Novas cepas ameaçam agravar quadro da covid
Prefeitura inicia ampliação de leitos de UTI e cogita hospital de campanha; aumento da taxa de transmissão da doença na cidade é evidência da chegada de variantes do vírus
De acordo com as autoridades de saúde, situações de algomeração contribuem para o aumento expressivo da transmissão das novas variantes do coronavírus (Diogo Zacarias/ Correio Popular)
A Prefeitura de Campinas admite que novas variantes da covid-19 estão em circulação pela cidade. A evidência tem como base o aumento na taxa de transmissão no município, que passou de 1,0 para 1,2. Agora, cada pessoa infectada transmite o vírus para outras duas e assim sucessivamente. As aglomerações são apontadas como a causa da alta na taxa. O fato acelerou o processo de remanejamento para ampliação dos leitos covid na cidade. A reativação de um hospital de campanha também não está descartada.
Diante da constatação, a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), Andrea Von Zuben, informou que a Prefeitura conseguiu autorização junto ao Instituto Adolfo Lutz e à Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado de Saúde para fazer sequenciamento genético nas amostras de pacientes graves e menores de 40 anos que estão infectados pela covid. O objetivo é detectar alterações na estrutura viral, de modo a confirmar a presença de novas cepas do coronavírus no município.
"Por conta do padrão epidemiológico de transmissão e do número de óbitos registrados nas últimas semanas, demos início a essa investigação. Não temos ainda nada comprovado de que um campineiro se infectou com as novas variantes em Campinas, mas parece que sim. É um processo que leva alguns dias, mas diante dos fatos, resolvemos investigar essa possibilidade", disse.
Até então, a nova variante brasileira do coronavírus, conhecida como cepa de Manaus, havia sido confirmada em uma turista de 78 anos que ficou internada em um hospital particular do município, entre 14 e 25 de janeiro. A idosa, que já não está mais em Campinas, havia chegado à cidade pelo Aeroporto de Viracopos em voo vindo de Manaus.
Na ocasião, a Prefeitura manteve o monitoramento da mulher e das filhas dela.
"Monitoramos essa pessoa, desde o voo, no hospital e no hotel para tentar evitar que ela ou as filhas tivessem contato com outras pessoas. Parece que não houve transmissão em Campinas, mas pode ter ocorrido. O importante é que estamos investigando e tomando todas as providências necessárias", ressalta diretora da Vigilância em Saúde.
O diretor presidente da Rede Mário Gatti, Sérgio Bisogni, também acende o sinal de alerta em relação à pressão que se observa novamente na estrutura física para a expansão dos leitos de UTI covid na cidade. Segundo ele, já há necessidade de remanejamento dentro do hospital para garantir o atendimento. "Estamos chegando ao limite. Precisamos de ajuda, seja do Estado, seja da União para não atingirmos uma situação crítica. Na próxima segunda-feira, vamos mudar a UTI de local, mantendo os dez leitos que existem. Na área da UTI vamos instalar mais 14 leitos de enfermaria. No pronto socorro, em uma sala para não covid, vamos estruturar para receber sete leitos covid", adiantou.
O secretário municipal de Saúde, Lair Zambon, disse que mesmo com esse horizonte de aumento de leitos, tanto de enfermaria quanto de UTI, a situação atual em Campinas é muito preocupante. "Há 45 dias estávamos com uma taxa de ocupação de leitos em 70%. Hoje essa taxa está em 90%, ou seja, praticamente no limite. Tudo por conta dessa nova variante do vírus que deve estar circulando na cidade", inferiu. O prefeito Dário Saadi (Republicanos) informou que não está descartada a reativação de um hospital de campanha caso haja necessidade.
