CLIMA

Número de raios deve crescer 20% no Brasil

Segundo Inpe, aumento de tempestades se deve ao processo de urbanização

Henrique Hein
04/02/2018 às 19:57.
Atualizado em 22/04/2022 às 09:48
Raio atinge Campinas durante temporal: segundo o Inpe, o número de descargas elétricas e tempestades deve crescer 20% em toda região Sudeste nos próximos 20 anosr
 (Cedoc/RAC)

Raio atinge Campinas durante temporal: segundo o Inpe, o número de descargas elétricas e tempestades deve crescer 20% em toda região Sudeste nos próximos 20 anosr (Cedoc/RAC)

Um levantamento realizado pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelou que o número de raios e tempestades no Brasil e na região Sudeste deverá aumentar em até 20% nos próximos 20 anos. Somente nesse Verão são esperados mais de 30 milhões de descargas elétricas em todo País. De acordo com Osmar Pinto Junior, coordenador e pesquisador do Elat, o aumento dos temporais está diretamente relacionado com a crescente urbanização das cidades. Ele explica que a poluição dos carros e das empresas estão aumentando o calor e a formação de nuvens e tempestades. “Para cada grau de calor, há 15% a mais de chances de tempestades e raios. O fenômeno da urbanização está fazendo justamente isso, já que ele aquece localmente a atmosfera e favorece a formação de tempestades. Com essa atmosfera mais quente, há uma maior quantidade de vapor d’água que pode estar contida no ar”, explica o especialista. Ele afirma que o Brasil é um dos líderes mundiais em quedas de raios, com uma média 70 milhões de descargas por ano e, que a situação deve piorar conforme as décadas forem passando.”A tendência é de que tenhamos mais raios no futuro em função do aquecimento global, com mais prejuízos e mortes”, disse. Campinas De acordo com dados do Centro de Pesquisas Meteorologias e Climáticas Aplicadas a Agricultura (Cepagri), a temperatura de Campinas vem subindo ao longo das últimas duas décadas. Apesar da média de janeiro de 2018 ter ficado abaixo dos anos anteriores, os últimos oito anos registram as maiores médias de calor da história. De janeiro de 1988 até dezembro de 1997, nenhum mês de Verão (dezembro, janeiro e fevereiro) chegou a registrar mais do que 31 graus. Entre 1998 e 2008, apenas o mês fevereiro de 2003 chegou a registrar uma média acima de 32 graus. Segundo o Cepagri, o Verão mais quente das duas últimas décadas ocorreu em 2014, com 34,03 graus na média de temperatura de fevereiro. Já o menor, foi o de dezembro de 1989, com 26,7 graus de média registrada. Chuvas De acordo com o Cepagri, o Verão em Campinas tem sido menos chuvoso do que em anos anteriores. O mês de janeiro registrou o menor índice de chuva dos últimos 4 anos, com apenas 234,2 mm de água, abaixo do esperado para o mês: 285 mm. No mesmo período do ano passado, o volume de água das chuvas foi de 355,3mm, cerca de 35% a mais. Em contrapartida, o Cepagri disse que as precipitações apresentaram uma característica diferente do habitual para essa época do ano. “As chuvas foram mais focalizadas. Elas não aconteceram a todo momento, mas quando caíram, vieram com bastante intensidade”, explicou a pesquisadora Ana Maraia Heuminski de Ávila. Juntos, os dias 21 e 24 de janeiro registraram 40% do que choveu no mês inteiro. O volume de água foi de 92 mm, sendo 48,8 mm no dia 21, e 43,2mm no dia 24. Vale lembrar que o calendário do Verão 2018 começou no último dia 21 de dezembro do ano passado e o fim da estação está marcado para o próximo dia 20 de março.

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