O desgaste entre o poder público e os músicos da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas (OSMC) pode colocar em risco a apresentação prevista para este domingo (14), em comemoração ao aniversário de Campinas.
A programação prevê um concerto da Sinfônica com a dupla Chitãozinho & Xororó. Inconformados com o que chamam de descaso da Administração, os músicos interromperam o ensaio desta quarta-feira (10) no Teatro Municipal José de Castro Mendes e uma comitiva com representantes da comissão e da associação dos músicos da Sinfônica seguiu até o Paço Municipal para falar com o prefeito Jonas Donizete (PSB).
Na ausência do chefe do Executivo, que estava fora da cidade, o grupo levou sua pauta de reivindicações para o vice-prefeito Henrique Magalhães Teixeira (PSDB).
Entre as reclamações dos músicos estão a falta de teatro, realização de turnê às pressas, precárias condições de trabalho e ausência de manutenção em cadeiras, estantes e acervo de partituras.
“Não temos sequer rebatedores. Além disso nas apresentações às sextas-feiras, em geral tem mais músico no palco que público na plateia. Pensamos que com a mudança de governo as coisas melhorariam, mas os problemas só aumentam e não temos respostas”, afirma o presidente da comissão, Carlos Coradini.
“O secretário alega que a orquestra não pode monopolizar o Teatro Castro Mendes, mas termos um local fixo para ensaios é o mínimo que se espera”, completa. No dia 27 de junho, os músicos protocolaram um documento na Prefeitura com suas reivindicações, mas não tiveram resposta até o momento, de acordo com Coradini.
“Fizemos uma assembleia e tiramos uma série de demandas. Não temos as condições mínimas de trabalho. A começar por um teatro”, diz. “Saímos a toque de caixa em uma turnê pelas cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC), sem nenhum planejamento e estrutura. Nem mesmo seguro para os instrumentos nós temos”, reclama Coradini.
Segundo o secretário de Cultura, Ney Carrasco, não é comum nas grandes orquestras os instrumentos e o seguro serem custeados pelo serviço público, porém, está à disposição dos músicos para o diálogo. “A gente quer atender a todas as reivindicações, só que algumas são discutíveis, como essa e o aumento de salário. Outras demandam tempo, como as cadeiras novas que foram solicitadas e estão em processo licitatório. Em princípio, não é de praxe o poder público pagar pelo instrumento, mas podemos conversar a respeito”, diz ele, negando “fechar os ouvidos” para as reclamações. “Eles já tiveram muitas respostas”, afirma, citando a entrega do Galpão de Lemos para ensaio, que ocorrerá no sábado (13), a solicitação de temporada plena e a participação na direção artística da orquestra.
Nesta quinta-feira (11) os músicos vão para o teatro, mas somente ensaiarão depois de conversarem com o prefeito. “Vamos bater ponto normalmente, mas queremos falar com o prefeito, sem essa conversa não vamos ensaiar, vamos continuar parados”, diz Coradini.
Segundo ele, os músicos acreditam que o prefeito não sabe exatamente o que está acontecendo e querem conversar somente com Jonas, sem a presença de Carrasco, nem do maestro e diretor artístico, Victor Hugo Toro, e do diretor administrativo da OSMC, Rodrigo Morte.
Quanto ao cancelamento do concerto deste domingo, Carrasco está trabalhando com a possibilidade da realização, todavia não descarta a hipótese de não ocorrer, uma vez que os músicos, como trabalhadores, tem o direito de fazer paralisação.