Óbitos entre motociclistas também caíram, mas a situação ainda é preocupante
Pedestres atravessam avenida no Centro de Campinas: segundo o Infosiga, os meses com maior número de mortes no trânsito em 2022 foram janeiro, março, junho e setembro (Rodrigo Zanotto)
Dados do sistema de monitoramento de trânsito do governo paulista, o Infosiga, aponta uma redução de 24% no total de óbitos ocasionados por acidentes nas vias públicas da Região Metropolitana de Campinas (RMC), no comparativo entre os meses de novembro de 2021 e 2022. O número de mortes de motociclistas também caiu, mas ainda é um dado preocupante. De acordo com o sistema, gerenciado pelo programa Respeito à Vida e Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP), novembro registrou 71 ocorrências com mortes envolvendo carros, motocicletas ou pedestres, contra os 93 acidentes no mesmo período do ano passado.
O número de acidentes sem mortes, porém com vítimas feridas, também sofreu uma redução no mesmo período levantado pelo Infosiga. A queda foi de 11%, sendo que foram apontadas 2.815 ocorrências em 2021 contra 2.506 no mês de novembro de 2022, na RMC.
As mortes, provenientes de acidentes envolvendo automóveis, também teve queda. Segundo o Infosiga, a redução foi de 19% - 16 fatalidades em novembro de 2021 contra 13 óbitos no mesmo mês de 2022. No caso dos motociclistas, o número de óbitos também caiu. Na região de Campinas, a redução foi de 14% no período apontado pelo sistema do Estado. No ano passado, foram registradas 37 mortes de motociclistas. Já em novembro deste ano, foram registrados 32 mortes de motociclistas nas cidades da região.
Adriano Pessutti é motoboy e trabalha pelas ruas de Campinas. Indagado sobre a diminuição do número de mortes de motociclistas, o motoboy acredita que a sinalização e a consciência dos motociclistas pode ter contribuído para estes números serem favoráveis.
"Acredito que a sinalização está melhorando, além da consciência do motociclista. Em São Paulo, por exemplo, há faixas exclusivas para motos; o que poderia ser feito em Campinas e assim ajudaria a poupar mais vidas. Evita muito mais acidentes", opina Pessutti.
O motoboy, que era morador de São Paulo, diz que já foi vítima de vários acidentes, inclusive um, o mais grave, que o lesionou com um corte profundo na cabeça.
Carlos Márcio é técnico de gás mas utiliza sua motocicleta 250 cilindradas para trabalhar por questão de economia em combustível. Em sua opinião, as formas de punição - como radares e multas feitas por agentes de trânsito - ajuda a inibir possíveis infrações de trânsito, e consequentemente, mortes por decorrência de acidentes.
"Acho que as multas, que o motorista e o motociclista vai recebendo, ajuda a diminuir estes números. Acredito também que o exemplo de pessoas que são mutiladas, ficam paraplégicos ou morrem no trânsito, infelizmente, ajuda na conscientização do motociclista", argumenta Carlos que para o lazer utiliza seu carro.
O motoboy, morador de Campinas, diz que sua forma de pilotar, hoje, é com mais prudência. Para ele, a entrega do documento ou mercadoria é importante. Porém, a vida, vem a frente do trabalho em suas prioridades. "O negócio é respeitar o trânsito, é respeitar o próximo e a si mesmo. Nenhuma entrega é mais importante. E quando se acidentar? A entrega vai ser feita? Não! Então é preciso ter consciência e prezar sempre pela vida", finaliza o motoboy.
Mortes por mês
Ainda com base nos dados do Infosiga, os meses com maior número de óbitos no trânsito em 2022 foram janeiro, março, junho e setembro; sendo junho o mês com maior número de mortes, com 18 ocorrências. Todos esses meses tiveram número superior a 2021.
Sobre o número de óbitos ocorridos somente na cidade de Campinas, o Correio Popular questionou a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) sobre os dados campineiros no mesmo período do Infosiga, mas não obtivemos resposta.