Fiscal constatou irregularidades na linha entre Piracicaba e Americana, incluindo lotação
Ônibus da Cometa faz linha intermunicipal entre Americana e Piracicaba (Antonio Trivelin/AAN)
O Ministério Público (MP) de Piracicaba intimou, nesta quarta-feira (6) a empresa Cometa e solicitou informações à Artesp (Agência Reguladora de Transporte do Estado de São Paulo) sobre a série de denúncias envolvendo a linha intermunicipal Piracicaba/Americana (nos dois sentidos) no que se refere à mudança de horário e itinerário de ônibus. Na tarde desta terça-feira (5), um fiscal da Artesp fez todo o trajeto, que tem levado, no mínimo, uma hora e meia num percurso de apenas 34 quilômetros.
O inquérito civil movido por um consumidor foi registrado com o número 376/2013. Inicialmente, a Ouvidoria do Ministério Público de São Paulo recebeu a denúncia e encaminhou para o MP em Piracicaba. De acordo com nota enviada à redação, o 1º Promotor de Justiça de Piracicaba, Fábio Salem Carvalho, o inquérito foi instaurado em 18 de janeiro deste ano. “Recebemos as respostas das duas solicitações. No momento, ele se encontra na Secretaria de Promotoria de Justiça para reunião de documentos da Artesp e depois será repassado para a Promotoria de Piracicaba”, diz a nota.
Em 2 de março, o diretor- executivo da empresa Cometa, Anuar Helayel, esteve em Piracicaba e informou que, possivelmente, as linhas da região de Piracicaba terão câmeras instaladas nos ônibus com o intuito de investigar todas as denúncias. Dentre elas, a inexistência de ônibus diretos entre as duas cidades, passageiros viajando em pé, venda ilegal de passagens, mau atendimento nos guichês da empresa nas duas rodoviárias e motoristas falando ao celular durante o percurso, entre outras reclamações.
Segundo a advogada e secretária Alessandra Barros Zen, o ônibus das 17h30 desta terça-feira da linha Piracicaba/Americana estava praticamente lotado antes mesmo de sair da rodoviária. “O fiscal da Artesp precisou intervir já na avenida Independência porque havia quatro pessoas em pé. Ele proibiu que o motorista parasse nos demais pontos até a saída da cidade. “Muita gente ficou sem entrar e foi prejudicada pela falta de respeito da Cometa com os passageiros”.
A viagem durou duas horas, num percurso que poderia ser feito em meia hora se a linha fosse direta. Alessandra ressaltou, inclusive, que isso tem sido uma rotina. “O motorista acaba sendo conivente com essa situação porque sabe que está errado e insiste no erro”. A principal luta de centenas de usuários dessa linha, formada em grande parte por piracicabanos e americanenses, é para que a empresa coloque ônibus direto entre as duas cidades nos horários de pico (manhã e final de tarde). O percurso passa pelos distritos de Tupi e Caiubi e também por Santa Bárbara d’Oeste mesmo havendo ônibus coletivos para esses destinos.
“O que acontece é que a passagem da Cometa é mais barata do que a do transporte coletivo em Piracicaba. Com isso, os moradores desses locais ocupam as vagas dos moradores de Americana e Piracicaba que pagam um valor muito mais caro e ficam muito mais tempo dentro do ônibus”, protestou o supervisor Gustavo Lemes, de 25 anos.
As assessorias de imprensa da Cometa e da Artesp foram procuradas para comentar o assunto, mas não retornaram as ligações.