IMPEACHMENT

Movimentos articulam a volta dos atos contra Dilma

Desta vez, o tema da marcha organizada pelos grupos será "Não vamos pagar a conta do PT", uma referência ao arrocho fiscal promovido pelo governo federal, que afeta diretamente a população

Cecília Polycarpo
28/06/2015 às 05:00.
Atualizado em 28/04/2022 às 15:52
Organizadores criticam problemas econômicos e apontam a saída de Dilma como a única solução (Camila Moreira/ AAN)

Organizadores criticam problemas econômicos e apontam a saída de Dilma como a única solução (Camila Moreira/ AAN)

O Vem Pra Rua Campinas, com o apoio do Movimento Brasil Livre e o Revoltados On Line, prepara mais uma manifestação na cidade para pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff e exigir o fim do governo do PT. Desta vez, o tema da marcha organizada pelos grupos será “Não vamos pagar a conta do PT”, uma referência ao arrocho fiscal promovido pelo governo federal, que afeta diretamente a população. Para os organizadores do evento, as medidas de economia servem apenas para estancar o suposto rombo no orçamento provocado pela corrupção.A articulação do protesto, que será nos mesmos moldes dos que ocorreram em março e em abril no Centro, ocorre novamente em um momento de vulnerabilidade do governo federal. Pesquisa do Datafolha divulgada semana passada mostrou forte queda de popularidade da mandatária: apenas 10% dos entrevistados consideram seu mandato satisfatório ou bom. Para agravar a situação, na última semana Lula fez duras críticas ao partido que ajudou a criar, e disse que muitos membros da legenda só pensam em “cargo, emprego e em serem eleitos”. Cientista política consultada pelo Correio afirmou que o protesto pode deixar o Brasil mais frágil aos olhos de investidores, o que contribuiria para aprofundar a crise econômica. Coordenador do Vem Pra Rua no município, o arquiteto Ronald Tanimoto, afirmou que o protesto também deve cobrar uma posição da Câmara dos Deputados em relação ao pedido de impeachment protocolado no dia 27 de maio por membros dos movimentos de todo o Brasil. Tanimoto afirmou que, para o movimento, a população não pode ser prejudicada pelo mau uso do dinheiro público. “Essa conta não é nossa. Essa reforma acentuada está afetando diretamente a vida das pessoas, o cidadão não pode ser onerado. Não é essa solução para a economia. A solução é a Dilma sair”.O arquiteto disse que a Câmara não deve ignorar o pedido da população deve tomar uma posição. Tanimoto disse esperar que o processo de impeachment já esteja em curso na dia do protesto. “Acho que tudo conspira para que isso ocorra. No nosso entendimento, o impeachment está dentro da legalidade. E as ruas darão o tom. Esse é o papel das ruas, têm que estar pelo menos um tom acima do Congresso”.A organização do evento será dividida com os outros movimentos anti-PT, que entraram em consenso sobre os detalhes da manifestação. Tanimoto afirmou que deve ser semelhante às anteriores. Foi confirmado que a marcha sairá do Largo do Rosário. Se comparecerem mais de 50 mil pessoas, a manifestação não deve percorrer as ruas de Campinas. Se o número for menor, eles saem em marcha, mas o percurso ainda não foi definido. Como nas outras edições, os organizadores prometem grande estrutura. Na última manifestação do dia 12 de abril foram alugados dois carros de som para o evento. Deficientes físicos e idosos tiveram espaço reservado. Ao final da passeata, alguns músicos da Orquestra Sinfônica de Campinas executaram o hino nacional no Teatro de Arena, no Cambuí. Os atos devem ocorrer simultaneamente em pelo menos 200 cidades brasileiras. Na página nacional do Vem Pra Rua, há mais de 26 mil pessoas confirmadas para os protestos que se espalharão pelo País.Socióloga diz que pode haver fuga de investidoresA socióloga e cientista política da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rosana Schwartz, acredita que o protesto pode não ter tantas pessoas como o que ocorreu no dia 15 de março, mas pode impactar de forma negativa a imagem do Brasil para investidores de fora. Rosana disse que manifestações de insatisfação contra o governo nas ruas causam sensação de insegurança no mercado — por isso bolsas de valores oscilam e despencam quando ocorrem marchas do tipo. Nesse cenário, empresários estrangeiros costumam segurar o aporte de recursos em obras, projetos e negócios brasileiros. Os protestos formariam então um círculo vicioso: quanto menos investimentos, menos empregos e maior a insatisfação.A socióloga disse, no entanto, que ainda não existem provas para o impeachment da presidente e que as manifestações ainda estão restritas a uma parcela específica da população, de classe média e de classe média alta. “Nas periferias, as pessoas não têm notícia dessas manifestações e só sabem que acontecem quando veem na televisão. É algo concentrado”. Ainda segundo Rosana, a marcha de agosto pode ser esvaziada pela proximidade com as férias de julho. “Muitos estão ainda voltando de viagem e organizando o início do semestre”.

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