Cidade com jeito rural quer integrar o bloco da Região Metropolitana para se desenvolver
Morador passeia a cavalo em rua da cidade, reforçando clima rural (Elcio Alves/AAN)
Embora com perfil industrial, a pacata Morungaba preserva ainda seu jeito rural. A vida corre calma nas ruas e a pressa só está na SP-360, que passa dentro da cidade, ligando Itatiba aAmparo. Não tem sido fácil, nos últimos anos, atrair investimentos.Também não tendo sido fácil, para uma cidade de 12,2 mil habitantes, disputar recursos federais e estaduais para aplicar nasnecessidades de saúde, educação, saneamento. Por isso Morungaba está em campanha para integrar a Região Metropolitana de Campinas (RMC) para poder se beneficiar dos projetos regionais de desenvolvimento e participar do peso que o bloco metropolitano possui no País. Instalada nas colinas suaves de um vale ao pé da Serra das Cabras, a mesma serra onde está o Observatório Municipal de Campinas, a cidade é um convite à tranquilidade. As estradas que levam a Morungaba, SP-360 e a vicinal de Cabras, são um atrativo por si só. As fazendas abertas para o turismo rural, o clima ameno entre a serra, muito verde e as belezas naturais são o foco de atração turístico da estância climática. Foram essas condições, aliadas ao fato de operacionalmente ser mais barato, que levaram a família Cury a transferir para Morungaba a Companhia das Ervas, antes instalada em Campinas. “Estamos perto de estradas como D. Pedro, Anhanguera e Bandeirantes, em uma cidade tranquila, segura e agradável, a 120 quilômetros de São Paulo e, num raio de 40 quilômetros temos váriospequenos produtos”, disse o gestor de produtos da empresa, Cláudio Cury. Desde 2006, Morungaba faz articulações políticas para ser a 20ª cidade da RMC, mas tanto oentão governador José Serra (PSDB) quanto Geraldo Alckmin (PSDB) não atenderam o desejodo município. “Somos uma cidade pobre com poucas indústrias e um setor rural que passa muitas dificuldades. Precisamos de investimentos e vamos poder ter mais recursos para melhorar o município”, disse o tabelião substituto do Cartório de Registro Civil, Alfredo Frare, que vem de uma família produtora de frango de corte, uma das atividades econômicas da cidade.“São mais de 2 milhões de aves por ciclo (cada ciclo é de 45 dias) e o setor, que trabalha emsistema integrado, vive uma crise profunda. Das cinco empresas que tínhamos, três quebraram e as duas que restaram pagam com atraso, quando pagam”, afirmou Frare.No sistema integrado, o produtor rural cria o frango, com subsídio das indústrias avícolas, e tem o compromisso de vender a sua produção à empresa, para o processo de industrialização do frango. Segundo ele, a maior parte da economia da cidade é rural, com produtores em dificuldade. “Se tivéssemos incentivos, e investimentos no turismo rural, seria uma boa saída”, afirmou.Circuito das FrutasMorungaba faz parte do Circuito das Frutas, onde estão outras cidades da RMC (Indaiatuba,Itatiba, Valinhos e Vinhedo), e se destaca pela produção de uvas, figo, laranja e pêssego, além das tradicionais compotas, doces e temperos conhecidos em todo o País. Mas também é atividade que está se esvaindo, segundo o comerciante Luciano Garcia Megda. “Onde tem fruta aqui?”, disse. “Precisamos de incentivo ao turismo rural. Temos turistas, mas poderíamos receber muito mais gente se a cidade fosse mais divulgada”, afirmou.O coordenador e sócio do Centro Esportivo JBM, Júlio César Moraes, que também é vereador da cidade, defende o ingresso de Morungaba na RMC. “Somos uma cidade carente de recursos e acho que se pudermos fazer parte da força política regional seremos beneficiados. Morungaba terá mais visibilidade e será olhada com mais carinho pelos governos”, disse