20 MIL M²

Novo hospital ficará em área atualmente ocupada pelo Dep. de Transportes Internos

Expectativa é que unidade tenha 400 leitos; prefeitos das cidades da RMC celebraram construção de mais uma estrutura para atender a população dos municípios

Luiz Felipe Leite/[email protected]
11/06/2025 às 11:32.
Atualizado em 11/06/2025 às 14:09
Expectativa é que o Hospital Metropolitano tenha 400 leitos para média e alta complexidade, com as obras previstas para terminar em até três anos após o início; o local será construído no terreno onde atualmente funciona o Deti, departamento que faz o gerenciamento dos contratos de locação de veículos e de combustível da gestão municipal (Kamá Ribeiro)

Expectativa é que o Hospital Metropolitano tenha 400 leitos para média e alta complexidade, com as obras previstas para terminar em até três anos após o início; o local será construído no terreno onde atualmente funciona o Deti, departamento que faz o gerenciamento dos contratos de locação de veículos e de combustível da gestão municipal (Kamá Ribeiro)

O futuro Hospital Metropolitano será construído em Campinas em uma área de 20 mil metros quadrados que pertence ao município, onde atualmente funciona o Departamento de Transportes Internos da Prefeitura (Deti), no Parque Itália. As informações foram confirmadas ontem pela gestão municipal ao Correio Popular. A construção foi confirmada no último sábado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Na Região Metropolitana de Campinas (RMC), os prefeitos das 20 cidades comemoraram a futura chegada tão aguardada nova unidade hospitalar, que servirá para desafogar as já existentes, como o Hospital PUC-Campinas e o Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp.

Nesse caso, mesmo concordando com a iniciativa do governo estadual, eles reforçaram que ainda há necessidade de criação de outras unidades de saúde, especialmente com atendimento voltado para pacientes oncológicos e cardiovasculares. 

A perspectiva do governador de São Paulo é de que a obra do Hospital Metropolitano, que deverá ter 400 leitos para média e alta complexidade, levará de 24 a 36 meses para ser concluída. O investimento previsto é de cerca de R$ 400 milhões. A expectativa é iniciar o projeto ainda no segundo semestre de 2025. Segundo a Prefeitura de Campinas, o local será construído no terreno onde atualmente funciona o Deti, na Rua Francisco de Assis Iglesias, departamento que faz o gerenciamento dos contratos de locação de veículos e de combustível da gestão municipal. A Prefeitura procura outro espaço para receber o Deti.

No entorno de onde ficará a nova unidade funcionam o Hospital Mário Gatti, o Hospital Mário Gattinho, o Hospital do Amor, um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) e o Ambulatório Médico de Especialidades (AME). O prédio do Centro de Referência e Atenção Integral da Mulher (Craim), popularmente conhecido como Hospital da Mulher, também está nos arredores, mas ainda não foi inaugurado.

COMEMORAÇÃO

O prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), destacou que a confirmação da construção do novo hospital é resultado de uma mobilização persistente das prefeituras. Em declaração na reunião extraordinária do Conselho de Desenvolvimento da RMC, realizada ontem na cidade, ele analisou essa conquista foi construída com muito diálogo. “Foram anos de reuniões, documentos, pedidos oficiais e articulações técnicas. A região reafirma a importância de instalar o hospital aqui, especialmente pela lógica de aproveitamento da área próxima ao AME. O governador reconheceu que atendeu a uma demanda dos prefeitos da RMC.”

O prefeito de Sumaré, Henrique do Paraíso (Republicanos), comentou que os gestores municipais enfrentam hoje uma rede de saúde sobrecarregada, com dificuldades na regulação de vagas e necessidade cada vez maior de atendimentos de média e alta complexidade. “Em diversas ocasiões, apresentamos ao governador Tarcísio a urgência de ampliar a estrutura hospitalar na RMC. Ele nos ouviu atentamente e trabalhou conosco para transformar essa necessidade em realidade.” 

Já o prefeito de Indaiatuba, Custódio Tavares (MDB), afirmou ter esperança de que esse novo hospital possa melhorar o atendimento em saúde para toda a região. “A saúde é uma área que demanda investimentos constantes. Os serviços necessitam de ampliações não apenas com novas portas, mas também com mais qualidade. Essa deve ser uma busca contínua de todo gestor público.” 

