FALSA PROMESSA

Nada mais do que um brinquedinho

Estudo da Unicamp dismistifica valor terapêutico do ?hand spinner? para crianças com distúrbios mentais

Agência Anhanguera de Notícias
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09/10/2017 às 21:57.
Atualizado em 22/04/2022 às 18:03

Feito de plástico, metal ou cerâmica e até com luzes coloridas, o dispositivo é comercializado não só como uma forma de diversão, mas também como tratamento médicor (Leandro Ferreira/AAN)

Anunciada como ferramenta capaz de aumentar a atenção e aliviar o estresse e a ansiedade em crianças com distúrbios do desenvolvimento, como transtornos de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e do espectro do autismo (TEA), o 'hand spinner' (girador de mão), também conhecido como 'fidget spinner' (girador por agitação) ou pião de dedo, não melhora o desempenho e a capacidade de concentração em adultos jovens. É o que apontou estudo desenvolvido pela neuropediatra Maria Augusta Montenegro, professora e pesquisadora do Departamento de Neurologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com as mestrandas Karina Akinaga e Catarina Abraão Guimarães. De origem incerta, o brinquedo que tornou-se febre mundial entre crianças e adolescentes nada mais é que uma estrutura plana de três pontas com eixo fixado em uma base com rolamento: a base deve ser segurada entre o polegar e o dedo indicador para que a estrutura seja girada. Feito de plástico, metal ou cerâmica, e até mesmo com luzes coloridas e formas personalizadas, o 'hand spinner' é comercializado não só como uma forma de diversão, mas também como tratamento médico. E foi justamente a falta de comprovação científica que motivou a pesquisa “'Fidget spinner' realmente melhora a atenção?”. Concluído em julho e divulgado na última semana, o estudo da FCM avaliou 34 estudantes de medicina e médicos-residentes entre 18 e 27 anos de idade sem diagnóstico de transtornos de desenvolvimento ou psiquiátrico ou que estivessem fazendo uso de medicação psicoativa. “É possível que os movimentos repetitivos possam ser relaxantes e melhorar a concentração. Entretanto, nenhum estudo científico ainda demonstrou a eficácia do 'spinner'”, salienta a neuropediatra. Para a avaliação, os participantes foram divididos aleatoriamente em dois grupos no ambulatório de neurologia do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp. Foram feitos testes de leitura de sequências de números e letras em ordem direta, inversa e de maneira a reordenar a sequência, sendo que um grupo foi orientado a brincar com o 'spinner' enquanto fazia o teste, que não envolveu escrita justamente para que uma das mãos ficasse desocupada para tal atividade. O exame aplicado igualmente para os dois grupos buscou avaliar a atenção, a memória, a função executiva e a flexibilidade cognitiva, e mostrou que o uso do brinquedo não melhorou a performance do primeiro grupo. Aliás, a maioria dos voluntários considerou o brinquedo irritante e disse preferir fazer a avaliação sem ele, sendo que dois o deixaram de lado, vários fecharam os olhos para não ter que olhá-lo girando e alguns desejaram parar de girar enquanto respondiam ou ainda girá-lo no mesmo ritmo em que respondiam. “O 'spinner' não melhorou o desempenho e a capacidade de atenção em adultos jovens. Embora seja necessário realizar um estudo incluindo crianças, é improvável que o 'spinner' melhore a atenção em crianças saudáveis sem distúrbios do desenvolvimento ou TDAH”, pondera Maria Augusta.

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