CONSUMO

Não é miragem: preço do combustível em queda

Sindicato diz que retração no mercado fez dono de posto derrubar o valor para atrair os clientes

Daniel de Camargo
03/08/2018 às 08:08.
Atualizado em 23/04/2022 às 06:01
Motorista abastece em posto: segundo o Recap, cada revendedor tem autonomia para definir sua própria política de preços para garantir seu negócio (Leandro Ferreira/AAN)

Motorista abastece em posto: segundo o Recap, cada revendedor tem autonomia para definir sua própria política de preços para garantir seu negócio (Leandro Ferreira/AAN)

Dois meses após a greve dos caminhoneiros, que fez os preços dispararem devido à falta de combustível, o campineiro voltou a pagar menos de R$ 4 no litro da gasolina. Na ocasião, os motoristas autônomos bloquearam as rodovias e saídas das refinarias e distribuidoras. O movimento provocou um colapso no abastecimento de mercadorias e gerou desabastecimento nos postos. No caso das bombas, esse valor abaixo de R$ 4 não acontecia desde março, quando a média girava em torno de R$ 3,96, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A redução tem sido observada com facilidade pelos motoristas, pois diversos postos estenderam faixas ou estão informando a queda no preço em seus letreiros eletrônicos, exibindo a palavra: "Baixamos". Emílio Roberto Chierighini Martins, vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Campinas (Recap) e secretário-geral da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis), explica que o combustível não está chegando mais barato para os distribuidores. Segundo ele, houve uma retração no mercado. “A venda despencou”, frisa. Sócio proprietário do Auto Posto Skinão, situado no cruzamento da Avenida Moraes Salles com a Rua Irmã Serafina, no Centro, que atua sob a bandeira da Petrobras, Felipe Pavan comenta que reduziu o preço de venda em R$ 0,20 na manhã de ontem, quando passou a comercializar o litro da gasolina e do etanol, respectivamente, por R$ 3,99 e R$ 2,29. “Paguei R$ 0,07 a menos por litro na última remessa recebida. Então, estou perdendo R$ 0,13 em cada litro vendido”, frisa, esclarecendo que a concorrência, principalmente os postos desbandeirados, o obrigaram a baixar o preço, ocasionando na diminuição da margem de lucro. Consumidor surpreso Moradores do distrito de Sousas, o casal de músicos Cristiano e Janis Ramos disse que ficou surpreso ao ver o litro do etanol sendo vendido por R$ 2,19. Contudo, optaram por não abastecer seu veículo, devido ao posto em questão ser sem bandeira. Por conta disso, ambos pararam em outro pela confiabilidade na qualidade do combustível. "Como a gente não mora aqui, nós percebemos que existe uma diferença muito grande no preço praticado dentro de Campinas", fala Janis, informando que o valor varia muito de um bairro para outro, incluindo o Centro. “Em Sousas, o litro do etanol está sendo vendido por R$ 2,49”, comenta Janis. Cristiano, por sua vez, enfatiza que espera que os valores baixem ainda mais no futuro. Consultor de marketing, Felipe Evaristo entende que o valor do combustível é alto devido aos impostos. “Nós pagamos mais imposto hoje, do que na época da colonização”, critica, referindo-se aos tributos cobrados pela Coroa portuguesa. Sobre os preços praticados por seus associados, Emílio Martins, vice-presidente do Recap, sindicato que representa 1.400 postos de combustíveis, distribuídos por Campinas e outras 89 cidades, reforça que a entidade não dá orientações de mercado aos seus parceiros. “Nós focamos na parte legislativa, meio ambiente, entre outros assuntos”, destaca, explicando que “cada revendedor tem autonomia para definir sua própria política e, consequentemente, fazer o que entende como melhor para que o seu negócio prospere”.

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