Limpeza começou com 100 operários após reportagens mostrarem situação de abandono
O primeiro mutirão feito nesta quarta-feira (19) por cerca de 100 homens da Secretaria de Serviços Públicos de Campinas no Cemitério da Saudade recolheu oito caminhões de mato, sujeira e entulho do espaço. A operação faz parte de um plano emergencial encomendado pelo prefeito Jonas Donizette (PSB) para tirar o cemitério, que é tombado como patrimônio cultural e artístico da cidade, do estado de abandono em que se encontra. Segundo a secretaria, a força-tarefa cobriu 70% dos 180 mil metros quadrados do local. O serviço restante será feito por funcionários da autarquia Serviços Técnicos Gerais (Setec), até o fim do mês. A ideia é que o mutirão seja feito mensalmente. Recapeamento Além disso, desde segunda-feira, homens da Setec fazem a retirada das pedras portuguesas das alamedas mais degradadas do cemitério para o nivelamento das vias. Para a primeira etapa do recapeamento, serão comprados 500 metros quadrados de novas pedras — o orçamento para a aquisição ainda não foi feito. O Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc), responsável pelo tombamento do espaço, está ciente da obra. A Setec irá solicitar ainda que uma equipe do Departamento de Parques e Jardins (DPJ) faça a remoção de quatro árvores condenadas no cemitério. Segundo o funcionário e assessor direto da presidência da autarquia, Osmar Correa, a queda das plantas pode danificar túmulos. Correa disse também que a Setec convocará novamente as famílias para fazer a limpeza das sepulturas. “Vamos colocar o anúncio em jornais, por mais de um dia. E vamos dar um prazo para os parentes aparecerem”, disse. Porém, não há planos para desapropriar jazigos abandonados há muitos anos. Segundo o funcionário, a intervenção pode ser feita apenas com autorização judicial. Em abril, a equipe de Serviços Públicos volta ao cemitério para fazer a manutenção dos trabalhos. Plano O plano emergencial foi definido em uma reunião entre secretário da pasta, Ernesto Dimas Paulella, o e presidente da autarquia Serviços Técnicos Gerais (Setec), responsável pela manutenção do espaço, Sebastião Buani dos Santos, que ocorreu na semana passada. O mutirão foi anunciado por Jonas na terça-feira da semana passada (11), em resposta a série de matérias publicadas pela Agência Anhanguera de Notícias (AAN) que denunciaram o abandono do cemitério. Em reportagem do dia 28 de fevereiro, foi mostrado que o espaço histórico e tombado pelo Condepacc está degradado, com vias quebradas, sujeira, túmulos deteriorados e abertos e sinalização enferrujada. No último dia 7, pelo menos cinco sepulturas estavam sem cobertura. O jazigo de uma família tinha uma ossada à mostra, que podia ser vista por quem passava pela alameda onde fica o túmulo. Moradores e comerciantes do entorno do Cemitério da Saudade disseram que é comum vândalos quebrarem os muros do local durante a noite para roubar lápides de mármore e peças de bronze das sepulturas.