Em novembro, o saldo foi de 3.399 postos de trabalho, de acordo com o Caged
Consumidores na Rua 13 de Maio, em Campinas: em novembro passado, o comércio foi o setor que mais gerou vagas de trabalho na RMC: 2.241 postos, de acordo com dados divulgados pelo Caged (Rodrigo Zanotto)
A Região Metropolitana de Campinas (RMC) fechou novembro com o saldo de 3.399 postos de trabalho criados, o 11º mês seguido com resultado positivo, de acordo com dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (NovoCaged), do Ministério do Trabalho e Previdência (MTP). O número representa uma queda de 59,65% sobre as 8.422 vagas registradas em igual mês de 2021, mas não indica uma crise econômica, e sim um reflexo de uma volta à normalidade.
O segundo semestre de 2021 foi marcado pela retomada da atividade econômica após os efeitos negativos provocados pela pandemia de covid-19, o que refletiu em taxas de crescimento maiores, apontam os especialistas. "Em 2021, os saldos maiores representaram uma reposição de postos com a retomada pós-pandemia. Em 2022, esse movimento foi menor porque parte de uma condição de empregabilidade maior", explica a economista do Centro Público de Apoio ao Trabalhador de Campinas (CPAT), Theodora Beluzzi.
No acumulado do ano, a RMC registrou a criação de 60.349 postos de trabalho com carteira assinada, queda de 6,73% em comparação as 64.703 vagas geradas entre janeiro e novembro de 2021. Em novembro, o setor de comércio foi o principal criador de novas vagas: 2.241 no total. Em segundo lugar aparece o segmento de serviços, com 2.146.
Outros resultados
Já os demais setores tiveram desempenho negativo. Na Região Metropolitana de Campinas, o setor industrial registrou no 11º mês do ano o fechamento de 713 postos de trabalho; o da construção, 143; e o da agropecuária, 136. O economista e professor da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC), Roberto Brito de Carvalho, explica que tantos as demissões quantos as contrações registradas pelos segmentos econômicos são resultado da sazonalidade.
As indústrias, por exemplo, aumentam as contrações entre julho e agosto para atender os aumentos de pedidos de Natal, sendo natural desacelerar a produção no final do ano. Já o comércio faz contratações para atender o aumento das vendas de final de ano. O resultado em novembro foi o segundo mais baixo em 2022, à frente apenas de janeiro, quando foram criados 3.658 novos empregos. O maior número de vagas foi criado em fevereiro, com 8.617, seguido por agosto (7.842) e julho (6.907).
Das 20 cidades da RMC, Campinas registrou o melhor desempenho na geração de empregos em novembro, com a criação de 2.023 postos de trabalho. O saldo é resultado de 17.498 admissões e 15.475 desligamentos, de acordo com o Caged. O desempenho é 538,17% maior do que as 317 vagas criadas em outubro, mas 40,43% menor do que as 3.396 vagas geradas em novembro de 2021.
No acumulado dos 11 primeiros meses do ano passado, o município registrou o saldo de 19.049 vagas, redução de 21,3% em relação aos 24.217 empregos criados entre janeiro e novembro de 2021. Apenas a abertura de duas filiais de uma rede de atacadista resultou em 649 novas vagas na cidade. As unidades do Jardim Amoreiras e Ponte Preta foram inauguradas em dezembro, mas as contratações foram feitas antes para que os funcionários passassem por treinamento.
Com essas lojas, a empresa passou a ter três unidades em Campinas e 100 no Estado de São Paulo, se tornando a maior rede de atacarejo do país. As filiais eram hipermercados do grupo empresarial e foram convertidas em atacadistas. "O processo de aquisição de pontos de vendas de hipermercados foi bastante importante para nós. Com esses novos espaços, chegamos a pontos extremamente bem localizados e conhecidos de Campinas, trazendo a experiência completa da rede", afirma o diretor de Operação da empresa em São Paulo, José Novaes.
