Grupo de condutores denuncia que adesivo de identificação nos carros facilita ação de criminosos
De acordo com os entrevistados pela reportagem, diariamente há relatos de assaltos ou tentativas de roubos (Cedoc/RAC)
Motoristas de transporte por aplicativos da Uber denunciaram esta semana ao Correio Popular a grave situação que a imposição do uso de placas identificatórias nos carros causam à categoria. Os profissionais se sentem inseguros em trabalhar, principalmente depois da morte do colega de profissão Amarildo Suffi, baleado na cabeça no começo do mês. Alguns motoristas da cidade preferem, inclusive, serem multados pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) por circular sem a placa, do que correr o risco de serem assaltados ou mortos, segundo as denúncias. Ao todo, o Correio ouviu o relato de nove motoristas da Uber que circulam todos os dias no município. Eles concordaram em conversar com a reportagem, sob sigilo na identificação, por uma questão de segurança. Todos eles afirmam circular com medo pelas ruas de Campinas. “A aprovação dessa lei aumentou demais a chance da gente ser roubado ou morto. Quando uma pessoa má intencionada vê o carro com uma placa, ela sabe que se trata de um motorista que tem um carro com documento em dia, um celular bom e uns R$ 50,00, no mínimo. Essas placas facilitam que um bandido venha a nos atacar”, comentou o condutor L.Z, de 31 anos. Já segundo C.G, de 35 anos, lidar com o medo da morte virou uma realidade para a categoria. “Nos Ubers nos comunicamos o tempo inteiro por grupos de WhatsApp e muitos dos crimes que acontecem com colegas nossos não chega aos ouvidos da mídia. Mas, posso assegurar tranquilamente que todo dia tem gente se pronunciando nos nossos grupos para contar que foram assaltados por bandidos que reconheceram as placas de identificação”, afirma. Para o vereador Nelson Hossri (Podemos), a obrigatoriedade do adesivo está sendo utilizada pela Emdec como uma desculpa para agradar taxistas e facilitar a arrecadação de multas no município. “Eu acredito que a Emdec tem um objetivo muito claro em mente. Primeiro ela quer deixar uma imagem mais tranquila para os taxistas e, em segundo, facilitar a fiscalização para aplicação de multas a motoristas da categoria”, disse. A afirmação do vereador vai ao encontro do depoimento de F.R. de 29 anos. O motorista comentou que já foi multado pela Emdec porque estava circulando sem o adesivo quando terminava uma viagem no Terminal Rodoviário Ramos de Azevedo. “Eu acabei sendo multado, sob acusação de que não estava cumprido a lei. É complicado isso, porque não temos alternativa: ou eu uso a placa e corro risco de alguém entrar na frente do meu carro e me assaltar, ou então, corro o risco de ser multado. Entre ser morto e ter pagar uma multa, prefiro a vida”, comentou. Já A.S, de 45 anos, afirma que a Emdec quer lucrar com as placas. Segundo ele, muitos motoristas estão evitando realizar viagens com destino à Rodoviária e ao Aeroporto de Viracopos para não serem multados. “Os amarelinhos estão sempre por ali e não tem nenhuma dó da gente, Multam mesmo”, comentou. O motorista frisou ainda que no aplicativo “o usuário tem todas as nossas informações, como o nosso nome e a placa e o modelo do nosso carro. Além disso, a Uber não contrata nenhum motorista com antecedentes criminais. Ou seja, essa porcaria dessa placa só existe para multar e arrecadar dinheiro. É um absurdo criar uma regulamentação para algo que não precisa de regulamentação.”