João Lucas tem paralisia cerebral e precisa de um profissional para acompanhá-lo na escola
Depois de recorrer ao Ministério Público para que o filho João Lucas Pereira de Carvalho, de 11 anos, tivesse direito a um cuidador na escola, a dona de casa Wilma Pereira Neves, de 40 anos, teve o processo deferido e o garoto deve começar a receber a atenção do cuidador até o dia 17 de novembro. João Lucas tem paralisia cerebral e os movimentos do corpo foram afetados. Ele precisa de ajuda para se locomover, alimentar-se, ir ao banheiro e escrever as lições. Preocupada com o desenvolvimento escolar do filho, que deve cursar o 6º ano do Ensino Fundamental em 2014, Wilma entrou na justiça em junho, mas a sua batalha começou em 2008, quando ele ingressou na escola. Atualmente, João Lucas estuda na Escola Municipal Padre Domingos Zatti e conta com a ajuda de uma professora de educação especial, que divide a atenção com um grupo de alunos com deficiência. Atenção especialMas o caso de João Lucas requer a atenção especial. “Ano que vem serão seis professores diferentes, 45 minutos de aula, um entra e sai em sala toda hora e ele vai precisar de alguém que possa ficar com ele para ajudá-lo a escrever, levar ao refeitório, ao banheiro”, explica Wilma. “Acredito que a escola vai atender a medida judicial. Mas se não atender, vou lutar até o fim para que o meu filho tenha esse direito garantido” , acrescentou. Segundo a mãe, João Lucas está ansioso com a chegada do cuidador e a sua maior vontade é seguir acompanhando a turma. “Falei com ele que a gente tinha conseguido porque ele estava muito preocupado. A professora de educação especial faz o que pode para ajudá-lo, mas ela tem outros cinco alunos para acompanhar e nem sempre consegue dar a atenção de que ele precisa. Semana passada teve simulado da provinha Brasil e como ele não estava conseguindo fazer dentro do tempo estipulado, ele chorou na aula”, contou.Cumprirá a decisão“Ter um cuidador para ficar só com ele não é egoísmo. É um direito e uma forma que vi de ele continuar evoluindo”, completou a mãe. A Secretaria Municipal de Educação informou que vai atender a ordem judicial. Informou também que nas próximas semanas deve abrir licitação para a contratação de 100 cuidadores para atender a demanda da rede a partir de 2014. Atualmente, pelo menos 100 crianças precisam dos serviços de um cuidador na cidade. A secretária de Educação, Solange Villon Kohn Pelicer, afirmou que as escolas municipais são equipadas para atender os estudantes com deficiência, mas quem faz o papel de cuidador é o professor de educação especial, o professor adjunto e o monitor. Entretanto, é necessária a presença do cuidador em muitos casos. Na rede estadual, a situação é diferente. O Ministério Público de São Paulo firmou no fim de 2012 um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) que obriga a Secretaria de Estado da Educação a disponibilizar cuidadores em todas as escolas da rede até 2014. Até agosto deste ano, 2.236 crianças da rede estadual estavam dentro do perfil dos que precisam de cuidador, que é não ter autonomia para a realização das tarefas. De acordo com a Secretaria de Estado da Educação, toda a demanda de Campinas, o correspondente a 88 alunos, é atendida atualmente por 51 cuidadores.