No Estado, a rede emprega 26 mil funcionários. O atacarejo atende pequenos e médios comerciantes e consumidores em geral, seja na compra de itens unitários ou grandes volumes. Com faturamento de aproximadamente R$ 55 bilhões nos últimos 12 meses, está presente nas cinco regiões do país com mais de 260 lojas distribuídas em 23 estados, além do Distrito Federal, e tem cerca de 70 mil colaboradores.
A comerciária Renata Alves Cardoso conseguiu emprego temporário em uma loja no Centro no final do ano e vive a expectativa de ser efetivada. "Eu gosto muito de vendas", diz ela, que ficou desempregada durante pouco mais de 2 anos após o início da pandemia. Para voltar ao mercado de trabalho, Renata fez cursos e até conseguiu uma vaga com controladora de acesso no segundo semestre ano passado. Porém, não gostou do emprego e o trocou pela vaga temporária no comércio.
Salário e região
Em Campinas, a média salarial das admissões em novembro foi de R$ 2.256,32. Os dados do Caged mostram que 82,9% dos admitidos foram na faixa salarial de até 2 salários mínimos (R$ 2.640). Nas faixas superiores, acima de cinco mínimos, houve o fechamento de 51 vagas.
Do total de admissões no município, 8.583 vagas foram ocupadas por mulheres, representando 47,4%.
O relatório do Ministério do Trabalho aponta ainda que apenas 92 pessoas com alguma deficiência foram contratadas, o equivalente a 0,5% do total. Porém, outras 104 foram demitidas, com o resultado final sendo de fechamento de 12 vagas para essa parcela da sociedade. Na Região Metropolitana, além de Campinas, outras 11 cidades registraram resultado positivo na criação de emprego. Em segundo lugar aparece Indaiatuba, com 853 postos, com Americana ficando com a terceira posição, 511.
As outras cidades que fecharam novembro com geração de vagas são: Paulínia (248), Santa Bárbara d´Oeste (211), Holambra (181), Valinhos (173), Sumaré (104), Jaguariúna (73), Itatiba (57), Monte Mor (26) e Engenheiro Coelho (7).
Por outro lado, oito municípios mais demitiram do que contratam no 11º mês de 2022, revela o levantamento Ministério do Trabalho e Previdência. O pior resultado foi registrado por Hortolândia, com o fechamento de 509 vagas. Em seguida, em ordem decrescente, aparecem Vinhedo (-354), Nova Odessa (-157), Pedreira (-61), Artur Nogueira (-60), Morungaba (-60), Cosmópolis (-13) e Santo Antonio de Posse (-12).
Estado
São Paulo foi a unidade da Federação que mais criou vagas formais de trabalho em novembro, com abertura de 50.908 novos empregos, aponta o Caged. O destaque no Estado foi o setor de serviços, com a geração de 41.762 novos empregos. Com o resultado, São Paulo conta atualmente com um estoque formal de 13,34 milhões de empregos.
Segundo o cadastro, das 27 unidades da Federação, 22 registraram em novembro saldo positivo na geração de empregos e o país fechou o mês com um saldo de 135.495 novos postos. Os dados do Ministério do Trabalho e Previdência mostram que o país acumulou, entre janeiro e novembro de 2022, um saldo de mais de 2,46 milhões de empregos gerados.
De acordo com o levantamento, o saldo foi positivo em todos os meses de 2022. No acumulado dos onze meses, todos os cinco setores da economia e os 26 Estados e o Distrito Federal registraram aumento na criação de empregos. Com isso, o país ultrapassou em novembro a marca de 43 milhões de empregos formais registrados no Caged, o que representa uma nova quebra do recorde.
O setor de serviços foi o grande destaque de 2022, com mais de 1,36 milhão de novos postos de trabalho gerados, seguido pela indústria, com 366.742 vagas. De janeiro e novembro, quatro regiões brasileiras apresentaram saldo positivo na geração de vagas. O melhor resultado foi no Sudeste, com 84.164 postos, seguido pelo Nordeste (29.213), Sul (20.750) e Norte (3.055). O Centro-Oeste foi a única região a ter desempenho negativo com mais demissões do que contratações, o que representou o fechamento de 733 postos, aponta o Caged.