Saúde estadual credita crescimento de casos ao tempo frio e à baixa procura pela imunização
Representante comercial Alexandre Boell, sua mulher Carolina e suas filhas Izabela e Rafaela aproveitam o dia para tomar a vaciana na Unidade de Saúde do Jardim dos Oliveiras (Leandro Torres/AAN)
O número de mortes decorrentes do vírus da gripe subiu 180% em menos de um mês no Estado de São Paulo, segundo dados divulgados pelo boletim da Centro de Vigilância Epidemiológica (CEV) da Secretaria da Saúde. De acordo com o levantamento, o número de mortes pelos vários tipos do vírus influenza em 2018 saltaram de 25 para 71 entre os dias 2 e 28 de maio – os casos confirmados também registraram alta: 146 para 458 em igual período. Por enquanto, a cidade de Campinas é responsável por computar um óbito. A vítima é uma mulher, de 45 anos, que morreu do vírus H3N2 em março. A causa da morte foi constatada após exames analisados pelo Instituto Adolfo Lutz. Até o momento, quatro casos de gripe já foram confirmados pelo instituto este ano em Campinas. Sendo um por H1N1, dois por H3N2 e um pelo tipo B. No ano passado, Campinas teve 62 casos de gripe e cinco óbitos, sendo 4 por H3N2 e 1 por influenza B. Somente nesta semana, outras três mortes foram computadas no Estado de São Paulo. Na quarta-feira, dia 6 de julho, a Vigilância Epidemiológica de Limeira confirmou a primeiro óbito pelo H1N1 na cidade. A vítima é uma idosa de 79 anos, que morreu no dia 29 de maio e, até então aguardava o resultado dos exames. Além dela, as outras duas vítimas são de Catanduva. A morte de ambas foi confirmada na última terça-feira. De acordo com o CEV, o aumento no número de casos coincide com a queda nas temperaturas, já que com o frio, a transmissão do vírus se torna maior. Outra justificativa para a alta proliferação da doença é o baixo número de pessoas vacinadas, que segundo a secretaria estadual, está em torno de 60% - um índice muito abaixo da meta dos 90% do público-alvo. A baixa vacinação preocupa o governo. Em Campinas, os números da vacinação são um pouco melhores que a média estadual. Ao todo, foram 177.714 doses aplicadas, o que significa uma cobertura de 68,89% da público-alvo. Vale lembrar, que a campanha nacional contra a gripe começou no dia 23 de abril ainda está sendo realizada. Por causa dos protestos dos caminhoneiros, o encerramento da campanha, marcado para 31 de maio, foi prorrogado para 15 de junho. De acordo com a CEV, não há anormalidade epidemiológica em relação à gripe no Estado de São Paulo. No ano passado, foram 1.021 casos confirmados e 200 óbitos. Este ano, o H1N1 tem se mostrado o vírus mais letal em todo o Estado, com 41 óbitos causados em 222 casos registrados – o H2N3 infectou 89 pessoas, das quais 13 morreram. Outras 11 mortes foram causadas pelo tipo A, em 98 casos, e seis pelo B, que infectou 49. Desde 2011, a secretária a monitora a circulação do vírus em São Paulo. Em Campinas, a expectativa é vacinar 90% das 259.560 pessoas consideradas público-alvo até o final da campanha. Segundo a Prefeitura, mesmo quem se vacinou no ano passado, deve ser imunizado novamente, por causa da mudança anual na composição da vacina, que muda de acordo com as cepas do vírus da gripe em circulação. Vacinação Nem o tempo frio e o clima com cara de chuva impediram o representante comercial, Alexandre Boell, de 43 anos, de procurar o Centro de Saúde da Vila Ipê para se vacinar no início da tarde de ontem. Ele comentou que todos os anos o ritual se repete sempre ao lado das pessoas mais importantes da sua vida: sua mulher Carolina, de 40 anos; e suas duas filhas – Isabela, de 14 anos; e Rafaela, de 7 anos. Mais uma vez bem acompanhando, ele e sua família fizeram questão de se imunizar. “A gente aproveitou o dia de hoje para se vacinar, porque sabemos que é necessária a prevenção, ainda mais para nós que temos em casa uma filha pequena que é transplantada de medula. Então, até por isso, o cuidado tem que ser sempre redobrado”, comentou o representante comercial. Já a aposentada Júlia de Almeida, de 82 anos, foi sozinha até o mesmo posto de saúde. Ela contou que não perde uma só campanha de vacinação contra a gripe. Para ela, o importante é sempre estar prevenida das doenças. “Muita gente tem medo ou preguiça de vir tomar a vacina. Aí depois fica doente e não sabe o porquê? Eu acho uma ignorância muito grande. Prefiro a vida do ficar com medo de tomar uma picadinha que dói só dois segundinhos”, afirmou. (Com Estadão Conteúdo)