CRISE HÍDRICA

Municípios aguardam verba para desassorear represas

Oito cidades das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) começarão a elaborar projetos para aumentar a capacidade de armazenagem de água das represas

Maria Teresa Costa
teresa@rac.com.br
23/03/2015 às 05:00.
Atualizado em 24/04/2022 às 03:08

Homem pesca na represa Recanto 2, em Nova Odessa, que foi desassoreada e aumentou em 24% sua capacidade (Giancarlo Giannelli/Especial para a AAN)

Com a garantia de liberação de R$ 1 milhão pela Agência Nacional de Águas (ANA), pelo menos oito cidades das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) começarão a elaborar projetos de desassoreamento de represas para aumentar a capacidade de armazenagem de água e poder enfrentar a crise hídrica. O recurso irá financiar os levantamentos necessários de batimetria para medir a profundidade dos reservatórios, cálculos do volume de sedimento que será retirado e a destinação final do material. O desassoreamento é tarefa cara — custa entre R$ 60,00 e R$ 80,00 o metro cúbico de sedimento retirado e para isso ainda não há recursos.   “Estamos buscando formas de ajudar as cidades a encontrar financiamento”, disse o presidente do Consórcio PCJ, Reinaldo Nogueira (PMDB), reeleito para o cargo.A equipe técnica do consórcio está fazendo levantamento junto aos 44 municípios associados para saber as condições em que estão os reservatórios. Desse total, 31 já responderam os questionários, dos quais dez informaram que não possuem represas, 11 têm reservatórios em boas condições, oito têm represas assoreadas e dois têm reservatórios com afloração de algas e presença de coliformes. De acordo com o assessor técnico Flávio Forte Stenico, as cidades que estão com problemas de assoreamento são Artur Nogueira, Cordeirópolis, Cosmópolis, Nova Odessa, Rio das Pedras, Sumaré e Vinhedo.   O secretário executivo do consórcio, Francisco Lahoz, disse que a retirada dos sedimentos poderá aumentar substancialmente a capacidade de armazenamento de água para abastecimento, com alguns ganhos indiretos também. Por exemplo, se o sedimento for material inerte, ele é passível de reúso na construção civil e até mesmo para fazer o alteamento dos reservatórios. “Temos um problema que é o custo das operações de desassoreamento. Os municípios vão precisar de financiamento, e o consórcio está trabalhando para encontrar linhas de créditos. Deixamos demandas como essa no Ministério das Cidades”, disse Lahoz.   Nova Odessa iniciou um trabalho de desassoreamento de suas represas e em apenas uma delas, a Recanto 2, foi gasto R$ 1 milhão, o que permitiu aumentar a capacidade de reserva de água em 24,2% — a capacidade passou de 330 milhões para 410 milhões de litros, segundo o diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento (Coden), Ricardo Ôngaro.O presidente do Consórcio PCJ informou que está discutindo com as secretarias estaduais de Recursos Hídricos e de Meio Ambiente o estabelecimento de um protocolo de liberação rápida de licença ambiental para as cidades poderem acelerar o desassoreamento. “As exigências atuais são grandes e dificultam o trabalho”, afirmou.   Da mesma forma, informou, o consórcio está buscando empresas privadas que possam fazer o desassoreamento e receber como pagamento os sedimentos, que são basicamente areia. E também usar esse material na reconstituição de barragens abandonadas, que poderiam funcionar como um pulmão de abastecimento para propriedades rurais e mesmo como reserva de abastecimento público.   Aumento de volume O desassoreamento realizado nas represas de Nova Odessa conseguiu aumentar a capacidade das três barragens da cidade, que hoje estão operando com um volume de água superior ao que existia em março do ano passado, quando a crise hídrica começava a dar seus primeiros sinais.   No ano passado, as seis represas que integram o sistema de abastecimento de água armazenavam 2.337 milhões de litros de água. Hoje, com o desassoreamento, esta capacidade aumentou para 2.450 milhões e operam com 83% da capacidade. Mesmo assim, a cidade mantém rodízio no fornecimento.“Na Recanto 2, por exemplo, a capacidade de reserva passou de 330 milhões para 410 milhões de litros”, disse o diretor-presidente da Coden, Ricardo Ôngaro. O aumento apenas nesta unidade, que recebeu investimentos de cerca de R$ 1 milhão, é de 24,2% da capacidade.   De acordo com Ôngaro, atualmente as represas de Nova Odessa estão com 83% de água armazenada. Porém, esse mesmo volume, antes do desassoreamento, representaria 98% da capacidade antiga.   “Com as obras realizadas, estamos armazenando mais água do que no ano passado, por isso que o índice sobe. São, no total, 113 milhões de litros de água a mais em nosso sistema, atendendo nossos moradores”, explicou. Além da Recanto 2, também foram desassoreadas as represas Recanto 3 e Lopes 2.   A Prefeitura está em busca de recursos para fazer a segunda etapa de desassoreamento na represa Recanto 3.   “Queremos aumentar a capacidade dela em 200 milhões de litros”, afirmou. Recentemente, o prefeito Benjamim Bill Vieira de Souza anunciou a construção de uma nova represa e uma nova Estação de Tratamento de Água, com investimento de R$ 7,2 milhões. A represa Recanto 4 terá capacidade de armazenamento de 130 milhões de litros de água bruta, ocupando uma área de 31 mil metros quadrados. 

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