Monumento de Carlos Gomes, no marco zero de Campinas foi recuperado ano passado: falta de preservação do espaço (Edu Fortes/AAN)
O monumento-túmulo de Carlos Gomes, localizado na praça Bento Quirino, marco zero de Campinas, amanheceu pichado na manha de sábado. Um dia antes, a reportagem havia visitado o patrimônio e a estrutura estava limpa. Porém, na manhã de sábado, a base da homenagem ao maestro, cidadão mais ilustre de Campinas, recebeu a inscrição com o nome de uma facção criminosa que age nos presídios do Estado.
O portão da grade que cerca o monumento estava aberto e havia, ainda, uma garrafa de cerveja e lixo na área. “Todas as noites é a mesma coisa. A molecada que frequenta os bares da praça entra no cercado, senta no monumento e fica ali, bebendo por horas.
Ninguém tem respeito pela memória da cidade, eles não se importam, só querem saber de farra. Já vi gente jogando garrafa de vidro de longe para quebrar no Carlos Gomes, para se ter ideia”, disse um taxista de 52 anos. O local, que é um dos símbolos da cultura de Campinas, passou por uma reforma no ano passado, já que há tempos vinha sofrendo com a ação de vândalos. As correntes que margeavam o túmulo tinham sido roubadas, as letras de concreto que formam o nome das óperas compostas pelo músico quebradas e a grama no entorno do túmulo estava danificada. A recuperação incluiu, ainda, a instalação da cruz de mármore que fazia parte da obra, que havia sido roubada, mas foi recuperada por meio de um trabalho de pesquisa fotográfica feito pela Coordenadoria de Patrimônio Cultural.
O monumento foi inaugurado em 16 de setembro de 1905, por Santos Dumont. Tem estrutura de granito e ostenta a estátua de bronze em corpo inteiro do maestro, como se ele estivesse regendo uma orquestra. Na base, uma figura de mulher, também em bronze, representa a cidade de Campinas. A obra é do escultor Rodolfo Bernadelli (1852-1931).
Antônio Carlos Gomes nasceu em Campinas em 11 de julho de 1836. Em 1861 regeu sua primeira ópera A Noite do Castelo, no Rio de Janeiro. Diplomou-se como maestro-compositor no Conservatório de Milão em 1866. Alcançou o ápice da carreira artística com sua ópera O Guarani, levada à cena no teatro Scala de Milão, em 1870. Morreu em Belém do Pará em 16 de setembro de 1896, sendo seu corpo conduzido para Campinas e enterrado em seu monumento-túmulo em 2 de julho de 1905.