DEZEMBRO LARANJA

Mutirão orienta sobre os cuidados de prevenção ao câncer de pele

Em Campinas, as atividades foram realizadas gratuitamente, ontem, no Hospital Mário Gatti e no Hospital PUC-Campinas

Luiz Felipe Leite/[email protected]
08/12/2024 às 09:53.
Atualizado em 08/12/2024 às 09:53
A prevenção e o tratamento do câncer de pele são fundamentais: tipo é o mais comum entre as neoplasias registradas no Brasil, com média de 220 mil novos casos por ano, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) (Rodrigo Zanotto)

A prevenção e o tratamento do câncer de pele são fundamentais: tipo é o mais comum entre as neoplasias registradas no Brasil, com média de 220 mil novos casos por ano, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) (Rodrigo Zanotto)

O mutirão de prevenção e diagnóstico de câncer de pele, realizado ontem em mais de 100 postos de atendimento em todo o Brasil, atendeu XXX pessoas em Campinas. Todos os procedimentos, realizados entre 9h e 15h, foram gratuitos. Na maior cidade da região, eles aconteceram no ambulatório do Hospital Municipal Dr. Mário Gatti e no ambulatório de especialidades do Hospital PUC-Campinas.

As atividades integram a campanha Dezembro Laranja, organizada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), com o apoio de mais de 3,5 mil médicos dermatologistas e voluntários em todo o território nacional. O câncer de pele é o tipo mais comum de neoplasia no Brasil, com uma projeção de 220,49 mil novos casos da doença por ano no triênio 2023-2025, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Em Campinas, não há um balanço de todos os casos diagnosticados. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, isso ocorre porque não se trata de uma doença com notificação compulsória. 

No Mário Gatti o mutirão foi realizado por profissionais do hospital, da disciplina de Dermatologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp e da Secretaria Municipal de Saúde. O número de pessoas atendidas e encaminhadas com suspeita de lesões malignas para a Policlínica 2, da Secretaria Municipal de Saúde na Avenida Francisco Glicério, ou no Hospital de Clínicas da Unicamp não foi divulgado.

Já no Hospital PUC-Campinas, a ação foi conduzida por profissionais do ambulatório do local, com o diferencial de que alguns procedimentos cirúrgicos foram realizados em uma das oito salas disponíveis. Do total de 170 pessoas atendidas clinicamente, 30 tiveram lesões constatadas, mas com tamanhos que impediram uma cirurgia no mesmo dia. Nesse caso, foram removidas partes da lesão, para uma avaliação via biópsia, com o objetivo de determinar o tipo de tumor para programar uma possível futura operação. Outros 27 pacientes receberam procedimentos cirúrgicos para a remoção de pequenas lesões ou a retirada completa, nos casos da suspeita de um melanoma (tipo mais raro e letal de câncer de pele). 

Não foi necessário encaminhamento ou agendamento prévio para atendimento pelos profissionais de saúde nos dois hospitais. Os pacientes compareceram em um dos ambulatórios com documento de identidade ou CPF, cartão SUS e comprovante de endereço. 

Segundo a médica dermatologista Renata Magalhães, coordenadora científica da diretoria da Sociedade Brasileira de Dermatologia, chefe do Serviço de Dermatologia do Hospital de Clínicas da Unicamp e professora na universidade, trata-se de uma campanha extremamente importante. "Todos os postos do mutirão tiveram palestras para os pacientes, ensinando-os sobre o que é o câncer de pele e como prevenilo, além da distribuição de folders informativos e protetores solares. É fundamental divulgarmos essas informações para o maior número possível de pessoas, considerando que é o tipo mais comum de câncer atualmente", disse. 

Para Thais Helena Buffo, cirurgiã dermatológica em Campinas, assessora do Departamento de Oncologia Cutânea da Sociedade Brasileira de Dermatologia e coordenadora do posto do mutirão no Hospital Mário Gatti, alguns cuidados básicos podem ser adotados no dia a dia. Isso para reduzir as chances de casos de câncer de pele. "O incentivo dessa avaliação dos pacientes, na tentativa de fazer o diagnóstico o mais precoce possível e da prevenção por meio de orientações básicas, é ponto chave. A proteção da exposição ao sol com protetor solar, o uso de roupas que evitem deixar o corpo tão à mostra, bem como o uso de chapéus são medidas importantes. Lembrando que o diagnóstico precoce pode ajudar a salvar vidas". 

