NA REGIÃO DO CAMPO GRANDE

Novos empreendimentos terão contrapartidas mais amplas

Primeiro projeto a seguir esse modelo prevê um investimento de R$ 53 milhões

Edimarcio A. Monteiro/[email protected]
27/06/2025 às 12:35.
Atualizado em 27/06/2025 às 13:42
O bairro também contará com um parque linear de quase 15 mil m2, com áreas esportivas, aberto a toda a população (Rodrigo Zanotto)

O bairro também contará com um parque linear de quase 15 mil m2, com áreas esportivas, aberto a toda a população (Rodrigo Zanotto)

A Prefeitura de Campinas apresentou ontem sua política de ampliação das contrapartidas para aprovação de novos empreendimentos imobiliários na cidade. O primeiro projeto a seguir esse modelo prevê um investimento de R$ 53 milhões entre obras obrigatórias previstas em lei e outras voltadas para a população do distrito do Campo Grande, onde será instalado o futuro empreendimento.

O prefeito Dário Saadi (Republicanos) citou como exemplo a não ser seguido a implantação do Jardim Bassoli, surgido em 2011, feito sem a infraestrutura adequada. “A prefeitura tinha que correr depois para fazer a infraestrutura, ou a população ficava a própria sorte”, afirmou. “O importante nesse pacote de anúncios é que a gente pode falar é que os empreendimentos que estão sendo aprovados, independente de ser em área nobre ou em áreas mais distante do Centro, vem com infraestrutura e qualidade de vida”, afirmou Saadi.

“É um novo modelo de investimento para a cidade, abrangendo todas as áreas, como saúde, educação, mobilidade, saneamento e segurança, visando melhorar a qualidade de vida”, afirmou o secretário municipal de Planejamento e Desenvolvimento Urbano, Marcelo Coluccini. Nesse caso específico, entre as contrapartidas está o repasse para a Companhia de Habitação Popular (Cohab) de 55 moradias destinadas a atender famílias na fila de espera por habitação.

O loteamento a ser implantado prevê em sua primeira fase um Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 664 milhões de 2.656 unidades, o que representará a inclusão em torno de 13,5 mil novos moradores na área do Residencial Novo Mundo nos próximos anos. Esse número é equivalente a toda a população de Morungaba, a menor cidade da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Do total da contrapartida, em torno de R$ 16 milhões serão para obras obrigatórias para liberação do empreendimento, como abertura e pavimentação de ruas, instalação de redes de água, esgoto, drenagem e rede de iluminação pública.

Os outros R$ 37 milhões serão destinados à construção de duas escolas, um posto de saúde, adaptação do Terminal Itajaí para prolongamento do corredor do BRT (Ônibus de Trânsito Rápido, em tradução livre), doação das casas e outras projetos.

OBRAS

O novo loteamento levou cinco anos entre a compra da área, aprovação e o lançamento para venda. “Os novos clientes e a população que já está inserida nessas regiões vão ser agraciadas com este investimento. É com muita satisfação que a gente coloca esse novo complexo de forma extremamente organizada em parceria com o poder público, principalmente aqui com a prefeitura, dentro da cidade de Campinas”, afirmou o diretor regional de Produção da construtora responsável pelo empreendimento, Túlio Pereira Barbosa.

O empreendimento será destinado a famílias com renda em torno de três salários mínimos (R$ 4,55 mil), sendo classificado como de interesse social pela Cohab. Os compradores poderão ter acesso a subsídio do programa habitacional Minha Casa Minha Vida, do governo federal, ou do Casa Paulista, do estadual.

Além da infraestrutura obrigatória com 11 quilômetros de redes de água, esgoto e drenagem, 49 mil metros quadrados (m2) de vias pavimentadas com ciclovias, calçadas acessíveis e sinalização.

O bairro também contará com um parque linear de quase 15 mil m2, com áreas esportivas, aberto a toda a população. A construtora será responsável pela instalação de 16 pontos de ônibus, câmeras de segurança a serem integradas ao sistema Monitora Campinas e fornecimento de sinal de Wi-Fi nas áreas comuns. Ela fará ainda a arborização das ruas, prevendo o plantio de 3,8 mil mudas.

Na área da Saúde, está prevista a construção de um Centro de Saúde (CS) com capacidade para quatro equipes da Saúde da Família, além da reforma da parte elétrica do Centro de Saúde do Itajaí. O investimento previsto é de R$ 5,8 milhões.

A contrapartida inclui ainda a ligação das Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) 1 e 2 do Ribeirão Capivari, aumentando a capacidade da rede e possibilitando a expansão de novos empreendimentos na região. De acordo com o prefeito, a execução das contrapartidas acompanhará a execução do empreendimento, previsto para ser concluído em cerca de três anos.

Além do Campo Grande, as contrapartidas exigidas pela prefeitura beneficiarão também outras regiões da cidade. Os bairros Aparecidinha e Jardim São Marcos ganharão nova unidades do Centro de Educação Profissional de Campinas (Ceprocamp). Elas incluem ainda o projeto de restauro do Museu da Educação, localizado na Avenida Júlio de Mesquita, no Cambuí. O investimento nesse equipamentos está estimado em R$ 700 mil.

“Desde a concepção, esse projeto foi pensado com muito cuidado, em parceria com as secretarias da prefeitura. Campinas é uma cidade estratégica para a empresa, e temos orgulho de contribuir com um projeto tão moderno e inclusivo”, disse o diretor de Desenvolvimento da construtora, Fábio Scandar Teixeira.

REPERCUSSÃO

De acordo com o prefeito, o novo empreendimento segue a proposta da prefeitura de instalação de empreendimentos próximos aos corredores do BRT. “Vale ressaltar que esses empreendimentos que estão surgindo no Campo Grande e no Ouro Verde têm também um fator indutor fantástico, que é o corredor do BRT. Se não tivesse um corredor de ônibus que melhorasse não só o transporte coletivo como também o trânsito para a região, seria difícil você levar um empreendimento de qualidade como esse para lá”, afirmou Dário Saadi.

Para o presidente da Cohab, Arly de Lara Romeo, ações conjuntas entre o poder público e a iniciativa privada ajudam a reduzir a fila de espera por moradia. Em 2021, ela era estimada em 43 mil pessoas e hoje está em torno de 13 mil. “Vamos continuar reduzindo esse número com ações concretas como esta.

Graças à legislação moderna e à agilidade implantada na Cohab, por meio da delegação de competências, conseguimos acelerar processos e entregar soluções habitacionais de qualidade, com infraestrutura e equipamentos sociais”, completou.

Segundo a população do Campo Grande, as contrapartidas ajudarão a reduzir as carências da região.

“Os centros de saúde que existem são insuficientes. É preciso ter mais infraestrutura porque a população está aumentando com esses empreendimentos”, disse o motorista de aplicativo Denivaldo Conceição. Ele mora há um ano no distrito e disse enfrentar demorar para conseguir agendar consulta com médicos na rede pública O morador também apontou problemas no atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Alto Belém, que abrange aquela região. “Eu já fiquei o dia inteiro lá esperando atendimento”, reclamou.

O zelador Charles Cordeiro, que reside há 10 anos no Jardim Santa Clara, apontou também dificuldade para conseguir vaga em creche. “A que tem está lotada, porque todo mundo precisa trabalhar”, afirmou. Essa unidade fica ao lado da UPA. Para ele, os bairros do distrito necessitam de melhorias. Já o vigilante Juarez, residente naquela região há 15 anos, classifica como boa a estrutura oferecida à população. “Aqui tem de tudo, escola, pronto socorro, centro de saúde, mercado”, afirmou.

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