Abertura de 8 inquéritos foi revelada nesta sexta pelo MP; um apura depósito para irmão de Rosely
Jornalistas tentam entrevistar a ex-primneira-dama Rosely Nassim Jorge Santos, que não se manifestou: audiência foi adiada para avaliação de novas informações do caso (Janaína Maciel/AAN)
Oito inquéritos abertos pelo Ministério Público (MP), para apurar o suposto esquema de lavagem de dinheiro de parte dos réus do Caso Sanasa, travaram nesta sexta-feira (8) a audiência em que 19 acusados seriam interrogados.
O promotor Amauri Silveira Filho adicionou essas novas provas ao processo, porém, por uma falha administrativa, parte da documentação não estava na mesa do juiz da 3ª Vara Criminal, Nelson Augusto Bernardes, no início da sessão.
A pedido do promotor, o magistrado decidiu adiar os interrogatórios. Até agora os réus são acusados de fraudes em licitação, corrupção e formação de quadrilha.
Nas novas informações repassadas pelo promotor do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), houve um depósito de R$ 567 mil que teria sido feito pelo ex-diretor de Planejamento da Prefeitura de Campinas Ricardo Chimirri Cândia para uma empresa, que tem como sócio o irmão da ex-primeira-dama de Campinas Rosely Nassim Jorge Santos.
Foi justamente o comprovante da transação que não constava nos documentos adicionados pelo Gaeco ao processo do Caso Sanasa. Por esta razão, o promotor pediu o adiamento da audiência, que foi remarcada agora para o dia 21 deste mês. Os novos documentos já foram anexados ao processo.
O advogado Ralph Tórtima Stettinger Filho, que defende Cândia, disse que seu cliente nega qualquer tipo de depósito feito na conta da empresa do irmão de Rosely. “Nós vamos avaliar esses documentos e, se for preciso, pedir para que seja feito um exame grafotécnico para comprovar que Cândia não realizou nenhum depósito”, disse.
Após a suspensão da audiência, enquanto Cândia aguardava sua liberação, disse várias vezes a seu advogado que a transação bancária nunca existiu. Os depósitos citados pelo MP foram feitos em duas vezes e totalizaram R$ 565,750 mil. Em depósitos superiores a R$ 100 mil, existe a necessidade da comprovação do depositante.
Segundo dados da Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), em maio de 2006, o irmão da ex-primeira dama de Campinas passou a ocupar o cargo de administrador da empresa constituída em 1990 e que tem como objeto social o transporte rodoviário de cargas e locação de automóveis.
Investigação
O Gaeco abriu oito procedimentos de investigação focados nos ex-integrantes do governo do prefeito cassado Hélio de Oliveira Santos (PDT) para apurar o caminho do dinheiro supostamente desviado da Prefeitura de Campinas.
Segundo Silveira Filho, com base no que foi dito pelo delator do esquema, o ex-presidente da Sanasa Luiz Augusto Castrillon de Aquino, e de dados coletados com a quebra de sigilos bancário e fiscal de oito réus, foi possível traçar um panorama do que supostamente foi desviado. Porém, Silveira Filho citou apenas o depósito de Cândia e não falou sobre a estimativa total do quanto supostamente foi desviado.
O promotor também disse aos advogados que os fatos não são novos, uma vez que os réus já prestaram depoimento sobre os inquéritos que apuraram a prática de lavagem de dinheiro.
Sigilo
Em julho de 2011, Bernardes autorizou a quebra de sigilo fiscal da ex-primeira-dama e de outros sete acusados. Além de Rosely, as declarações fiscais do ex-diretor técnico da Sanasa Aurélio Cance Júnior, Cândia, Aquino, o ex-diretor financeiro da Sanasa Marcelo de Figueiredo, os lobistas Emerson Geraldo de Oliveira, Maurício de Paulo Manduca e José Carlos Cepera também passaram por um pente-fino da Promotoria.