No Dia Mundial da Saúde Digestiva, comemorado em 29 de maio, um mutirão realizado ontem pela Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (Sobed), em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) pode ter salvado a vida da aposentada Maria Andrade de Oliveira
No Dia Mundial da Saúde Digestiva, comemorado em 29 de maio, um mutirão realizado ontem pela Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (Sobed), em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) pode ter salvado a vida da aposentada Maria Andrade de Oliveira, de 66 anos. Moradora de Monte Mor, a idosa soube, em abril deste ano, que estava com câncer colorretal: uma doença que tem 36 mil novos casos descobertos por ano no Brasil. Sem dinheiro e nem plano de saúde para arcar com o tratamento particular, Maria deu entrada na Unicamp, via Sistema Único de Saúde (SUS), para poder realizar a retirada do tumor. A espera nesse tipo de caso, no entanto, pode demorar até sete meses, dependendo da gravidade do caso, já que o câncer de cólon e reto é, no Brasil, o terceiro mais frequente em homens e o segundo em mulheres. Somente em 2018, 17.380 mil diagnósticos foram descobertos em homens e outros 18.980 mil em mulheres, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Por causa do mutirão de ontem, que aconteceu no Gastrocentro da Unicamp, Maria não precisou passar pela fila e foi direto para a mesa de cirurgia, onde retirou o tumor. A ação teve como objetivo chamar atenção das pessoas para a importância da prevenção do câncer colorretal. Ao todo, 12 especialistas (gastroenterologistas, coloproctologistas e endoscopistas) participaram do ato, com a realização de colonoscopias em 48 dos 60 pacientes previamente selecionados no SUS da Unicamp. A comerciante Célia Andreoli, de 67 anos, que durante cinco anos lutou contra o câncer na mama, contou que marcou presença no evento a pedido de sua médica, que orientou a fazer um exame preventivo para detectar a existência, desta vez, de um possível início de câncer colorretal. “É importante a gente sempre fazer a prevenção a fim de evitar maiores complicações”, comentou a idosa. Ao todo, o mutirão organizado pela Sobed e pela Unicamp atendeu 18 homens e 30 mulheres entre as 8h e 17h de ontem. A idade média dos pacientes atendidos foi de 56 anos — 50% dos pacientes tiveram tumores detectados e retirados pelos médicos. Escolha dos pacientes De acordo com Lix Alfredo Reis de Oliveira, diretor de ações sociais da Sobed, foram realizados tratamentos em pacientes pré-selecionados que estavam com a doença e também exames em pacientes com possíveis sintomas da doença. Todos os selecionados tinham entre 50 e 75 anos. “Quando o paciente apresenta sintomas é porque a doença está em um estágio mais avançado. Isso poderia ser identificado por meio do exame preventivo, feito a partir dos 50 anos, quando o pólipo ainda é uma lesão ou o câncer está na fase inicial”, explicou. Segundo o diretor, a partir de exames de rastreio e colonoscopia, é possível diagnosticar pólipos que, se adequadamente tratados, não se transformarão em câncer. “O exame também permite o diagnóstico precoce da doença, o que acarreta em melhores resultados quanto ao prognóstico. Cerca de 80% dos casos o câncer de cólon e reto podem ser evitados com a prevenção, disse Reis de Oliveira. Para o diretor técnico e chefe responsável pelo serviço endoscopia digestiva da Unicamp, Ciro Garcia Montes, o evento de ontem, além de ter chamado a atenção das pessoas para a importância da prevenção do câncer colorretal, também foi fundamental para diminuir consideravelmente o volume de pessoas que estavam à espera de um exame de colonoscopia na fila do SUS da Unicamp. “Tínhamos algo em torno de 200 pessoas esperando pelo atendimento. Com os 48 pacientes atendidos tivemos uma diminuição importante na fila de espera”, comentou.