RELATOS 

Walmir Gimenez foi uma das pessoas que toparam fazer o exame clínico no Hospital Mário Gatti. Morador da região da Vila Progresso em Campinas, ele é aposentado e tem 67 anos. Em conversa com a reportagem, afirmou que soube do atendimento e procurou entender mais sobre algumas lesões que possui nas costas. Gimenez ficou aliviado ao receber o retorno de que deveria observar e, por enquanto, não precisaria de uma intervenção cirúrgica no local. "Tenho a pele muito clara e uso pouco o protetor solar. preciso me cuidar melhor", admitiu. 

Joceli Modesto, de 64 anos, moradora do Jardim Lisa, procurou o mutirão no Mário Gatti após perceber uma mancha no rosto. Mas também escapou de um procedimento mais invasivo. "As pessoas não precisam ter medo. É um exame muito técnico, mas feito com muita paciência e carinho dos médicos. Recomendo para todos". 

Quem não teve muita sorte, no entanto, foi Ivete de Oliveira Costa. Ela já teve câncer de pele em outras oportunidades e procurou o Hospital PUC-Campinas, próximo de onde mora, ao suspeitar de duas novas lesões. Uma no rosto e outra no pescoço. Ivete tem 72 anos de idade. "Eu sei que esse mutirão acontece no primeiro sábado de dezembro, em todos os anos. Então não perdi tempo e vim aqui, onde já me pediram para fazer as biópsias. É algo rápido e que vai me ajudar a entender qual o caminho a partir de agora. Se apenas a remoção ou se vou precisar passar por algum outro tipo de tratamento", relatou. 

Acompanhada do filho, Damiana Machi de Amorim, de 77 anos de idade, também foi encaminhada para um procedimento cirúrgico imediato, dentro do Hospital PUC-Campinas. Ela, que contou já ter passado pela unidade para tratar outros tipos de câncer de pele, recomendou que as pessoas não deixem os exames preventivos "para a última hora". "Apesar de ser bem orientada pela equipe médica, sobre os procedimentos, ninguém gosta de ter de fazer uma operação. Mas não tem jeito, né?". 

DOENÇA E CAMPANHA 

O câncer de pele responde por 33% de todos os diagnósticos de neoplasias no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, o câncer da pele "não melanoma" tem letalidade baixa, porém o número de casos é muito alto. Os mais comuns, entre os não melanomas, são os carcinomas basocelulares e os espinocelulares, responsáveis por 177 mil novos casos da doença por ano. Mais raro e letal, o melanoma é o tipo mais agressivo de câncer de pele e registra 8,4 mil casos anualmente. 

A doença, de uma forma geral, é provocada pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele. Essas células se dispõem formando camadas e são definidos os diferentes tipos de câncer de acordo com as partes do corpo que forem afetadas. 

Em 2024, a Sociedade Brasileira de Dermatologia, ao completar 11 anos da campanha Dezembro Laranja, traz uma mensagem poderosa: "Proteger a pele é proteger a saúde". A campanha deste ano convida o público a refletir sobre o autocuidado e busca gerar uma verdadeira "Invasão Laranja" no Brasil, envolvendo a sociedade em um movimento de conscientização. A SBD reforça que a proteção contra o câncer de pele deve ser inclusiva, acessível e adaptada às necessidades individuais. "Sua pele é a página de um futuro inesquecível", afirma a campanha, que convida cada brasileiro a cuidar de si e de tudo que ainda está por vir. 

Neste ano, a SBD busca ampliar o alcance das suas mensagens, utilizando uma abordagem educativa e acessível para conscientizar a população sobre os cuidados necessários para evitar o câncer de pele. O movimento abordará a importância de hábitos preventivos, como o uso de protetor solar, e incentivará a população a realizar acompanhamento médico regular.

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