saneamento

Nova Odessa passa a tratar todo esgoto

Com a obra, Nova Odessa atingiu o tratamento integral do esgoto produzido no município

Rogério Verzignasse
05/07/2018 às 07:34.
Atualizado em 28/04/2022 às 14:50
Investimentos de cerca de R$ 18 milhões colocam o município entre os privilegiados do Brasil, já que a maioria dos resíduos produzidos é despejada nos rios sem nenhum tratamento (O Liberal/Divulgação)

Investimentos de cerca de R$ 18 milhões colocam o município entre os privilegiados do Brasil, já que a maioria dos resíduos produzidos é despejada nos rios sem nenhum tratamento (O Liberal/Divulgação)

A Prefeitura de Nova Odessa entregou ontem a terceira fase de sua Estação de Tratamento de Esgotos (ETE), que começou a ser construída em 2010 e recebeu investimentos de R$ 18 milhões. Com a obra, Nova Odessa atingiu o tratamento integral do esgoto produzido no município. O mais interessante do empreendimento é que a cidade, que soma 56 mil habitantes, passa a contar com capacidade instalada para garantir a disponibilidade do serviço para mais 30 mil futuros moradores.  Privilégio raro para um País que, segundo os analistas do Instituto Trata Brasil, não trata nem metade dos resíduos que gera. Nada menos que 55% do esgoto são lançados sem tratamento nos rios. A ETE Quilombo, maior obra de saneamento da história da cidade, conta com um avançado sistema de reatores compactos mistos (aeróbicos e anaeróbicos), os chamados tanques U-Box. A tecnologia holandesa reduz o material orgânico praticamente em sua totalidade. O impacto ambiental é mínimo. O sistema não gera odores (graças a um queimador de gás), consome pouca energia e é tubular, ou seja, pode ser ampliado. Nesta quarta, por exemplo, foi entregue o terceiro U-Box. Outros dois já funcionavam, e tratavam a totalidade do esgoto produzido na cidade. Só nesta terceira fase, o projeto recebeu investimentos da ordem de R$ 6,8 milhões. A cidade, que já tratava 185 litros de esgoto por segundo, ganha uma nova caixa, com capacidade para mais 46. É um progresso significativo. Até 2015 – data da inauguração da ETE –, Nova Odessa tratava apenas 7% do esgoto que produzia. A cidade contava, até então, apenas com o modesto sistema da ETE Palmital, que funcionava no limite com Sumaré. A ETE Quilombo, localizada próxima ao limite com Americana, ainda tem a vantagem de ter sido construída no ponto mais baixo do território. Praticamente todo o esgoto a ser tratado chega ao complexo sem necessidade de bombeamento. Coletores A eficiência do sistema ainda foi garantida com a instalação de uma rede de coletores-tronco, que capta o esgoto doméstico ao longo dos oito córregos que atravessam a cidade. O projeto todo envolveu investimentos da ordem de R$ 24 milhões, e contou com recursos compartilhados entre os governos da União, do Estado e do Município. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, foi o principal financiador das duas primeiras fases, entregues até 2015. A terceira fase teve verbas do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro), do governo paulista. A ETE Quilombo também é um equipamento estratégico para a execução de um projeto ainda mais ambicioso, que prevê a despoluição do Ribeirão Quilombo, o mais degradado curso d'água de toda a Região Metropolitana de Campinas (RMC). Projetos ambientais O Consórcio PCJ é uma associação de direito privado sem fins lucrativos, que envolve municípios e empresários na elaboração e na execução de projetos ambientais. Fundado em 13 de outubro de 1989, o consórcio atua com independência técnica e financeira. O poder de decisão cabe a um conselho formado pelos consorciados. A entidade busca conscientizar a sociedade sobre a necessária recuperação dos mananciais. Quem tem interesse em saber mais sobre o PCJ pode acessar http://www.agua.org.br ou ligar para (19) 3475-9400. Piscinões e diques contra novas enchentes O combate às enchentes é essencial no projeto de revitalização do Ribeirão Quilombo. As inundações são comuns na região central de Sumaré, que sofre com o subdimensionamento dos bueiros e pontes e os atuais índices de impermeabilização das áreas contribuintes. As populações ribeirinhas são as principais vítimas. Em Americana, as cheias afetam a região central. Para contornar a situação, são previstos piscinões e diques ao longo de todo o curso do ribeirão. Serão áreas de cobertura vegetal, destinadas à preservação permanente. Antes que o ribeirão atravesse Americana, por exemplo, a água vai encher os piscinões previstos para instalação em Nova Odessa. SAIBA MAIS O projeto, que conseguiu o tratamento integral do esgoto produzido em Nova Odessa, contou com a instalação de 34,6 quilômetros de coletores, ao longo dos córregos Palmital, Capuava, São Francisco, Lopes, Bassora e Harmonia, além de oito mil metros de interceptores, que transportam os resíduos até o Instituo de Zootecnia (IZ), e de lá até a ETE Quilombo. RMC investe R$ 177 mi em revitalização de Quilombo As cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC) estão envolvidas na execução de um que prevê, em dez anos, a revitalização completa do Ribeirão Quilombo, castigado pela emissão de poluentes domésticos e industriais. O plano prevê a recuperação da mata ciliar e a construção de reservatórios e diques, importantes para evitar alagamentos em áreas urbanas superadensadas. As obras, orçadas em R$ 177 milhões, serão executadas com recursos provenientes do poder público e parcerias com o setor privado. Quem coordena os investimentos é o Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), que há quase três décadas executa programas de preservação dos mananciais. Para recompor as matas ciliares ao longo dos 40 quilômetros de extensão do ribeirão, será necessário o plantio de 280 mil mudas nativas, o que vai exigir um investimento anual aproximado de R$ 570 mil reais anuais, ao longo de uma década. O plano de contenção de cheias e a construção de onze reservatórios vai custar cerca de R$ 16 milhões anuais. Do ponto onde o ribeirão nasce até a foz no Rio Piracicaba, o Quilombo corta trechos dos municípios de Campinas, Paulínia, Hortolândia, Sumaré, Nova Odessa e Americana. O Plano das Bacias PCJ prevê que toda a microrregião tenha, em dois anos, 100% de coleta e tratamento de esgoto.

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