O balanço apontou que, de janeiro a março de 2018, 26 pessoas morreram em ruas e rodovias que cortam o município, enquanto que nos três primeiros meses do ano passado o número foi de 35
Barreiro: intensificar a fiscalização é a melhor maneira de reduzir os acidentes, além de investir em sinalização e melhorias na fluidez do trânsito (Dominique Torquato)
O trânsito de Campinas registrou diminuição de 26% nas mortes por acidentes no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2017, de acordo com dados do Sistema de Informações de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo (Infosiga-SP). O balanço apontou que, de janeiro a março de 2018, 26 pessoas morreram em ruas e rodovias que cortam o município, enquanto que nos três primeiros meses do ano passado o número foi de 35. Ainda segundo o Infosiga, janeiro deste ano registrou 10 mortes no trânsito. Em fevereiro, foram seis, e em março, outras 10. Em 2017, os números foram de 14 em janeiro, 12 em fevereiro e 9 em março. Os acidentes com motocicletas somam o maior número de óbitos (10), seguidos de atropelamentos (7) e colisões entre automóveis (6). O Infosiga apontou também que a faixa etária com maior número de vítimas em Campinas é entre 18 e 29 anos (oito acidentes com mortes dos 26 registrados no período). As colisões em vias municipais são responsáveis por 53,85% das mortes, contra 42,31% das rodovias. “Todo acidente é evitável. Nenhum é obra do acaso - e por isso sempre nos perguntamos o que é possível fazer. Nos últimos 13 anos, a cidade ganhou mais 200 mil habitantes e os veículos chegaram a 902 mil. A relação hoje é de praticamente um veículo para cada campineiro, um número que exige cada vez mais respeito às regras e sinalização”, disse o secretário municipal de transportes e presidente da Emdec, Carlos José Barreiro. Para ele, os casos mais preocupantes envolvem motociclistas e pedestres. “Em 2016, tivemos 36 mortes de motociclistas que andavam na contramão, faziam conversões indevidas ou avançavam no sinal vermelho. No mesmo ano, a cidade registrou 24 mortes por atropelamento de pessoas que circulavam fora da faixa de pedestres. São casos que retratam um total desrespeito à sinalização. E isso tem que mudar”, afirmou. Segundo o secretário, em 14 anos, o número de motocicletas em Campinas cresceu de 50 mil para 130 mil. “Sabemos que a moto dá uma sensação de liberdade e praticidade, mas ela exige mais atenção e cuidado do condutor”. Mas a principal forma de reduzir os acidentes, segundo Barreiro, ainda é a fiscalização - e por isso a Emdec contratou 75 agentes de mobilidade urbana e treinou 90 guardas municipais para supervisionar o trânsito. Além disso, de acordo com o secretário, foram feitas mudanças na engenharia de tráfego da cidade e investimentos em educação no trânsito. Por exemplo, foram instaladas 400 câmeras de monitoramento para acompanhar o tráfego e detectar os pontos mais críticos e as principais infrações cometidas. Um total de 18.524 novas placas de sinalização foram instaladas e 60 mudanças de sentido no trânsito implementadas. A Francisco Glicério foi totalmente reordenada, com faixas de ônibus para melhorar a fluidez. “Fizemos ainda a troca de 531 semáforos, que ganharam luzes de led que permitem uma melhor visão, além de gerar uma economia de 90% no consumo de energia dos equipamentos”, afirmou. Barreiro destacou ainda a redução de velocidade em diversos pontos da cidade, a nova Marginal do Piçarrão, a criação do Observatório Municipal de Trânsito e o sistema BRT, que irá beneficiar cerca de 450 mil pessoas que residem nos distritos do Campo Grande e Ouro Verde. Álcool A questão do álcool também foi discutida por Barreiro durante o Fórum RAC. "O mínimo que o álcool faz é retardar a reação da pessoa. Mesmo que por um milésimo de segundo, isso já é o suficiente para causar um acidente. E a maior parte deles é fatal”, afirmou. O secretário afirmou ainda que pretende intensificar as blitze. “Não podemos ter contemplação quando o assunto é álcool e direção. Mesmo com todos esses investimentos e reduções nos números de acidentes, ainda não é o suficiente. Só quando não acontecerem mais acidentes, principalmente fatais ou que deixem sequelas, é que poderemos nos dar por satisfeitos”, finalizou Barreiro.