SITUAÇÃO PRECÁRIA

Motoristas reclamam de assaltos na Rodovia Miguel Melhado

Insegurança aumentou após a inauguração de prolongamento do anel viário

Gilson Rei
28/04/2022 às 08:35.
Atualizado em 28/04/2022 às 08:35
Se antes já era perigosa e congestionada, a Rodovia Miguel Melhado ficou ainda pior após o aumento de veículos em circulação provenientes do anel viário Magalhães Teixeira (Ricardo Lima)

Se antes já era perigosa e congestionada, a Rodovia Miguel Melhado ficou ainda pior após o aumento de veículos em circulação provenientes do anel viário Magalhães Teixeira (Ricardo Lima)

A situação da Rodovia Miguel Melhado Campos (SP-324) em Campinas ficou ainda pior após a inauguração do novo trecho do anel viário Magalhães Teixeira. O movimento na Miguel Melhado aumentou em cerca de 4 mil veículos ao dia e, com isso, cresceram também a insegurança, os assaltos, sequestros e os congestionamentos no local. São muitas as reclamações de motoristas usuários do sistema viário, principalmente aqueles que vão ao Aeroporto de Viracopos para viagens ou para o trabalho, além de taxistas, motoristas de aplicativo e condutores de fretados. 

Com o novo trecho do anel viário Magalhães Teixeira, a Rodovia Miguel Melhado passou a interligar as principais rodovias paulistas ao Aeroporto Internacional de Viracopos, a partir de 28 de janeiro deste ano, tanto para quem utiliza as Rodovias José Roberto Magalhães Teixeira (SP-083), Dom Pedro I (SP-065), Anhanguera (SP-330) como Bandeirantes (SP-348).

Dados divulgados pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER) revelam que o volume diário médio era de 12 mil veículos por dia na Miguel Melhado (SP-324), antes da inauguração do anel viário. O órgão informou também que não existe um marcador permanente na rodovia e que as medições são feitas a cada três meses. Por isso, o DER informa não ter como confirmar o maior volume de veículos no local desde fevereiro.

Porém, a concessionária Rota das Bandeiras, responsável pelo anel viário Magalhães Teixeira, informou que o trecho de prolongamento, inaugurado em 28 de janeiro, tem registrado média de 4 mil veículos por dia, entre as Rodovias dos Bandeirantes e Miguel Melhado. Desse total, a média é de 15% de veículos pesados e o restante de carros de passeio. Essa média diária de 4 mil veículos pode ser considerada como um volume adicional na Miguel Melhado, por interligar o anel viário ao aeroporto.

Se a Rodovia Miguel Melhado já estivesse modernizada, esse percurso seria feito de forma bem mais rápida e confortável do que a outra alternativa existente — a Rodovia Santos Dumont (SP-075) — cuja quilometragem é maior.

Riscos e medidas

Diante do potencial de se tornar uma opção mais econômica e rápida, os usuários da Rodovia Miguel Melhado reivindicam a adoção de medidas de segurança viária e também maior atuação da Polícia Rodoviária e da Polícia Militar no trecho que apresenta maior risco de acidentes, assaltos e sequestros, principalmente na região do Campo Belo, onde há uma população de aproximadamente 60 mil habitantes, que vive em 19 bairros no entorno da rodovia.

O taxista Rodrigo Antonio Fiorin, que atua no Aeroporto de Viracopos há 13 anos, destacou que percebeu um aumento no fluxo de veículos na Rodovia Melhado desde fevereiro, quando o prolongamento do anel foi inaugurado. "O trajeto é definido pelo passageiro do táxi e, antes de sair, mostro as opções. Porém, mesmo com o maior risco de acidentes e de assaltos, a maioria prefere a opção mais curta. Transporto passageiros que estão em Viracopos e vão para diversos bairros de Campinas, outros de cidades da região e até de São Paulo. Infelizmente, pela Rodovia Melhado, o risco que a gente corre é grande. Por isso, defendo o início das obras o mais rápido possível", comentou.

Outro taxista que atua no aeroporto, Luciano Badler, disse que a Rodovia Melhado está mais movimentada e que o risco de acidentes e de assaltos é constante. "Nos períodos da noite e da madrugada, eu não trafego por lá. Explico a situação para o passageiro e, se for o caso, até deixo de transportar. É a minha vida e a do passageiro que estão em jogo. Para solucionar isso, é preciso duplicar logo a rodovia", comentou.

Fábio de Oliveira, motorista de aplicativo, disse que as pessoas que contratam o serviço de transporte pedem para fazer o percurso mais rápido e econômico e, por isso, tem que utilizar a Rodovia Melhado. "Com o anel viário Magalhães Teixeira, é muito mais rápido e mais curto o caminho. Não tem problema algum no novo trecho do anel viário. O problema é na região do Campo Belo. Precisa ter mais policiamento", comentou. "Tem muito assalto quando a gente passa pelas lombadas. Além disso, o risco de atropelamento e de acidentes é grande, afinal a pista é péssima e cheia de buracos", comentou.

Oswaldo Mendes, motorista de fretado, disse que a Rodovia Melhado precisa ser modernizada o mais rápido possível e, enquanto não realizam a obra, deve haver mais policiamento. "É uma vergonha. Já anunciaram até o investimento, concluíram o projeto de engenharia e nada é feito. O Aeroporto de Viracopos é importante e tem um movimento enorme. As pessoas não podem ficar se arriscando tanto assim, tanto na segurança viária como na segurança contra assaltos. Tem que iniciar as obras e ter mais policiamento", reclamou. 

Atrasos

Com a licença ambiental emperrada na Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) há cinco meses, não há ainda previsão de quando vão ocorrer as obras de modernização da Rodovia Miguel Melhado Campos. A espera da população já ultrapassa 20 anos. 

Os órgãos estaduais não deram ainda uma previsão de início dos trabalhos, mesmo com a liberação de verbas de R$ 135 milhões e com a licitação já encerrada. 

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