PROPOSTA É ALTERADA

Novo projeto amplia shopping popular e mantém bens tombados em Campinas

Serão preservados galpão metálico e armazém de exportação do pátio ferroviário

Edimarcio A. Monteiro/ [email protected]
25/08/2022 às 09:17.
Atualizado em 25/08/2022 às 09:48
Novo projeto visa solucionar o impasse gerado pela proposta anterior, que previa demolição do galpão metálico, usado como garagem de vagões e tombado como patrimônio histórico (Gustavo Tilio)

Novo projeto visa solucionar o impasse gerado pela proposta anterior, que previa demolição do galpão metálico, usado como garagem de vagões e tombado como patrimônio histórico (Gustavo Tilio)

Os prédios históricos tombados do pátio ferroviário, no Centro de Campinas, serão ocupados com área de alimentação e boxes comerciais, conforme a nova proposta de construção do shopping dos camelôs. A integração desses bens tombados ao novo camelódromo está prevista no projeto totalmente novo elaborado pelo arquiteto Marcelo Hobeika e discutido com o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc), visando adequar a obra à legislação de preservação histórica.

A proposta foi revista após o Condepacc vetar, em julho, a retirada de um galpão metálico, conhecido como garagem de vagões, que é tombado. “Atendemos a todos os pedidos feitos pelo Conselho e o novo projeto valoriza os dois prédios históricos”, diz Hobeika. As modificações preveem a implantação de uma área de alimentação dividida entre esse galpão e o armazém de exportação, prédio de tijolo à vista que fica próximo e também é tombado.

O novo projeto propõe que o shopping dos camelôs tenha 51 mil metros quadrados de área construída, dos quais 17 mil m² serão destinados a uma garagem no subsolo com aproximadamente 750 vagas para carros. Isso representa um prédio 21,43% maior do que a proposta vetada, que previa o shopping popular com 42 mil² e um estacionamento na lage do terceiro piso.

De acordo com o vereador e vice-presidente do Sindicato dos Empreendedores Individuais de Ponto Fixo Público e Móvel de Campinas (Sindipeic), José Carlos dos Santos, o Carlinhos Camelô (PSB), neste momento, a entidade realiza um levantamento sobre o impacto das mudanças no projeto para o custo da obra do shopping. O investimento previsto era de R$ 115 milhões, mas será preciso levar agora em conta as despesas com o reajuste do material de construção e com a garagem subterrânea, que exige escavações, fundações e cotas de proteção, explica o arquiteto.

Espaços

“Para baixar o custo, o projeto ficou mais simples. Foi tirado de um lado e colocado em outro”, disse Carlinhos Camelôs ao explicar o equilíbrio que tem sido buscado para manter o custo mais próximo possível do valor inicialmente previsto. 

Apesar das modificações feitas, o novo projeto mantém o shopping com 1.688 boxes para atender à retirada dos camelôs que hoje estão espalhados por seis pontos do Centro, entre eles as Ruas Álvares Machado, Benedito Carvalho Pinto e Terminal Central.

O novo desenho prevê que uma parte do centro de compras tenha três andares. No espaço da garagem de carros, além da área de alimentação, haverá um mezanino multiuso, onde poderão ser instalados cinema, agência bancária, lotérica e serviços públicos, como órgãos da Prefeitura e da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A. (Sanasa).

O projeto está programado para ser analisado pelo Condepacc na reunião do dia 15 de setembro. Após passar pelo órgão municipal, a proposta terá de ser avaliada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico (Condephaat), subordinado à Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, que também tombou a estação ferroviária, hoje conhecida como Estação Cultura. Isso porque os prédios históricos a serem ocupados pelo shopping dos camelôs ficam dentro da chamada área envoltória de preservação, equivalente a um raio de 300 metros ao redor da estação.

Porém, Hobeika não acredita em maiores dificuldades para aprovação, pois toda a legislação de proteção ao patrimônio foi seguida. Carlinhos Camelô diz que todo esforço está sendo feito para o início das obras o mais rápido possível. 

Um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público prevê a retirada dos camelôs do Centro até o próximo ano. O prazo inicial era de 2021, mas foi prorrogado por mais dois anos.

Em julho de 2020, a Prefeitura encaminhou à Câmara Municipal o projeto de lei complementar de autorização de cessão da área para o empreendimento, com a aprovação ocorrendo no mês seguinte. Na época, a previsão da Administração Municipal era que a obra iniciasse no começo de 2021, mas até hoje não saiu do papel. A construção do shopping faz parte do projeto da Prefeitura de revitalização do Centro. 

Outros projetos

Além do centro de compras dos camelôs, que ficará em frente ao Terminal Metropolitano Prefeito Magalhães Teixeira, a Prefeitura de Campinas tem outros projetos para ocupação do pátio ferroviário. No final de julho, o prefeito Dário Saadi (Republicanos) assinou com a Secretaria de Patrimônio (SPU) a cessão de uma área de 200 mil m² do pátio para o município, que é avaliada em R$ 80 milhões. Essa área fica voltada para a Rua Sales de Oliveira, na Vila Industrial.

Desse total, 38 mil m² que não possuem prédios de relevância histórica serão, posteriormente, destacados para alienação pelo governo federal. Dos 162 mil m² que ficarão com a Administração Municipal, 141,5 mil m² passarão por estudos para definição de uso do espaço e dos bens. Nessa parcela, estão 42 imóveis. Os outros 20,5 mil m² serão destinados como área de interesse social.

De acordo com a Administração, o objetivo é buscar parcerias com a iniciativa privada para a instalação de empreendimentos culturais, de turismo, eventos, gastronomia, além de utilizar o espaço para inovação e tecnologia, instituições de ensino e pesquisa, novos meios de transporte, e usos mistos que garantam o funcionamento da região por 24 horas para promover a atração de moradores e segurança. O processo de cessão passa agora por um inventário de bens da área e regulamentação dos títulos cartoriais pela SPU.

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