SEGURANÇA

Mortes de ciclistas crescem 200% em Campinas

Seis pessoas perderam a vida pedalando na cidade em 2020 contra dois casos fatais em 2019

Edson Silva/Correio Popular
10/05/2021 às 15:18.
Atualizado em 15/03/2022 às 20:19
Grupo de ciclistas em ciclofaixa: pedalar em área urbana exige consciência e respeito às regras de trânsito (Divulgação/Irineu Ramos )

Grupo de ciclistas em ciclofaixa: pedalar em área urbana exige consciência e respeito às regras de trânsito (Divulgação/Irineu Ramos )

O número de mortes de ciclistas em Campinas aumentou em 200% de 2019 para o ano passado (2020). Segundo Irineu Ramos, um dos coordenadores do Grupo Pé na Estrada Bike Clube, com base nos números do Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo (Infosiga), seis ciclistas morreram na cidade no ano passado, contra dois casos fatais em 2019.

Segundo o coordenador do grupo, a cidade tem cerca de 60 quilômetros de ciclovias e nenhum dos acidentes fatais ocorreu nos espaços que são reservados aos ciclistas. Pouco mais de dois quilômetros dessas ciclovias da cidade estão na região do Campo Grande, na área do corredor da John Boyd Dunlop.

Ramos acrescenta que houve alta também nos acidentes não fatais envolvendo ciclistas, com 38 casos em 2019 e 53 em 2020. Ele destaca ainda que o fato de os números não apontarem mortes em ciclovias reforça a importância de se investir nesse tipo de espaço para garantir maior segurança no trânsito.

Números da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) apontam que cidade tem atualmente 71,3 quilômetros dos chamados trechos cicloviários (ciclovias, ciclorrotas e ciclofaixas), uma ampliação de 7,3% em extensão em relação a 2020, quando a cidade tinha 66,4 quilômetros. Segundo a Prefeitura, neste mês de abril foram entregues dois novos trechos cicloviários.

No curto prazo, de acordo com a Prefeitura, está prevista a entrega da nova ciclovia do bairro Amarais (6,7 quilômetros) e outros trechos já estão contratados, como a Ciclovia Paineiras (6,9km) e a Ciclovia Vila União (3,4km), que, somando-se a outras três novas ciclovias prontas (Campos Elíseos, Pirelli Sírius e Amarais), mais as duas contratadas, a cidade passará a contar com 88,3 quilômetros de trechos cicloviários, representando uma ampliação de 32,9% na atual Administração.

Na última quinta-feira, 6, integrantes do Pé na Estrada Bike Grupo atualizaram a contagem de ciclistas na Avenida John Boyd Dunlop, no ponto de controle Pirelli. O local é analisado desde 2015, quando foi feita a primeira contagem. Essa foi a primeira realizada após a conclusão da obra do BRT, no trecho. “Em 2015, a média era de 1 ciclista a cada 2 minutos e 50 segundos, ou 35 ciclistas em 100 minutos. Em 2019, chegamos a 1 ciclista a cada 1 minuto e 50 segundos ou 54 ciclistas em 100 minutos. Na contagem atual, tivemos a média de 1 ciclista a cada 1min.20seg. ou 77 ciclistas em 100 minutos”, disse Ramos.

Ele acrescentou que o aumento de fluxo de ciclista na Dunlop foi de 120% quando comparado a 2015 e de 43% em comparação com 2019, o que faz a avenida, que já era a via com a maior concentração de ciclistas, tornar-se ainda mais utilizada por eles em Campinas.

“Nos últimos anos, o número disparou como consequência lógica do aumento do uso da bicicleta após a pandemia. Por isso, não dá mais para aceitar que a avenida, com a maior concentração de ciclistas na cidade, permaneça sem o “cicloviário BRT”, salientou o coordanador do grupo.

Ramos observa que há muitos ciclistas pedalando na calçada, na contramão e até na própria faixa do BRT, o que reforça a importância de se criar uma via exclusiva para bicicletas no trecho. “O espaço está reservado no canteiro lateral, mas estão plantando árvores e colocando postes sem o planejamento adequado para a futura implantação da ciclovia”, observa.

Bombeiros

Dados do Setor de Comunicações do Corpo de Bombeiros Paulista indicam que o uso da bicicleta é cada vez mais intenso no mundo. Somente na cidade de São Paulo, há, atualmente, uma rede viária de 20 mil quilômetros e cicloviária de 503,6 quilômetros - sendo 473,3 quilômetro de ciclovias e ciclofaixas e 30,3 quilômetro de ciclorrotas, que são utilizadas como via de acesso à escola, ao trabalho, para se exercitar ou por lazer, trazendo muitos benefícios para a saúde e contribuindo para a redução da poluição da cidade. Entretanto, o Corpo de Bombeiros alerta que pedalar requer muita consciência e respeito às regras de trânsito.

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