eleições 2018

Número de brasileiros aptos a votar no Exterior sobe

As eleições 2018 registram uma elevação de 41,37% no número de eleitores que participarão da escolha do próximo presidente da República em 99 países

Rafaela Dias
06/10/2018 às 10:32.
Atualizado em 06/04/2022 às 17:21

As eleições 2018 registram uma elevação de 41,37% no número de eleitores que participarão da escolha do próximo presidente da República em 99 países. No pleito atual, 500.727 brasileiros estão aptos a votar nas 171 localidades eleitorais para as quais a Justiça enviará urnas. Em 2014, estavam cadastrados 354.184 eleitores brasileiros no Exterior. O crescimento é fruto de uma parceria entre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE) que possibilitou a adoção de medidas que facilitaram o cadastramento eleitoral de brasileiros residentes em diversas partes do mundo. Mesmo sabendo que o eleitor que mora fora do País poderá votar apenas em candidatos que concorrem à Presidência da República, a aposentada Bárbara Schuster, de 65 anos, e que vive há 43 em Zurique, sempre fez questão de participar do processo eleitoral. “Vim pra Suíça em 1975. Quando não estava impedida, sempre votei aqui. Sempre procurei participar, mesmo que a distância. Antes da internet, nem sempre ficava sabendo dos candidatos e da real possibilidade de votar. Mas hoje tudo está diferente, portanto, vou votar esse ano sim”, contou. A aposentada sempre acreditou que deveria participar das eleições no Brasil. “A situação política brasileira está complicada. Uma bagunça que acompanha muita corrupção. É lamentável o que está acontecendo com um País tão rico e com uma camada da população tão trabalhadora”, lamentou. Ela já escolheu o candidato. “Voto branco não ajuda ninguém. Farei a minha parte”, afirmou. Mas entre os campineiros que vivem no Exterior, existem aqueles que optaram pela mudança, justamente por não acreditar mais na política nem na melhora da economia do Brasil. Entre eles está a corretora de imóveis Beatriz de Castro Crivari, de 33 anos. Morando há cinco meses na Itália, ela não vota esse ano pois para isso teria que ir até o Consulado de Milão, longe de onde ela vive atualmente e uma viagem com custo alto. Mas o desânimo também não ajuda, segundo ela. “Sinceramente não estou envolvida politicamente nem tenho vontade de votar. Saí desacreditada no Brasil e não gostaria de voltar”, disse. “Sempre me interessei por política. Aos 16 anos eu tirei meu título de eleitor e fui votar com a minha mãe que sempre me incentivou. Aprendi política em casa”, falou. Em 2013, quando ela foi para Toronto, no Canadá, fazer intercâmbio, já havia decidido não viver mais no Brasil. “Fiquei encantada, não pela paisagem, mas pelas oportunidades e políticas públicas eficientes como segurança. Existe respeito lá, entre as pessoas, e pelas leis. Fui educada novamente e gostaria de voltar. Me tornei um ser humano melhor”, avaliou. Quando voltou para cá, ela se decepcionou novamente, por isso a mudança para a Itália. “Nosso povo vive de vantagem e nossos políticos de corrupção. É decepcionante. Assim que dei entrada na cidadania italiana, não perdi a oportunidade”, contou. “A situação política da Itália também não está boa, o que reflete na economia e principalmente em emprego para os jovens. Por isso pretendo voltar para o Canadá”, disse. Alistamento para próxima eleição abre mês que vem O prazo para o cadastramento eleitoral terminou no dia 9 maio deste ano. Mas, a partir do dia 5 de novembro, brasileiros que residem em outros países, sejam eles cidadãos natos, sejam naturalizados, ainda não cadastrados, podem iniciar o alistamento eleitoral pela internet, por meio do Título Net Exterior. O eleitor já inscrito no Brasil e que esteja residindo em países que contam com representação diplomática brasileira pode solicitar a transferência do título eleitoral para votar no Exterior. Interior da China terá voto pela primeira vez De acordo com a Zona Eleitoral do Exterior, uma das novidades desse ano é a votação no interior da China. “Nós não tínhamos conseguido fazer isso em 2014. Também faremos a votação no interior do Vale do Bekaa (no Líbano), que é uma comunidade que mora em uma montanha muito isolada. Como eles moram em uma área de conflito, não conseguem sair do vale e votar em Beirute”, explica a chefe da ZZ, Juliana Caitano. Os avanços tecnológicos também contribuíram para o crescimento do registro de eleitores brasileiros em outros países. Entre os exemplos estão a criação do Título Net Exterior, que reduziu a burocracia para o alistamento e transferência do eleitor que reside fora do País, e a substituição do título de eleitor em papel — até então impresso no Brasil e transportado por mala diplomática — pelo e-Título, que pode ser obtido on-line e apresentado no momento da votação. COMO VOTAR O Código Eleitoral prevê, como condição para a criação de mesas de votação no Exterior, o número mínimo de 30 eleitores. As seções eleitorais funcionam nas sedes das embaixadas, em repartições consulares ou em locais em que existam serviços do governo brasileiro. Para votar, basta que o eleitor apresente um documento oficial com foto. Para conhecer o local de votação, basta consultar o portal do Tribunal Superior Eleitoral (http://www.tse.jus.br). A consulta pode ser feita pelo nome do eleitor (ou número do título eleitoral), data de nascimento e nome da mãe. Além da cidade e endereço do local de votação, lá aparecerá o número do título e da seção. O primeiro e o segundo turnos de votação no Exterior ocorrem na mesma data da eleição no Brasil, das 8h às 17h, de acordo com a hora local. Boston e Miami são os maiores colégios do País A responsabilidade pela organização da eleição no Exterior cabe ao Cartório da Zona Eleitoral no Exterior, localizado em Brasília. No último dia 19 de setembro, foi realizada a cerimônia de carga e lacração das urnas eletrônicas que serão utilizadas em outros países. Após lacradas, elas foram recolhidas pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), que as transportam para o Exterior como malas diplomáticas a consulados e embaixadas. Nesses locais, cabe aos funcionários do MRE organizar e garantir a realização do pleito. Ao todo, foram enviadas 744 urnas aos locais de votação no Exterior. Desse total, 680 são eletrônicas e 64, de lona. Essas últimas serão remetidas a 60 locais que têm dificuldades alfandegárias, problemas como queda de energia e instabilidade política, ou com quantitativo de eleitores muito pequeno. O maior número de urnas eletrônicas será enviado para Boston (EUA), que receberá 46, e Miami (EUA), que terá 45. Essas duas cidades norte-americanas apresentam os dois maiores contingentes de eleitores brasileiros fora do País. Boston conta com 35.044 eleitores brasileiros cadastrados e Miami, com 34.356. A terceira cidade com maior número de brasileiros aptos a votar no Exterior é Tóquio, no Japão, com 26.092. Estados Unidos, com 160.005 eleitores; Japão, com 60.708; e Portugal, com 39.118, são os três maiores colégios eleitorais brasileiros no Exterior.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por