O prefeito de Morungaba, Luis Fernando Miguel (União Brasil), espera que o Hospital Metropolitano possa suprir os serviços de saúde especializados, reduzindo a demanda reprimida por atendimentos médicos. “Recebemos com muita satisfação a notícia, já que esse hospital é uma antiga reivindicação de todas as cidades da RMC.” 

PONDERAÇÕES

A superintendente do HC da Unicamp, Elaine Cristina de Ataide, avaliou que o Hospital Metropolitano é algo necessário para a RMC, considerando a carência de leitos hospitalares na região. Por outro lado, ela alertou que a região também necessita de uma unidade voltada à oncologia e outra estrutura com foco em casos cardiovasculares. “Essas necessidades não desabonam a demanda por um Hospital Metropolitano, mas também não podem concorrer com ela”, ponderou.

O superintendente do Hospital PUC-Campinas, Aguinaldo Pereira Catanoce, citou o aumento do número de habitantes da RMC, o envelhecimento da população (que gera mais comorbidades) e o trânsito cada vez maior de indivíduos pela região de forma temporária (como no turismo de negócios), entre outros fatores, gerou uma sobrecarga cada vez maior para o Sistema Único de Saúde (SUS) suportar.

“Um Hospital Metropolitano será importante, mas o impacto dele para a RMC precisa ser avaliado, a forma como isso será dimensionado. Será que ele vai mesmo resolver todos os problemas? Também é importante o entendimento de que apenas mais leitos não vão resolver as questões que existem atualmente, como no caso das demandas SUS oncológicas e cardiovasculares, que são as que mais são atendidas no Hospital PUC-Campinas.” Outras medidas citadas por Catanoce envolvem o aprimoramento da inteligência da saúde a partir da gestão de dados, principalmente na atenção básica, para evitar uma piora clínica dos pacientes, evitando internações e reforçando as medidas preventivas para a população.

O presidente do Conselho Municipal de Saúde de Campinas, Paulo Mariante, opinou que a confirmação de um Hospital Metropolitano é uma notícia bem-vinda, mas que precisa virar realidade. “Esperamos que esse hospital ajude a desafogar a fila de cirurgias eletivas. Aqui em Campinas temos muitos casos que ficaram para trás, especialmente considerando a grande quantidade de acidentes de trânsito que demandam atendimentos mais imediatos, o que deixa as cirurgias eletivas em segundo plano.” 

HISTÓRICO

O Correio Popular faz a cobertura do assunto desde o começo das discussões sobre a necessidade de amenizar a demanda da saúde com a construção de uma nova unidade hospitalar. Em setembro de 2022, o ex-governador Rodrigo Garcia anunciou a construção do Hospital Metropolitano durante uma visita à cidade enquanto realizava campanha eleitoral. Em março de 2023, em um evento reunindo prefeitos da RMC, empresários e deputados federais, já havia um escopo do projeto em discussão. O número de leitos poderia chegar a 400, com o custo de investimento de R$ 320 milhões e um custeio anual de R$ 250 milhões. Chamado de Hospital Regional Metropolitano, a unidade ficaria em uma área da Fazenda Argentina de cerca de 40 mil metros quadrados, cedida pela Unicamp para o projeto.

O jornal também acompanha os constantes alertas de superlotação dos hospitais de Campinas. Há menos de um mês o HC confirmou que a Unidade de Emergência Referenciada (UER) do hospital também estava superlotada. O nível de ocupação do local era de 210% além do limite operacional, com 93 internações em uma unidade com capacidade para 30 leitos.

A Rede Mário Gatti não declarou superlotação de suas unidades, com a ocupação ficando constantemente entre 90% a 100% da capacidade. Na tarde da última sexta-feira, o Pronto-Socorro Adulto do Sistema Único de Saúde do Hospital PUC-Campinas declarou superlotação novamente, com 78 pacientes internados, todos de alta complexidade, com 47 alocados no corredor por ausência de espaço físico na unidade. A unidade trabalhava com uma sobrecarga de 390%. Com isso, as cirurgias eletivas foram suspensas até que a situação da unidade se estabilize.

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