Sócios do clube Círculo Militar apreciam as capas históricas de edições antigas do Correio Popular, em exposição itinerante até o dia 2 de agosto (Gustavo Tilio)
O Círculo Militar de Campinas, localizado no Jardim Chapadão, é a nova morada temporária da exposição itinerante "Correio Popular 95 anos". A mostra, que reúne 26 capas históricas, 40 troféus e outras premiações recebidas pelo jornal ao longo dos anos, foi inaugurada na noite de sexta-feira (15) em evento que contou com a participação de associados da agremiação, que destacaram a valorização do jornalismo do interior. Publicações como a Revista Metrópole e o Correio Popular Mulher também compõem o acervo.
De acordo com a diretora de Marketing do Grupo RAC e curadora da mostra, Aline de Oliveira Rodrigues, o rico acervo disponibilizado na exposição conta a história de como o jornal Correio Popular acompanhou as mudanças tecnológicas e os avanços gráficos que hoje se renovam também no meio digital, pois todo o arquivo histórico do jornal está em processo de digitalização.
A mostra permanecerá na sede do clube, localizado no Jardim Chapadão, e poderá ser vista pelos sócios da agremiação até o dia 2 de agosto, sempre às terças, quintas e sextas-feiras, das 11h às 16h50, no Departamento Cultural do clube, que foi fundado em 1960 e tem atualmente 14 mil sócios, sendo 95% civis.
Para o presidente do Círculo Militar, o coronel Carlos Henrique Teixeira Costa, receber a exposição é oferecer mais uma atração cultural aos associados e público geral do clube e contribuir para a valorização do bom jornalismo. "Ficamos muito lisonjeados de poder abrigar essa exposição de 95 anos de história do Correio Popular. Para nós é muito bacana. Nós temos um número de associados bastante significativo. Podemos rememorar fatos que marcaram a nossa história como o tricampeonato de 70, a queda das torres gêmeas. Acompanhar os principais fatos da cidade, do país e do mundo. Então é muito bacana", disse.
Para o tenente-coronel Márcio Hecksher, diretor de Comunicação Social do Circulo Militar de Campinas, a exposição aguça a curiosidade das pessoas e eleva o conhecimento sobre os fatos que marcaram a história mundial. "É muito interessante aqueles jornais mais antigos, da guerra, com uma grafia que já nem existe mais, bem diferente. Ela valoriza o jornalismo sério", disse.
O presidente-executivo do Correio Popular, Ítalo Hamilton Barioni, ressaltou a transformação do jornal e o foco dado à cobertura local ao longo de décadas. Barioni também destacou a importância da exposição estar no Círculo Militar de Campinas. "O jornal não poderia estar ausente de um lugar tão maravilhoso como o Círculo Militar. E eu não poderia estar mais feliz pela recepção. Estar nessa casa é estarmos inseridos em uma retaguarda cívica, moral e social", disse.
O conselheiro do clube, José Augusto Los Reis, acompanhado da esposa Sueli, destacou os diversos fatos históricos que podem ser acompanhados. "São vários fatos históricos. A gente começa a lembrar de todos eles. Cada um tem uma particularidade. A gente fica lembrando do que presenciamos e dos que vimos nos livros. Mas eu gosto de ver o desenvolvimento de Campinas. Tem uma foto da construção da avenida Aquidabã em que é possível ver o fim da cidade, coisa que hoje não é possível. Acho muito interessante", disse.
Outra capa que chama a atenção na exposição é a do dia 15 de junho de 1940, que exibe a manchete: "Paris cahiu (na ortografia da época, havia h no verbo cair)", informando a ocupação da capital francesa pelos nazistas.
Inaugurada no início de março, a exposição faz parte das comemorações dos 95 anos do jornal, fundado em 4 de setembro de 1927. A mostra já passou pela Academia Campinense de Letras (ACL), pela sede do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo em Campinas (Ciesp-Campinas) e pelo Centro de Memória da Universidade de Campinas (Unicamp).
A exposição, além de destacar fatos importantes e impactantes, também traz as mudanças na língua portuguesa e os avanços tecnológicos ocorridos durante a história do Correio. Dentre as dezenas de capas expostas, uma de 1939 chama a atenção sob o título "Alemanha deflagrou a guerra na Europa".
Para o reitor da Unicamp, último local que sediou a mostra, Antônio José de Almeida Meirelles, a exposição resgata a memória e a história dos principais acontecimentos da cidade, da região, do País e até mesmo do mundo. "Foi uma honra ter tido essa exposição aqui e lembrar que ela está associada a uma história muito longa. Temos uma história mais curta, mas muito significativa. Mas as duas histórias, tanto da Unicamp quanto a do Correio Popular, estão conectadas à história de Campinas", enfatizou o reitor, conhecido por Tom Zé.
Entre os locais que a exposição passou, os visitantes destacaram algumas capas que chamaram atenção por conta da importância histórica que elas representam tanto no cenário local quanto internacional. Entre os destaques no cenário local estão as capas que estamparam as notícias das mortes de prefeitos de Campinas. Em 1996, o jornal noticiou a morte do prefeito José Roberto Magalhães Teixeira, conhecido como Grama, e a de 2001 reporta o assassinato do então prefeito Antônio da Costa Santos, o Toninho, até hoje sem solução e que repercutiu nacionalmente.
Outras capas que compõem a exposição trazem a primeira manchete do jornal, na edição de 4 de setembro de 1927: 'Os precursores da imprensa em Campinas'. Parte das capas expostas está no livro que conta uma passagem dos 90 anos do jornal 'O Sonho do Exílio de Álvaro Ribeiro', que foi para Portugal após comandar a oposição ao governo do presidente Arthur Bernardes durante a revolta de 1924.
