CENÁRIO

Na crise, PIB da região de Campinas encolhe 5,8%

Composta por 90 municípios e com 6,62 milhões de habitantes, fechou o ano passado com uma forte queda de 5,8% no Produto Interno Bruto devido à crise

Adriana Leite
21/04/2016 às 19:01.
Atualizado em 23/04/2022 às 00:55
Linha de produção de indústria na região: cidades no entorno de Campinas agora sofrem mais os efeitos da crise do que áreas mais desenvolvidas, como capitais e municípios maiores (Cedoc/ RAC)

Linha de produção de indústria na região: cidades no entorno de Campinas agora sofrem mais os efeitos da crise do que áreas mais desenvolvidas, como capitais e municípios maiores (Cedoc/ RAC)

A Região Administrativa de Campinas (RA), composta por 90 municípios e com 6,62 milhões de habitantes, fechou o ano passado com uma forte queda de 5,8% no Produto Interno Bruto (PIB). O montante (em preço corrente) foi de R$ 296,3 bilhões. A RA é segunda em peso no Estado e respondeu por 15,6% do total de riquezas geradas em São Paulo em 2015. O PIB paulista teve recuo de 4,1%. No ano passado, o PIB brasileiro caiu 3,8%. Dados da Fundação Seade mostram que o declínio do PIB na região começou no segundo semestre de 2014 e se acentuou no ano passado. O cenário reflete a crise econômica que afeta todo o País. Regiões altamente industrializadas como a de Campinas sofrem ainda mais com o quadro de aumento da capacidade ociosa nas fábricas e subida do desemprego. Análise do órgão traçou que até o primeiro semestre de 2014 o PIB regional crescia acima da média estadual. Mas o cenário ficou bem complicado a partir da batalha da eleição presidencial. No ano passado, o tombo na região foi maior do que a média paulista e brasileira. O PIB per capta também teve um forte recuo entre os anos de 2014 e 2015. O estudo da Fundação mostra que o declínio foi de 7%. No acumulado entre os anos de 2010 e 2015, o resultado é de um crescimento de 6,3%. A média estadual foi de 3,4%. O PIB atingiu no período a R$ 1,62 trilhão (preço corrente). O estudo da Fundação Seade mostrou que os serviços subiram 10,1%. A indústria ficou estável em 0,1%. A agropecuária caiu 8,7%. A diretora-executiva da Fundação Seade, Maria Helena Guimarães de Castro, afirmou que foi a primeira vez que o estudo foi elaborado e agora passará a ser divulgado trimestralmente. “A análise serve para subsidiar políticas públicas que sirvam para o desenvolvimento de São Paulo. O Estado entrou em recessão antes do Brasil. O PIB do Estado caiu mais do que a média nacional no ano passado. São Paulo é muito industrializado”, avaliou. O gerente de Indicadores Econômicos da Fundação Seade, Vagner Bessa, comentou que são utilizadas 480 variáveis para chegar ao cálculo do PIB regional. “A sistemática nos permite observar qual é o crescimento ou a queda do PIB por região do Estado”, explicou. Ele salientou que as regiões de Campinas e Sorocaba estão sendo muito afetadas pela crise. “Com o deslocamento da indústria da Capital para o Interior, criou-se o que chamamos de Corredor Asiático. A transferência pesou sobre a economia da Região Metropolitana de São Paulo. Entretanto, agora com a crise econômica, o Interior, especialmente a região do corredor, está sofrendo mais”, avaliou. Bessa apontou que a queda do PIB industrial chegou a 20% no Estado. Baixa e alta Dono de uma microempresa do ramo industrial, José Magalhães, afirmou que o setor está agonizando. “Já cheguei a empregar 30 pessoas. Hoje tenho apenas 18 funcionários. As encomendas caíram muito e não sei até quando mantenho minha empresa com as portas abertas”, contou. Ele disse que os pequenos empresários no País não têm incentivos para produzir e que há muitas dificuldades de acesso ao crédito. Mas nem todo mundo sentiu a crise econômica. O proprietário da Campinas Celulares, Clayton Mangulin, afirmou que a falta de dinheiro no bolso está levando muitos consumidores a preferir consertar o celular do que trocá-lo por um novo. “O consumidor agora coloca tudo na ponta do lápis. O conserto do aparelho custa 30% menos do que o valor do celular”, calculou. O momento favorável permitiu que a empresa começasse uma rede de franquias. “A rede está crescendo em toda a região”, comemorou. A diretora da Ramazzini Engenharia e Consultores, Marcia Ramazzini, comentou que o mercado está demandando consultorias e também treinamentos de formação. “O ano passado foi muito bom para a empresa. Há setores que deixaram de buscar por determinados serviços, mas compensamos com outras áreas que apresentaram um crescimento forte”, analisou.

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