Entorno do 1º Distrito de Campinas, na área central, concentra tráfico, roubos, furtos e prostituição
Policiais fazem patrulhamento a cavalo em rua da região do Botafogo: moradores reclamam de crimes (Rodrigo Zanotto/ Especial para AAN)
A ousadia da criminalidade “cercou” o quarteirão que abriga os prédios da cúpula da Polícia Civil de Campinas onde funcionam o 1º Distrito Policial (DP), a Central de Flagrantes, a Delegacia Seccional, o Instituto de Criminalística e o Departamento de Polícia Judiciária do Interior 2 (Deinter 2), localizados na Avenida Andrade Neves, região central da cidade.
Tráfico e consumo de drogas, roubos, furtos, hotéis, pensões e bares funcionando sem alvará compõem um cenário que seria considerado inaceitável em qualquer lugar da cidade, mas que é realidade no entorno de uma das mais importantes e movimentadas bases policiais da cidade.
A reportagem do Correio percorreu vias como a própria Avenida Andrade Neves e as ruas Barão de Parnaíba, 11 de Agosto, Sebastião de Souza, Benjamin Constant, Dr. Ricardo, Dr. Mascarenhas, Marquês de Três Rios e Barreto Leme e encontrou moradores, comerciantes e pedestres que relatam convívio com o que chamam de “sensação de insegurança” que domina a região.
O entorno do 1º DP e demais setores da corporação é composto por muitos estabelecimentos comerciais, mas possui ainda um grande número de residências. Entre os estabelecimentos, hospitais, bares, restaurantes e clínicas. Há também alguns edifícios verticais.
Segundo os dados divulgados pela Secretaria de Estado da Segurança Publica (SSP-SP) esta semana, a região central, que inclui o Botafogo, é a “campeã” de roubos e furtos em Campinas. O número de pessoas que circulam pela área é apontado como principal responsável pelas ocorrências. A tendência é antiga e é conhecida pela polícia local.
Só no primeiro trimestre de 2013, foram feitos 1.158 registros de furtos diversos e 373 de roubos na região do 1º DP. O índice aponta uma média de 386 casos de furto por mês, contra 126 roubos a cada 30 dias.
Os veículos também são muito visados na área. Foram, entre janeiro e março, 181 furtados e outros 83 roubados. Ao todo na área foram feitas 129 prisões e sete armas foram apreendidas.
Os dados deixam os moradores e comerciantes do entorno preocupados.
Para eles, se nem a delegacia intimida os bandidos, os cidadãos vivem com a sensação de que podem se tornar vítimas de ações criminosas a qualquer momento. A reportagem conversou com moradores e comerciantes do local e a maioria, por medo de represarias, pediu para não ser identificado.
“A presença da delegacia não inibe nada por aqui. Até vejo ronda da Polícia Militar (PM) e da Guarda Municipal (GM), mas isso não afasta o tráfico e nem os bandidos que vivem por aqui. Os policiais ficam na delegacia e não vêem nada, pois estão fazendo o trabalho deles lá dentro. Mas, se dessem uma olhada aqui iriam pegar muita coisa”, afirmou um morador da Rua Barreto Leme.
Outro morador da região da Rua Marques de Três Rios afirmou que se preocupa com a atual situação do bairro. ”Aqui o negócio é feio, de dia e de noite. A sensação de insegurança é constante. Chega uma hora que não dá pra sair e caminhar. Tem muito morador de rua e usuário de droga e podem te ameaçar para conseguir algo para trocar por droga”, afirmou.
O homem afirmou que a situação piorou ainda mais com o imbróglio do terreno da antiga rodoviária.
“O que já estava abandonado, foi completamente esquecido e o local perdeu muito valor. Com isso foi atraindo todo tipo de gente e inclusive criminosos que passaram a cometer crimes aqui. É muito triste ver o bairro tão importante como esse acabar dessa maneira. Os principais comércios daqui sumiram, foram fechando as portas, pois a situação que a área se encontra, espanta clientes e pessoas”, disse.
O homem afirmou que o tráfico de droga impera no local. “O que mais tem aqui é o tráfico de drogas, e bem ao lado da cúpula da polícia, isso é o que mais chama a atenção. Ninguém faz nada. Para piorar os próprios bandidos não se sentem intimidados pela polícia”.
Morador da Barão de Parnaíba, o cabeleireiro Rafael Fernandes afirmou que conhece a fama do bairro, mas não se deixa intimidar. “Moro faz um ano e agora montei meu salão. Sei que tem bastante coisa acontecendo, mas é melhor não comentar. Faço meu trabalho e pronto”, disse.