UNICAMP

Novo reitor defende o aumento de cotistas

Intenção é elevar pontuação de candidatos da escola pública

Fábio Galacci
23/04/2013 às 08:45.
Atualizado em 25/04/2022 às 19:09
José Tadeu Jorge, novo reitor da Unicamp, disse que tem 70 páginas de prioridades para gestão (Dominique Torquato/AAN)

José Tadeu Jorge, novo reitor da Unicamp, disse que tem 70 páginas de prioridades para gestão (Dominique Torquato/AAN)

O novo reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o engenheiro de alimentos José Tadeu Jorge — que já esteve à frente da instituição entre 2005 e 2009 —, defende o aumento do número de candidatos cotistas entre os aprovados no vestibular. Ele também quer aumentar o número de vagas para os atuais e novos cursos de graduação no campus de Limeira. A proposta de uma maior inclusão social, que ainda será debatida e avaliada pelo Conselho Universitário (Consu), sugere aumentar a pontuação dos candidatos inseridos no Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social da Unicamp (Paais), em que os estudantes vindos de escolas públicas recebem 30 pontos e os autodeclarados negros, pardos e indígenas somam 10 às suas notas finais. A ideia é aumentar de 30 para 50 pontos e de 10 para 20. Na prática, o programa já possibilitou à universidade o aumento de alunos vindos de escolas públicas de 28% para 32%. O objetivo é se aproximar ao máximo da meta estipulada pelo governo estadual, que é a de 50% de estudantes de escolas públicas nas universidades estaduais até 2016.

“Nós pretendemos ampliar esse programa e redimensionar a pontuação para fazer ainda mais inclusões. Hoje, a pontuação é aplicada na segunda fase (do vestibular). Uma das propostas de inclusão seria trazer para a primeira fase. O Paais é um programa que reúne condições importantes de manter a competitividade pelo ingresso (na universidade) e nivela aqueles que, socialmente, foram menos favorecidos para a competição do vestibular”, afirmou o reitor, durante entrevista coletiva. “A Unicamp já demonstrou que os alunos que ingressam auxiliados por esse programa (Paais) têm um desempenho melhor até do que aqueles que ingressam sem a sua ajuda”, disse.

O Programa de Formação Interdisciplinar Superior (ProFis) foi outra iniciativa mencionada. A seleção de estudantes para as 120 vagas do curso é feita com base nas notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para cada escola pública de Ensino Médio do município de Campinas é garantida uma vaga. “A intenção é também trabalhar com o aumento dessa inclusão”, disse Jorge.

Um terceiro caminho, que entrará em discussão, é o Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior do Estado de São Paulo (Pimesp), proposta para que 50% dos alunos da instituição sejam provenientes da rede pública de ensino. “Achamos que, com a utilização do Paais e do ProFis, vamos chegar muito perto desses 50%. Claro que podemos contar com essa terceira via de acesso, mas essa questão ainda não foi aprovada pelo Conselho.”

Um dos desafios da Unicamp é fazer com que todas as faculdades possibilitem de fato esse aumento da inclusão social, algo que ainda não ocorre na prática. “É natural que as pessoas (representantes das faculdades) tenham visões diferentes. Devemos intensificar o debate sobre essas questões e acho que conseguiremos convencer todas as faculdades de que esse esforço é importante para o País”, justificou.

Jorge afirmou que o aumento do número de vagas, especialmente nos cursos de graduação, é um objetivo que vai perseguir em sua nova gestão. “A expansão do campus em Limeira foi a maior da história da instituição em uma única gestão e ele não foi ainda completamente implantado. Projetamos um campus para mil vagas na graduação, mas 480 foram efetivamente implantadas. Então, há um espaço de crescimento significativo ali e isso vai exigir novas construções nas áreas físicas e, certamente, a contratação de professores e funcionários para que possamos instalar ali os cursos que dariam conta do projeto original. Há cursos que foram aprovados pelo Conselho Universitário e que ainda não foram implantados.”

Salários

Outra das prioridades do novo reitor a partir de agora é trabalhar pela equiparação salarial dos funcionários da Unicamp com os da Universidade de São Paulo (USP). Segundo ele, o tema é importante e afeta a qualidade dos serviços prestados na instituição. “É evidente que há um descontentamento e uma certa injustiça sobre o fato dos salários serem diferenciados. São duas universidades praticamente irmãs, do mesmo sistema. Nós estamos perdendo profissionais para a USP e, com isso, começamos a perder qualidade no nosso setor de apoio”, disse.

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