Represa Atibainha em Nazaré Paulista integra o Sistema Cantareira; aumento do volume de água em função das chuvas, além de beneficiar o abastecimento, ampliou as condições de navegabilidade no local (Laert Silva)
A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) divulgou no início de março, que o volume de água no Sistema Cantareira atingiu 77,1% de sua capacidade, o maior nível já registrado desde 2012. Entre os anos de 2014 e 2015, durante a crise hídrica no Estado de São Paulo, o Cantareira operou com 16% de sua capacidade. A recuperação do armazenamento dos reservatórios do Sistema Cantareira se deve às vazões afluentes (que chegam ao manancial) dos últimos meses, que, embora tenham ficado abaixo da média durante todo o ano de 2022 e superado a média somente em fevereiro de 2023, contribuíram para o aumento do armazenamento no Sistema. O Cantareira fornece água para parte das cidades que compõem a Região Metropolitana de Campinas (RMC), entre elas, Americana, Campinas, Hortolândia, Jaguariúna, Itatiba, Monte Mor, Morungaba, Paulínia, Pedreira, Valinhos e Sumaré.
O período de estiagem, inicialmente previsto para início do mês de maio, a princípio, não preocupa o Consórcio Intermunicipal PCJ, responsável pelas Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, o que não significa aliviar ou suavizar, o uso consciente de água. Em entrevista ao Correio Popular, o secretário executivo do consórcio PCJ, Francisco Lahóz, comentou que o nível de reserva de água afasta a possibilidade de ocorrência de racionamentos ou restrições ao abastecimento nas cidades que possuem os rios com vazões de água reguladas pelos reservatórios do Sistema Cantareira, portanto, municípios às margens dos rios Atibaia e Jaguari, seguem com risco baixo de desabastecimento. “As orientações de uso racional de água permanecem, independentemente, se temos ou não reservas satisfatórias para o abastecimento, já que estamos situados numa bacia hidrográfica de estresse hídrico crônico e acometidos todos os anos por eventos extremos. Hoje estamos tendo chuvas volumosas, mas tudo pode mudar muito rapidamente”, alerta.
Outro ponto importante que o secretário Lahóz destaca é o retorno do El Niño durante o período de estiagem. “Segundo a Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA), a partir de julho deveremos ter o retorno do fenômeno El Niño, que aquece as águas do Pacífico, o que deve gerar diminuição nas precipitações, principalmente na região sudeste. Portanto, é necessário acompanharmos como o El Niño irá se comportar e como isso impactará as reservas de água para o próximo ano de 2024.”
Para Francisco Lahóz, a atenção maior fica por conta de cidades que não são atendidas pelo Cantareira e necessitam de outras fontes de água. Essas cidades precisam estar preparadas para possíveis mudanças no comportamento do clima, em especial a partir de julho, com a chegada do El Niño, que deve reduzir o volume de chuvas.
Lahóz segue pedindo à população o uso racional de água e destaca que, “a chegada do El Niño, deve alterar o comportamento das chuvas na nossa região e voltará a exigir da comunidade, um comportamento sustentável no consumo de água”, finaliza.
Sanasa
Procurada, a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento de Campinas (Sanasa) em nota oficial informou que o abastecimento de água, independe do nível atual do Sistema Cantareira.
“A Sanasa informa que a nova outorga de 2017, determina que a vazão de água no ponto de captação de Campinas, localizado na região de Sousas, seja de, no mínimo, 10 m³ por segundo, quantidade suficiente para manter o abastecimento da cidade. Esclarecemos ainda que essa outorga independe do nível do reservatório do Sistema Cantareira. O volume de água atual da bacia do Rio Atibaia no Distrito de Sousas, responsável por 98% do abastecimento de Campinas, são de 50 m³/segundo.”
No início do ano, a empresa de abastecimento anunciou as obras de construção de um novo reservatório no bairro da Ponte Preta, a obra integra um pacote de 19 novos reservatórios anunciados em julho passado, dentro do Plano de Segurança Hídrica para o município, os quais beneficiarão 256,7 mil pessoas, ampliando a capacidade de reservação para 190 bilhões de litros.
Com os novos reservatórios, Campinas totalizará 93, aumentando a capacidade atual de armazenamento do recurso em 42,4%. O investimento no pacote é de R$104,71 milhões, dos quais R$50,13 milhões financiados pela Caixa Econômica Federal e, em contrapartida, a Sanasa investirá R$54,58 milhões. A conclusão da obra está prevista para o início de 2024.
Chuvas
Campinas terá mais uma semana de alerta. Segundo o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura da Unicamp, o Cepagri, o tempo permanecerá com instabilidades e nebulosidades, além de pancadas de chuva no período da tarde e a noite. Nessa terça e quarta-feira, as temperaturas ficam entre 19° e 30°, com ventos moderados e fortes no entardecer. Já a partir de quinta-feira, as chances de chuvas diminuem, e a amplitude térmica deve aumentar.
Cosmópolis
A Prefeitura de Cosmópolis divulgou por meio de seu site oficial na tarde de segunda-feira (13), um vídeo de conscientização para economia de água. Com a perda de 75% do seu reservatório, o vídeo faz um alerta para o momento de calamidade pública que a cidade está vivendo, e anuncia um canal de denúncias para o mau uso da água, deixando claro que lavar calçadas, carros, quintais e desperdiçar água, não é “legal”. Denúncias deverão ser realizadas através dos telefones: 3872-2600 / 3882-1001.
Em nota, a Prefeitura emitiu comunicado sobre emergência da estrutura de barramento da represa do Rio Pirapitingui, que está monitorando a situação junto a Usina Açucareira Ester. “No momento, é de alerta e não há motivos para riscos.