Orgulho da cidade, Orquestra Sinfônica de Campinas procura parcerias e sonha com sede própria
A Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas (OSMC) completa 90 anos de história em 2019. A "nobre senhora" ? como diz o maestro Victor Hugo Toro ? é o orgulho da cidade. A direção sonha com novos instrumentos, mais músicos, sede própria e parcerias fortes. Claro, a realidade ainda é outra. Das 119 vagas disponíveis, 74 são preenchidas de forma ativa. Há exonerações, afastamentos, aposentadorias. E a reposição é lenta. A maior parte das atividades ? como os ensaios e apresentações pontuais ? acontece no Teatro Castro Mendes. Espaço, aliás, que precisa ser dividido com outras agrupações e atividades. Por conta disso, a OSMC até improvisa ensaios em sala cedida pela Igreja do Nazareno Central. Resultado: despesas extras com traslado, desgaste dos equipamentos, perda de tempo. A direção espera pacientemente pela reforma do Centro de Convivência Cultural de Campinas. "A Sinfônica é um bem cultural muito importante; ela merece e necessita ter uma casa própria", afirma o maestro. Existem deficiências estruturais. É preciso comprar partituras, adequar estantes, cadeiras, instrumentos, rebatedores de som, caixas acústicas? Se faz o máximo, dentro do caixa disponível. E a OSMC sobrevive, brava. Toro faz planos. Fala que a orquestra é a Sinfônica de Campinas, ou seja, de todos os campineiros, e não só de um grupo. Naturalmente, trasladar a orquestra de um lugar a outro requer dinheiro. Hoje mesmo, dois terços das apresentações são gratuitas, fora do teatro. Há custos, há logística complicada. Mas ir até onde o povo está, segundo o maestro, é uma responsabilidade do grupo. Existe até atenção com o repertório eclético. "Eu gosto de imaginar a orquestra como um restaurante do qual todo mundo gosta. Podemos fazer pratos sofisticados e exóticos para as pessoas descobrirem novos sabores. E podemos fazer os pratos tradicionais, de sabores conhecidos, que as pessoas experimentam sem risco", afirma. "Nosso cardápio tem que ser sempre muito amplo e abrangente." A estruturação da orquestra e a agenda de apresentações dependem dos investimentos públicos. Mas Toro afirma que a Sinfônica ainda não tem o respaldo sonhado da sociedade civil. Apesar de muitos campineiros se orgulharem da orquestra, outros ainda a consideram um gasto desnecessário. "Eu gostaria que a Sinfônica fosse vista como um investimento fundamental", afirma o maestro. "Quanto maiores os recursos e o apoio, maiores as possibilidades de levarmos benefícios culturais, sociais e artísticos para todos os campineiros." Para o maestro, é preciso "redefinir" o espaço da OSMC na sociedade campineira de hoje em dia, e fazê-la cada vez mais atuante e viva.