ssp

Número de estupros registrados em Campinas dispara

O recorde anterior pertencia ao ano retrasado, quando 72 pessoas tinham sido violentadas nos primeiros três meses do ano. O município ainda registrou um aumento de 37% dos casos em comparação a 2017

Henrique Hein
27/04/2018 às 07:32.
Atualizado em 28/04/2022 às 06:58
Número de estupros registrados em Campinas dispara (Divulgação)

Número de estupros registrados em Campinas dispara (Divulgação)

Campinas registrou entre janeiro e março deste do ano o maior número de estupros já computados em um primeiro trimestre desde 2002. Ao todo, 88 pessoas foram vítimas de agressões sexuais em 2018. O recorde anterior pertencia ao ano retrasado, quando 72 pessoas tinham sido violentadas nos primeiros três meses do ano. O município ainda registrou um aumento de 37% dos casos em comparação a 2017. Os dados são do relatório mensal da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP). De acordo com os cálculos realizados pelo Correio, se a média dos estupros do trimestre (29,3 por mês) continuar acontecendo até dezembro, a cidade registrará cerca de 352 agressões, um índice superior ao recorde de 2012, quando 300 pessoas foram vítimas do crime ao longo dos 12 meses do ano. Se desconsideramos o ano de 2018 e tiramos uma média dos casos registrados entre 2008 e 2017, os números são ainda mais alarmantes. Dentro da década citada, a média de estupros registrados entre janeiro e março foi de 55 vítimas — 23 pessoas a menos do que os dados desse ano. Os dados da SSP mostram ainda que os ataques contra vulneráveis são maioria no primeiro trimestre do ano — 48 dos 88 casos, aproximadamente 54,5%. Desde 2016, a Secretaria tem separado a quantificação dos crimes cometidos contra vulneráveis e não vulneráveis. Esse tipo específico de crime ocorre quando ele é cometido contra alguém que não possui discernimento da gravidade da ação praticada pelo agressor. São os casos dos indivíduos menores de 14 anos, com deficiência mental e daqueles que não podem oferecer resistência. Com relação aos números do Estado, foi constatado um aumento de 19% nas agressões sexuais na soma de todos os 645 municípios. Ao todo, foram 3.218 casos nos primeiros três meses do ano (incluindo estupros de adultos e de vulneráveis), contra 2667 em relação ao mesmo período do ano passado. A Capital paulista foi quem apresentou o maior número de registros em delegacias: 698 estupros computados. Motivos Para o delegado da 2ª Delegacia Seccional de Campinas, José Henrique Ventura, um dos motivos para o aumento do número de registros está ligado à mudança de comportamento da população. Ele explica que nos últimos anos as pessoas começaram a perder o medo de denunciar os casos de estupro. “Antes, por medo de não serem ouvidas, as vítimas ficavam caladas e muitas deixavam de fazer o Boletim de Ocorrência. O nosso pedido é justamente esse. Estamos trabalhando muito forte na realização de campanhas para que a população denuncie os estupradores para que possamos colocá-los cadeia”, disse Ventura. De acordo a lei federal, o crime de estupro, cometido contra vulneráveis ou não, se configura quando o autor: constranger a vítima mediante violência (força física) ou grave ameaça (violência moral); praticar qualquer ato de conjunção carnal (penetração completa ou incompleta); praticar ato libidinoso (qualquer um que vise prazer sexual) e/ou obrigar a vítima a permitir que se pratique ato libidinoso com ela. De acordo com Ventura, o estupro é hoje um crime inafiançável e a pena varia de acordo com a gravidade da agressão. “A reclusão de reclusão normal é de seis a dez anos. Já para quem comete o crime contra um vulnerável a pena é maior: de 8 a 15 anos de reclusão.” Outros crimes Apesar do aumento no número de estupros, a região de Campinas apresentou queda nos casos de vítimas em homicídio doloso em comparação ao trimestre do ano passado: 35 contra 52. Porém, o alto número de ocorrências em 2017 se deve muito à chacina da própria virada do ano. No mesmo crime, 12 pessoas foram assassinadas. A ocorrência aconteceu na Vila Proost de Souza. Todas as vítimas faziam parte da mesma família, e o atirador foi identificado como Sidnei Ramis de Araújo, de 46 anos. Os dados divulgados pela SSP mostram ainda que os crimes contra o patrimônio também apresentaram queda no trimestre. Os roubos de veículos, por exemplo, cairam de 845 para 701 em comparação a 2017 — uma redução de 17%. Em contrapartida, as tentativas de homicídios dispararam nos primeiros três meses do ano, saltando de 18 casos registrados para 26 — um aumento de 30,6%. SAIBA MAIS Confira os números de estupros (ano a ano) cometidos nos primeiros trimestres em Campinas:   ANO Nº DE ESTUPROS NO 1º TRIMESTRE 2002 40 2003 38 2004 32 2005 35 2006 26 2007 30 2008 28 2009 38 2010 34 2011 52 2012 67 2013 69 2014 69 2015 60 2016 72 2017 64 2018 88 Fonte: Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP)

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por