento-túmulo e, claro, a esperada vista ao Culto. Naquele 18 de setembro Santos Dumont estava emocionado e comovido. É que cinco anos antes, também em um 18 de setembro, ele tinha feito em Paris o voo no seu balão Número 1, que deu início à sua saga vitoriosa. 

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