pandemia

O dia depois do amanhã

Gustavo Khattar de Godoy
11/06/2020 às 08:29.
Atualizado em 29/03/2022 às 09:26

Segundo dados atualizados até o último dia 08 de junho, segunda-feira, pela Universidade Johns Hopkins, a pandemia do coronavírus já infectou cerca de 7 milhões de pessoas no mundo, causando cerca de 400 mil óbitos. Somente no Brasil os casos notificados chegam a 691 mil e 36 mil mortes. É importante ressaltar no entanto que qualquer comparação é prejudicada pela subnotificação dos casos, problema que acontece em todos os países, em maior ou menor proporção. Para se ter uma ideia mais realista do tamanho da crise que estamos vivendo, basta verificar projeções confiáveis, feitas por grupos de pesquisa em diferentes universidades, que apontam para um número 12 a 16 vezes maior do que demonstram os dados oficiais de Covid-19. Não menos importante, alguns especialistas têm alertado para o chamado “efeito transbordamento” que a Covid-19 possa ter sobre causas de morte mais comuns, como por exemplo o câncer e doenças cardiovasculares, e o evidente impacto no diagnóstico e tratamento de outras doenças mortais, causando sobrecarga em nosso já fragilizado sistema único de saúde. O isolamento social, importante ferramenta para o controle da disseminação da epidemia, está sendo colocado à prova. A pressão sobre a economia, refletindo diretamente sobre a população, nos leva a escolhas difíceis e delicadas. Se não retomarmos o controle da economia, além da pandemia teremos que lidar num futuro próximo com um colapso econômico de consequências muito graves — como o desemprego e mais pobreza —, num efeito dominó em diversas camadas da população. Todavia, mesmo com a perspectiva desse grave cenário, precisamos enfrentar o momento com otimismo. Tem sido louvável a iniciativa de muitas empresas, empresários e cidadãos comuns, não raro no anonimato, fazendo doações, disponibilizando leitos e estruturas hospitalares privadas, ou simplesmente mantendo empregos e salários mesmo frente a um futuro incerto. Não podemos esquecer do heroísmo dos trabalhadores da saúde no front de combate à epidemia, muitos colocando em risco, além da própria saúde, a de seus familiares. Deixo aqui a minha homenagem aos colegas, amigos e desconhecidos que têm se empenhado diariamente para vencer esta epidemia, e a certeza de que nenhum mal dura para sempre, que juntos somos mais fortes, e com fé, caridade e resiliência conseguiremos superar mais este momento difícil. Gustavo Khattar de Godoy é médico, doutor em medicina pela Universidade Estadual de Campinas - (Unicamp) e pós-doutor pela Universidade Johns Hopkins - Baltimore, USA

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