Casa enfrentou polêmicas e teve acaloradas discussões, mas pouco foi feito
O vereador Campos Filho, presidente do Legislativo campineiro: "Nós estamos pilotando um Titanic" (Leandro Ferreira/AAN)
Enquanto a Prefeitura de Campinas enfrentou como principais adversários o tempo e os cofres em baixa para conseguir colocar em prática as ações anunciadas para os cem primeiros dias de governo, o Legislativo enfrentou polêmicas e pressão nesse período e poucas promessas do presidente Campos Filho (DEM) saíram do papel — diferentemente do prefeito Jonas Donizette (PSB), porém, ele não trabalhou com prazos. Em cem dias — vencidos na última quarta-feira — os vereadores viveram discussões sobre a concessão de benefícios como o tíquete para comissionados, compra do lanche para as sessões, foi alvo de um assalto a um caixa eletrônico e já há um eleito alvo da Corregedoria da Casa (Paulo Galterio, do PSB), por supostamente ter se apropriado de uma área pública.
O período intenso no Legislativo ainda contou com debates acalorados que quase terminaram em agressão física entre os parlamentares, com protestos dos mais variados segmentos públicos, com projetos polêmicos e pedidos para a alteração das regras internas da Casa.
No balanço do início de mandato do Legislativo, o presidente Campos Filho (DEM), falou em mudanças comportamentais dos vereadores, em cuidado com o dinheiro público e do monitoramento da sociedade sobre as ações dos vereadores. Para ele, o Legislativo é, de todos os poderes, o mais fiscalizado em razão da proximidade da Casa com a sociedade.
“Nós estamos pilotando um Titanic. A mudança, ela é comportamental. Cito uma mudança pontual. A viagem que o vereador (Vinícius Gratti, do PSD) solicitou (para um seminário na Bahia), nós entendemos que não cabia à Câmara arcar com essa importância. Nós estamos tendo essa precaução. Estamos criteriosos em relação a isso. Nós estamos tendo zelo com a Casa”, disse o democrata.
O discurso de Campos Filho sofreu alteração desde que o democrata assumiu o comando da Câmara. Nos primeiros dias de sua gestão, o presidente chegou a falar sobre “dar condições de trabalho aos vereadores” e melhorar a estrutura dos gabinetes e da Casa. Cem dias depois de dar início ao comando do Legislativo, Campos manteve alguns projetos, mas fala em “valorizar o vereador, dentro da realidade que estamos vivendo”.
Preocupado com a fiscalização do Tribunal de Contas do Estado (TCE) — que tem nas mãos hoje o poder de deixar qualquer político inelegível com reprovação de contas, por exemplo — e também com a opinião popular, o democrata se mostra agora mais contido e cauteloso em relação aos gastos da Casa.
Neste início de mandato, os assuntos mais polêmicos fizeram parte da rotina dos vereadores. A compra do lanche para as sessões, por exemplo, orçada inicialmente em até R$ 48 mil, foi cancelada depois de muita discussão entre os legisladores. Outra polêmica foi a coleta de assinaturas, movimento organizado pelo vereador Paulo Galterio, para que a Casa passasse a pagar um tíquete no valor de R$ 920,00 para os funcionários comissionados. A compra do tíquete foi descartada pelo presidente.
Os vereadores também querem a alteração do Regimento Interno da Casa para que a terceira parte das sessões — período em que os vereadores utilizam a tribuna para a discussão dos mais variados assuntos — não seja mais encerrada por falta de quórum. Na última semana, uma denúncia contra Galterio, de que o parlamentar cobra pelo uso de um campo de futebol público, também motivou a presidência a pedir uma investigação da Corregedoria.