Estudo da Polícia Rodoviária mostra que no primeiro trimestre ocorreram 51 mortes
Um levantamento feito pela Polícia Militar Rodoviária (PMR) mostra que subiu de 39 para 51 o número de mortes nas rodovias que cortam a região de Campinas no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. O número representa alta de 31%.
A Rodovia Anhanguera (SP-330) lidera o ranking das vias com o maior índice. Foram 18 mortes nos três primeiros meses do ano, contra nove no ano passado, o que representa um aumento de 100%. Apesar do crescimento, a rodovia reduziu o número de acidentes no período (de 686 para 667).
Em segundo lugar, no número de mortes, vem a Rodovia Santos Dumont (SP-75), com dez vítimas fatais (duas em 2012), e depois a Rodovia Bandeirantes (SP-348), com sete (quatro em 2012). Os dados são referentes às 14 estradas da região (veja no quadro a relação das vias).
Assim como aconteceu na Anhanguera, as rodovias Santos Dumont e Bandeirantes também conseguiram reduzir o número de acidentes no período. Enquanto a queda na SP-75 foi de nove casos (260 para 251), na SP-348 caiu de 291 para 270.
Segundo os dados da polícia, a maioria das mortes nessa vias foi causada por atropelamento, um índice que ultrapassa 60%. “A maioria das pessoas ignora as passarelas. Algumas evitam andar 50 metros por pura preguiça e assim ficam expostas ao risco. Isso é um absurdo, é pura falta de consciência”, afirmou o capitão e comandante da PMR na região de Campinas, Vladimir Ribeiro. Ele disse que as viaturas da corporacão já ampliaram a vigilância com relação a travessias perigosas. “Quando um policial percebe a ação, ele pede que o pedestre utilize a passarela, já que ele está cometendo um erro. Também fazemos ações com as concessionárias responsáveis pela administração das estradas”, disse.
Mais causas
Outros acidentes que acabam em mortes estão ligados à imprudência do motorista. “O excesso de velocidade é um grande fator. O limite da pista existe porque dentro dele o motorista consegue, em caso de acidente, segurar o veículo e impedir que o pior aconteça. É preciso que as pessoas se conscientizem disso”.
Na última quinta-feira, dia 6, o motorista de um Fiat Strada perdeu a direção da picape, atravessou o canteiro central da Rodovia Bandeirantes, em Itupeva, e colidiu com um Peugeot. Ele morreu na hora e o motorista do outro veículo ficou ferido. “O canteiro central da Bandeirantes é enorme, imagine a velocidade que ele estava para não conseguir segurar o veículo. A imprudência é um dos grandes causadores dessas tragédias”, disse.
Entre os acidentes com vítimas fatais registrados pela polícia nesse período está o que matou três pessoas em um ônibus, no dia 27 de março. O coletivo da Viação Cometa caiu em uma ribanceira na via Anhanguera, após um passageiro puxar o volante e fazer o motorista perder a direção.
“O número de acidentes está caindo, o problema está relacionado com as mortes em casos como este, em que um acidente vitima várias pessoas. Como o que ocorreu recentemente na Bandeirantes, na altura de Jundiaí, no qual oito pessoas, a maioria de Campinas, morreram”, afirmou o capitão. Nesse acidente, o motorista de um Polo andou pela contramão na pista até se chocar de frente com outro carro onde estavam sete pessoas da mesma família. Todos morreram.
Outras medidas
Outra medida tomada pela Polícia Rodoviária foi estacionar as viaturas da corporação em pontos estratégicos das vias para reduzir o excesso de velocidade dos veículos. De janeiro a março do ano passado, foram emitidas pela 30.320 multas por velocidade acima do limite da estrada. Este ano, o número subiu para 40.300. Um aumento de 33%. “Começamos também a fiscalizar para tirar de circulação veículos sem condições e que podem gerar acidentes.”
De acordo com o levantamento, as vias que mais conseguiram reduzir as mortes e o número de acidentes foram a D. Pedro I (SP-065) e a Jornalista Francisco Aguirre Proença (SP-101), mais conhecida como Campinas-Monte Mor. Apesar de a D. Pedro I ser a segunda com a maior quantidade de acidentes da região, após a Anhanguera, a via saiu de 392 ocorrências em 2012, para 379 este ano. O número de mortes caiu de cinco para duas este ano. A SP-101, passou de 144 acidentes para 132 e o registro de vítimas fatais caiu de quatro para uma no período em 2013. Ainda de acordo com os dados levantados, cinco vias tiveram aumento no número de acidentes: Adhemar Pereira de Barros, Professor Zeferino Vaz, Miguel Melhado Campos, Anel Viário Prefeito José Roberto Magalhães Teixeira e Heitor Penteado.
“O volume de veículos nessas vias cresceu muito. Considero positivo essa redução no número de sinistros, em vista que, a tendência com o aumento do fluxo, é também a de crescimento nos acidentes. O problema no aumento das mortes é que um acidente pode matar muitas pessoas”, afirmou o especialista em transporte e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Carlos Alberto Bandeira Guimarães.