A ideia é que, no sinal, os carros parem cerca de três metros atrás do atual espaço e, nesta área entre os veículos e a faixa de pedestre, se posicionem as motos
A ideia é que, no sinal, os carros parem cerca de três metros atrás do atual espaço e, nesta área entre os veículos e a faixa de pedestre, se posicionem as motos (Leandro Torres/AAN)
A Câmara Municipal de Campinas está analisando um projeto de lei, apresentado pelo vereador Carmo Luiz (PSC), que prevê a construção de faixas exclusivas nos semáforos para motociclistas nas principais vias da cidade. A ideia é que, no sinal, os carros parem cerca de três metros atrás do atual espaço e, nesta área entre os veículos e a faixa de pedestre, se posicionem as motos. O projeto surgiu após o vereador constatar o funcionamento do sistema na cidade de Indaiatuba. No Estado, a Capital também utiliza o modelo. De acordo com o vereador, a medida é necessária em função do aumento da quantidade de motociclistas e também para garantir a segurança destes e dos motoristas de carros. “Vamos pedir o apoio dos vereadores para que a gente implante essa faixa de retenção e recuo para melhorar o trânsito em geral. O grande problema é que, no semáforo, com o motociclista do lado, ele corre risco porque pode se desequilibrar. Os carros também podem ter um retrovisor quebrado", explicou o vereador. Segundo Carmo Luiz, a lei também inibiria a ação de bandidos que aproveitam a parada no semáforo para realizar roubos. "Se existir a faixa e o motoqueiro parar do seu lado é porque tem alguma coisa errada. Então, todos ali naquele momento perceberiam algo fora do normal", disse. Com as diretrizes já definidas, o projeto, caso aprovado, ainda precisará de estudo técnico para que sejam realizadas as adaptações nas principais vias da cidade. Contudo, a expectativa do vereador é de que a votação ocorra até o fim deste ano. "Eu assinei o projeto junto com o nosso líder de governo, Marcos Bernardelli. Acreditamos que ele possa tramitar de maneira rápida na Câmara. Se não formos reprovados em nenhuma comissão, acredito que até o fim de 2017 seja votado e aprovado", concluiu.Ideia foi bem recebida Na Avenida Francisco Glicério a ideia foi bem recebida por motociclistas e motoristas de carro. "Eu acho bom, porque tem muito carro que não respeita os motociclistas, não quer nem saber. Então, ter uma faixa para as motos seria bom. É perigoso, para nós motociclistas, nos enfiarmos no meio dos carros. Mas, se ficar um atrás do outro, não chega em lugar nenhum. Por isso seria bom ter esse espaço, sim", analisou o motoboy Igor Eduardo. A sua opinião foi compartilhada pelo taxista Gentil Donato. "É uma ideia muito útil. Para os carros também é perigoso, porque tem moto que passa muito rapidamente e fica o risco de acabar acertando o carro, causando algum dano. Vamos ver se assim resolve esses problemas", disse. Especialista em trânsito, o professor da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp, Creso de Franco Peixoto, acredita que o projeto não é o ideal para diminuir os riscos de acidente e garantir mais segurança aos motociclistas. "Toda vez que se cria uma segregação do espaço há de ter uma justificativa muito forte, porque de um lado ocorre o favorecimento e do outro um prejuízo. Existem divergências entre motociclistas e motoristas, e essas divergências não deveriam ser resolvidas segregando espaço, mas sim com uma campanha educacional. Entendo que essa solução que estão tentando buscar não é a ideal", explicou. Ainda de acordo com Creso, para diminuir o risco de acidentes o certo seria haver uma maior fiscalização. "Eu costumo usar a expressão 'amizade viária'. Assim, toda vez que vejo uma segregação de espaço entendo como uma redução do respeito coletivo dessa amizade. Ao invés de se preocupar com esse espaço de segregação, deveria se fazer aquilo que poderia realmente salvar as vidas dos motociclistas, que é fiscalizar mais. O que adianta reservar um espaço quando o trânsito está parado? O que precisa é fiscalizar a vida deles em movimento", concluiu. Para a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), não há ainda como se colocar em relação ao projeto porque ela não tem pleno conhecimento do mesmo. Mas, a diretoria lembra de que legislar sobre o trânsito e transporte compete, privativamente, à União. Já no âmbito municipal, os regramentos na área são estabelecidos pelo Executivo, ou seja, não cabe ao Legislativo fazer quaisquer alterações.