O Projeto Tive Fome, que completa 5 anos em julho, é um voluntariado informal, mas que já alimentou e aqueceu milhares de pessoas em situação de rua
Voluntários oferecem sanduíches para quem muitas vezes não tem o que comer (Wesley Mesquita Costa/Divulgação)
Um voluntariado informal, mas que já alimentou e aqueceu milhares de pessoas em situação de rua. O Projeto Tive Fome, que completa cinco anos em julho, está arrecadando cobertores para a ação de Inverno deste ano. Em parceria com uma casa noturna de Campinas, eles vão realizar uma noite solidária e os recursos arrecadados com os ingressos serão destinados a ajudar àqueles que estão em situação de vulnerabilidade social. Chamado de “Samba que Aquece”, o evento será revertido em mil cobertores, que custam R$10,00 cada, totalizando R$10 mil. “Às vezes queremos ajudar e não sabemos como começar, onde atuar ou o que fazer. Enquanto deixamos essas dúvidas nos consumirem, o tempo vai passando e as pessoas que precisam continuam desamparadas. Por isso, mesmo informalmente, começamos esse projeto, que hoje conta com dezenas de voluntários e doadores”, explicou o idealizador do projeto David Pinheiro Soares. “Com essa iniciativa, encontramos uma forma de arrecadar recursos e, ao mesmo tempo, oferecer para essas pessoas solidárias, boa música e uma noite agradável”, disse. O evento, que acontece no próximo dia 9, no Bar Seu Vidotti, vai contar com música dos grupos Sem ReZnha e Márcio e Tchelo. O Samba de Responsa também participa e, segundo o vocalista e um dos sócios do bar onde acontece a ação, a solidariedade está na veia dos músicos. “O nosso grupo já realizava todos os anos uma atividade solidária. O David nos procurou e resolvemos ajudar, doando 100% da portaria para a compra dos cobertores”, explicou Silas Ribeiro. “Aprendi a importância de ajudar o próximo em casa, com a minha mãe, que sempre se envolveu em trabalhos voluntários. Será apenas uma noite de dedicação em troca de muitas vidas aquecidas neste Inverno”, completou. Obstáculos “Por que será que nos colocamos tantos obstáculos?”, questionava David no dia em que, voltando do trabalho, decidiu comprar pães e mortadela e oferecer aos moradores em situação de rua que estavam próximos a sua casa. Ao ver que ajudar poderia ser algo mais simples, em 26 de julho de 2013, ele reuniu um pequeno grupo de amigos dispostos a servir sopa aos moradores de rua do Centro de Campinas. Naquele dia nasceu o Projeto Tive Fome. “Partindo da ideia de que ajudar é fácil, nós, do Projeto Tive Fome, acreditamos que para prestar auxílio a alguém não é preciso um plano muito elaborado, nem uma estrutura complexa, nem rios de dinheiro, nem muito tempo disponível. Se cada um puder contribuir um pouquinho, juntos seremos capazes de ajudar um grande número de pessoas”, contou. O grupo, marcado pela diversidade, não tem vocação religiosa e nem política. “Não somos ligados a nenhum tipo de instituição. Nossas crenças e ideais são tão diversos quanto os participantes que integram este grupo. Nossa prioridade é a distribuição de alimentos para quem precisa”, afirmou. Sempre que possível, e com a ajuda de doações, o grupo distribui marmitas ou cachorros-quentes. “Quando nosso caixa está baixo, procuramos levar ao menos leite com chocolate e pão com margarina. O importante é que toda sexta-feira à noite, sem falta, estamos em frente à Catedral Metropolitana de Campinas, distribuindo alimentos”, reforçou David. Com o crescimento do projeto, que hoje conta com 50 voluntários por noite, foi inevitável a expansão das frentes de atuação. Hoje, o Tive Fome arrecada também roupas e cobertores para levar aos moradores em situação de rua, além de doações e cestas básicas para as famílias carentes assistidas pelo Projeto. “Para ajudarmos dependentes químicos que desejam mudar de vida, fizemos ainda parcerias com clínicas de reabilitação e, por esse motivo, também arrecadamos alimentos, itens de higiene pessoal e de limpeza geral, para auxiliar as clínicas para as quais encaminhamos as pessoas”, disse o idealizador. “É importante destacar que todo o dinheiro arrecado é utilizado nas ações de caridade que mantemos e que estamos sempre abertos a prestar quaisquer tipos de esclarecimentos sobre a forma como administramos as doações recebidas. Somos um projeto informal, mas com todo o rigor e honestidade que se espera de qualquer trabalho dessa natureza”, concluiu. Simplicidade Entre as centenas de histórias vividas pelos voluntários, David destaca a que mais marcou o trabalho nas ruas. “Logo no começo do projeto, fomos distribuir alimentos e um senhor nos abordou. Oferecemos o pão, mas ele não queria. Pediu apenas um abraço. Aquilo me tocou. As pessoas não fazem ideia de que o mundo não está só carente de alimento, mas de vida, de amor. Um simples gesto de carinho pode mudar uma vida”, contou. David reforça a rejeição e o julgamento que as pessoas em situação de rua enfrentam. “Diariamente, muitos passam por eles e os ignoram e até os agridem. Existe uma história por trás daquele ser humano. É preciso respeito e compaixão. Você sai do projeto Tive Fome, mas ele nunca mais sairá da sua mente e coração”, completa. Sonhos Entre os planos do Tive Fome está o sonho de ter uma sede para acolher as pessoas de rua. Nela, o grupo pretende ter espaço para receber, ressocializar e mudar a vida de quem precisa. “Pensamos no processo todo. Desde recepcionar essa pessoa para dormir, tomar um banho e se alimentar, até dar um novo capítulo para a sua história. Mas para isso precisamos de recursos. É um sonho, por enquanto”, concluiu David. PROJETO TIVE FOME Página Facebook: https://www.fb.com/projetotivefome Instagram: @projetotivefome Telefone: (19) 99379-7941 Doação PagSeguro: https://www.pag.ae/bm3Ntk Crowdfunding: http://www.apoia.se/projetotivefome Site: http://www.projetotivefome.com SERVIÇO “Samba que Aquece” Data: sábado, 9/6 Horário: 17h30 Local: Bar Seu Vidotti - Estr. Mun. Francisco João Perissinotto - Parque Rural Fazenda Santa Cândida - Campinas Telefone: (19) 98101-0243 E-mail: contato@seuvidotti.com.br Ingressos: R$ 20 - R$ 30